As curiosidades do presidente responsável pelo primeiro título profissional do Vitória

Fundador do 'novo Vitória', Luiz Catharino Gordilho faria 100 anos neste domingo

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  • Paulo Leandro

Publicado em 14 de agosto de 2021 às 06:37

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução/ Livro Um menino de 84 anos

Domingo, dia 15, comemora-se o centenário de nascimento de Luiz Martins Catharino Gordilho, empresário de sucesso de uma tradicional família soteropolitana e, além disso, personagem crucial na história do Esporte Clube Vitória. Ele faleceu em 2005, aos 84 anos. Uma missa na Catedral Basílica, no Terreiro de Jesus, com a celebração do padre Lázaro Muniz, marcará a passagem dos 100 anos. A cerimônia começa às 11h e será transmitida pela internet, através do Instagram e do YouTube.

Luiz Catharino Gordilho presidiu a Companhia Progresso União Fabril da Bahia e também foi presidente do Clube Bahiano de Tênis por quase duas décadas (1962/64 e 1968/78). No entanto, pode-se conceder ao empresário também a condição de fundador de um novo Vitória em 1953. Até então, o clube controlado pelos autonomeados “setores produtivos” se achava suficiente em suas reuniões sociais e nas regatas na Enseada dos Tainheiros. 

Os mitógrafos do futebol baiano a ele dedicam verbete especial na Letra L, pois formou com Alfredo Miguel e Jorge Corrêa Ribeiro o Departamento Autônomo, responsável por contratar e bancar o plantel do primeiro título da era profissional do Leão, àquela altura, só da Barra.

O novo campeão da cidade recebeu de cotas de bilheteria 704.567,30 cruzeiros e investiu 1.455,174,00, sendo a diferença do prejuízo bancado por Catharino, Corrêa e Miguel, pagando mais de um milhão só de ordenados.

O maior salário, o do ponteiro argentino Zingone, chegava a 11 mil cruzeiros. Vermelho ganhava 9.750; Nadinho e Eloy, 9 mil; Guta, Alencar e Alaor, 8 mil; Jaiminho, 7 mil; e daí pra baixo, vinham Valvir, Pinguela, Jaiminho, Aducci, Hélio, Agnaldo e Joel.

O título livrou o Vitória de uma sequência de desacertos, tendo colecionado fracassos nas decisões, agravado o clima de maldição com o fato de até o pequenino Guarany já ter sido campeão, em 1946, enquanto o rubro-negro, bi 1908 e 1909, nunca mais ganhara. Eram 44 anos de fome, fato raro em se tratando de uma agremiação de grande porte. Depois de 53, vieram troféus em 55 e 57.

O fato de ser o herói de um novo Vitória, enfim campeão, implica, necessariamente, a coautoria de Luiz Catharino Gordilho na construção de outro grande avanço do futebol como força cultural: a criação do ser binário BahiaxVitória, popularizado por Carlos Libório como Ba-Vi. 

Teria sido Luiz Catharino um superincentivador do rádio esportivo, tendo elevado audiências e formado opiniões nos bate-bocas com Osório Villas Boas (então dirigente do Bahia) nas animadas resenhas de meio-dia, apimentando o Ba-Vi, contribuindo assim esta narrativa massiva de grande alcance popular pelo rádio para constituir e refletir uma “ideia geral de clássico”, quando enfrentam-se os rivais. 

Também foi Catharino um conhecedor da psique humana de um jogador de seu tempo: nas vésperas de um Ba-Vi decisivo em 1957, ele fez chegar ao quartel da Força (19 BC), no bairro do Cabula, onde o Vitória treinava, um desenho, cuja arte era atribuída aos tricolores, despertando indignação por ofensa a uma suposta “honra sexual”.

Apareciam Albertino de baiana de acarajé; Boquinha de argola; Enaldo com torço na cabeça; Pinguela de mãe de santo; e Roliço com a boca pintada de batom. Resultado: o Leão provou ser macho e goleou o Bahia por 4x0.