Artistas apostam em conteúdo 'sem chatice' para as crianças

Brincadeiras musicais servem de lema para o Pato Fu e a dupla Palavra Cantada, que faz show domingo (1º), na Concha

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  • Laura Fernades

Publicado em 30 de setembro de 2017 às 06:05

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Didi Polonis
Sandra Peres e Paulo Tatit formam a dupla Palavra Cantada, que faz show na Concha Acústica domingo (1/10) por Foto: Daryan Dornelles/Divulgação

O que o grupo Pato Fu e as duplas de Palavra Cantada e Patuscada têm em comum? O desejo de fazer brincadeiras musicais. Seja na versão inusitada do clássico Severina Xique-Xique, tendo uma galinha de borracha no papel de zabumba; seja na hora de cantar com ludicidade que criança não trabalha (“criança dá trabalho”); ou de fazer umas “baguncinhas musicais”.

Para quem busca, no mês das crianças, uma forma de distração com conteúdo para os pequenos, sem cair no didatismo, as novidades musicais desses artistas servem como opção. A começar pela Palavra Cantada, que apresenta na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, neste domingo (1/10), às 17h, a estreia nacional da turnê de lançamento do DVD Bafafá, em evento que tem show de abertura do grupo PUMM – Por um Mundo Melhor.

O repertório da Palavra Cantada apresenta músicas novas e passeia por sucessos dos seus 23 anos de carreira. Algumas das novidades do DVD, composto por 14 clipes, já estão disponíveis no canal do YouTube da dupla paulista, formada por Sandra Peres e Paulo Tatit, que tem 260 mil inscritos e acumula 220 milhões de visualizações.

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Entre as novidades que o público vai ver no show, estão as músicas Passeio do Bebê, continuação de Eu Sou Um Bebezinho; Vai e Vem das Estações, sobre as estações do ano; e Sambinha da Fralda Molhada, feita sob encomenda para uma mãe pelo canal do YouTube da Palavra Cantada.

“Acho que esse é um trabalho importante porque tudo o que a gente fala, tudo o que a gente canta e todos os desenhos do DVD tratam a criança com respeito. Tratam os temas da infância de maneira muito lúdica”, acredita a cantora Sandra Peres, 54 anos. “São músicas que falam da infância e de temas importantes para a sociedade”, completa.

Paulo Tatit, 61, concorda e acrescenta que a dupla teve uma preocupação maior com a animação, para que a riqueza de detalhes servisse como instrumento educativo. “A vegetação que aparece, por exemplo, não é só uma árvore: todas as plantas têm nome: buriti, mandacaru...”, explica. A justificativa é simples, diz ele: “é pra ficar mais musical, mais dançado e passar conteúdo para as crianças”.

Sem chatice O grupo mineiro Pato Fu, por outro lado, apresenta o álbum Música de Brinquedo 2 (Deck), que dá sequência ao primeiro disco, sete anos depois. Com show de estreia em São Paulo dia 12, e ainda sem previsão de vir para Salvador, o projeto é composto por releituras inusitadas de músicas já conhecidas pelo público.

Entre elas, a já citada Severina Xique-Xique, de Genival Lacerda; Palco, de Gilberto Gil; I Saw You Saying (That You Say That You Saw), dos Raimundos; e Livin’ La Vida Loca, gravada por Ricky Martin. Além disso, o repertório do álbum produzido por John Ulhoa inclui Rock Da Cachorra, composição de Léo Jaime gravada por Eduardo Dussek; e Kid Cavaquinho, de João Bosco e Aldir Blanc, eternizada por Maria Alcina.

O inusitado fica por parte dos instrumentos usados para fazer jus ao nome Música de Brinquedo: saxofone de plástico, galinha de borracha, pianinho de brinquedo, tecladinhos de 1,99 e outros brinquedos encontrados ao longo de sete anos. “Em todo lugar que a gente ia, tudo o que fazia barulho e era cenograficamente interessante, a gente comprava. Quando a gente foi fazer o segundo disco, tinha um armário lotado de brinquedos”, ri Fernanda Takai, 46.

As músicas ganham o coro de cantores mirins que fizeram parte do primeiro Música de Brinquedo, como Nina Takai e Mariana Devin, e de filhos dos primeiros membros de fãs-clubes do Pato Fu. Escolhido a partir do gosto pessoal do grupo, o repertório passeia por temas que não necessariamente fazem parte do universo infantil. “É um disco mais ousado. Tem coisas que talvez as pessoas não esperassem”, pondera Fernada.

A cantora chama a atenção para o fato de que as crianças de hoje, “mais do que nunca, pulam etapas de tudo no aprendizado” e o Música de Brinquedo propõe uma alternativa a isso. “A gente pensou que essas músicas pop que a gente abordou no primeiro e no segundo discos - por terem pais, tios e avós ouvindo juntos - criavam um diálogo não na base da chatice, mas da curiosidade”, explica.

A dupla de Patuscada, por outro lado, aborda questões como proteção ambiental, crescimento desordenado das cidades, higiene bucal e preconceito em seu primeiro disco, Patuscada - Baguncinhas Musicais. Lançado nas plataformas digitais, o trabalho voltado para crianças de 3 a 9 anos contou com a supervisão de uma pedagoga para pensar no que seria abordado sobre o desenvolvimento infantil. 

Educação é o futuro do nosso país. Estamos preocupados com esse futuro. Como podemos contribuir e colaborar com muito espaço para brincadeira e curtição?”, questiona a cantora Letícia Scarpa, 51, que forma o Patuscada com o músico Edu Maranhão. “A música tem conexões cerebrais fortes pra qualquer um, não só pra criança. Poder participar da formação dos futuros adultos é quase uma missão!”, completa.