Arte de rua: conheça o Poesia de Post

Artista usa o lambe-lambe para falar de amor, desamor, homofobia, racismo, machismo e temas cotidianos.

Publicado em 30 de dezembro de 2017 às 08:49

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

Estudante universitário e redator publicitário, o soteropolitano Felipe Queiroz, 27, tem espalhado pelas ruas que “O que tem que ser... Sei lá!”. Artista urbano apaixonado pelas letras, Felipe é criador do Poesia de Post – projeto de lambe-lambe autoral, que tem colado arte e reflexões nos muros de Salvador.

Fruto de uma desilusão amorosa, Fafeth – como é conhecido na web, garante que as palavras o encontraram. “O Poesia de Post vem do sonho de escrever um livro, mas que, pela dificuldade financeira e da correria do dia a dia, sempre ficou engavetado. Só que para dar um presente criativo de aniversário de namoro, numa estratégia de fugir dos empecilhos que as editoras colocavam, minha noiva e diretora de arte, Bruna Leite, resolve tirá-lo da gaveta e espalhar na rua. Então, assim, nasceram os lambes, o Poesia de Post, o livro e a pessoa a quem eu devo a beleza da identidade visual do projeto”, afirma Felipe, que tem seus painéis de lambe espalhados pela cidade.

Descoberto pela arte, o Sou Verão foi às ruas e convidou Fafeth para um papo rápido sobre inspirações, expectativas e novos planos.

Qual a importância de intervenções urbanas como a sua? Felipe - As importâncias são infinitas, desde um sorriso que a pessoa dá ao se deparar com uma poesia em um poste, até o queixo caído com um grafite gigantesco no meio da cidade. Temos que entender a cidade também como meio de comunicação, não só de propaganda com outdoor, por exemplo. As ruas são muito mais, são espelhos e, consequentemente, reflexo da sociedade em que vivemos. Por isso, nem toda parede precisa ser muro, podem ser janelas para a arte também. "Fé é uma vontade tão grande que toca o céu" (Foto: Reprodução) De onde surgem as inspirações? São todas frases autorais? Felipe - Sim, todas sou eu quem escrevo, mas elas são da rua, não são mais minhas (risos). E a inspiração das frases vem do cotidiano. Sou muito observador e reparo muito as pessoas, suas atitudes, ouço muito as conversas dos outros também (risos). Então, as frases eram só pra falar de amor, mas, no mundo atual, pra falar de amor precisamos falar de desamor, de homofobia, racismo, machismo e elas não só falam como também, algumas, gritam. 

Como você escolhe os locais de colagem dos lambes? Felipe - A escolha é por uma identificação com o local. Morro de amores pelo Santo Antônio Além do Carmo, adoro o Rio Vermelho e sou apaixonado pela Barra. São lugares que frequento muito e que consigo olhar também, mesmo que de longe, o pessoal lendo e tirando fotos. Agora, estamos procurando uma parede na Ribeira, aquele lugar me trás uma energia e recordação muito boa.

E quem desejar ter uma arte sua em casa, faz como? Felipe - Temos quadro, pôster e lambes. Vendemos ainda só pelas redes sociais. Lá, no instagram @fafeth, você manda um direct e pronto. Em poucos dias sua poesia estará com você. Em 2018, teremos mais produtos por aí... canecas, camisas, imãs... Aguardem! 

Qual lambe você diria que é a cara do nosso verão? Felipe - Ah, este ano foi das mulheres. Elas são o novo comando, e esse verão não será diferente. Então, o lambe que é a cara do verão é: "menos mina temaki, mais nega acarajé com pimenta.", página 30 do livro. Nada contra as mina temaki, mas, na moral, as outras botam pra lá. 

Sobre o Sou Verão

Música e diversão são oferecidos pelo Sou Verão - projeto do Correio realizado com apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador e apoio do Sabin, Vitalmed e O Boticário. 

Nos dias 6 e 20 de janeiro, na Ribeira, e nos dias 13 e 27, no Farol da Barra, das 8h às 12h, o público pode se divertir com patins e longboard, com suporte de instrutores que atendem de forma gratuita, a partir de inscrições feitas no local. 

Quando o assunto é música, a programação em janeiro continua dia 6, com DJ Pureza e Pedro Pondé, dia 13, com Larissa Luz e Ministereo Público, e dia 20, com DJ Raiz e Àttooxxá. Os shows gratuitos acontecem no Largo da Mariquita – Rio Vermelho, sempre precedidos do aulão do FitDance, no mesmo local, a partir das 17h.