Às vésperas da Páscoa, quiabo aumenta até 400%; peixe sobe 10%

Preços de alguns produtos não vão aumentar nesta sexta (29); veja quais

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  • Nilson Marinho

Publicado em 29 de março de 2018 às 17:15

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Evandro Veiga/CORREIO

"Antes comer ovo, viu?", brada uma cliente, provavelmente insatisfeita com o preço dos pescados, vendidos às vésperas da Sexta-feira Santa, com o preço um pouco mais salgado.

Quem deixou para a última hora não pode reclamar. Quer dizer, até pode, se a ideia é tentar convencer o comerciante a fazer um valor menos salgado que o bacalhau. Sim, é preciso pechinchar, porque a três dias da Páscoa o peixe, por exemplo, está até 10% mais caro.

O quiabo para o caruru nem se fala. Se antes o fruto era vendido o cento por R$ 4, agora, nas barracas da Feira de São Joaquim, o cliente não encontra o cento por menos de R$ 20. Um aumento - incrível - de 400%. Quiabo é o produto mais inflacionado da feira na Semana Santa (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) Dá para explicar o aumento? Segundo os comerciantes da Feira de São Joaquim, sim. Isso porque, o quiabo vem do estado vizinho, Sergipe, das cidades de Canindé e Itabaiana. Com os fornecedores vizinhos não tem conversa, sem chances de negociação, como era feito, por exemplo, quando o quiabo era comprado em terras baianas.

De Sergipe, o preço já vem tabelado, explica o comerciante Arnaldo Pereira, 50 anos. "Antes, nós compravámos aqui mesmo na Bahia. Geralmente, eu pegava a saca na cidade de Santo Amaro. Acho que pelas estiagens, os produtores não estão mais comercializando como antes. De Sergipe, já vem tabelado, não dá mais pra ser do mesmo preço. Já vem de lá, nesse período, com o preço alto", justifica o comerciante. Neste ano, para a Semana Santa, Arnaldo comprou 10 sacas de quiabo, cada um vem com mais ou menos mil unidades do fruto. Até esta sexta-feira (30), ele pretende vender tudo, mesmo com os preços inflacionados. "Todo mundo compra, ninguém deixa de levar", garante.

A dona de casa Iara Nunes, 69, não é muito de rebater o preço. É daquelas donas de casa que não têm muita paciência e talento para a arte da pechincha. Fechou negócio na primeira barraca que encontrou, a do Arnaldo. Levou para casa, de uma vez, dois centos e meio por R$ 50."Pelo visto, está o mesmo preço do ano passado. Não sou muito de pesquisar. Esses aqui são para a família toda", conta Iara. A comerciante Rosa Santos, 57, reforça a justificativa do colega Arnaldo. Mas o produto comercializado lá não sofre com a alta dos preços, e o valor do cheiro verde continua o mesmo. Rosa Santos espera que número de clientes aumente até amanhã (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) Um mói de coentro é vendido por R$ 2, sem previsão de aumento e sem chances de o freguês levar por menos. O preço do azeite de dendê, do leite de coco, da castanha e do gengibre também não aumentam, de acordo com os vendedores.

A comerciante Rita dos Santos, 48, afirma que os produtos não serão comercializados mais caro para os atrasadinhos, nesta sexta. Não vale a pena, acredita. É preciso vender, sobretudo, os produtos que estragam com facilidade, como o gengibre e a castranha."Se aumenta, o freguês não leva. Se sobra, murcha, estraga, ninguém compra", explica. O azeite de dendê, na Feira de São Joaquim, pode ser encontrado por, em média, R$ 5 o litro. O leite de côco também sai a R$ 5 o litro. Já o gengibre, três unidades da raiz custa R$ 2 e a castanha é vendida no saquinho de 200g por R$ 2.

Peixe No Mercado do Peixe, em Água de Meninos, o cliente consegue mais descontos. Por lá, o peixe que mais sai é a corvina, comercializada por R$ 14 o quilo. Se chorar, o freguês consegue levar pra casa por R$ 10.

Foi o que aconteceu com a farmacêutica Neide Ribeiro, 45, que levou para ela e a prima 5 quilos, além de 3 quilos do pescado branco, vendido por R$ 20.  Box com pescados cheio no Mercado do Peixe (Foto: Evandro Veiga/CORREIO) Mas bom negócio só foi possível porque, além da farmacêutica saber pechinchar, o marido faz segurança em um estabelecimento ali próximo ao mercado. Por isso, conhece boa parte dos comerciantes. "Não sei se outras pessoas vão conseguir pelo mesmo preço", brinca. 

No Mercado do Peixe, os clientes podem encontrar o peixe vermelho (R$ 28/kg), corvinha (R$ 14/kg), pescado branco (R$ 20), cavala (R$ 20), mariscada, em saquinho (R$ 20/600g), camarão fresco (R$27/kg).

Nesta sexta, os preços devem subir, de acordo com comerciantes ouvidos pelo CORREIO, cerca de 10%, dependendo do fornecedor."Só vamos saber amanhã, o preço muda muito, hoje (quinta) pode ser R$ 10, amanhã R$ 20. Depende dos nossos fornecedores", explica a comerciante Marlene Cardoso, 44, do boxe 46. Onde comprar  Feira de São Joaquim, Av. Eng. Oscar Pontes, Calçada. Aberto nesta quinta até às 17h, na sexta até às 11h.

Mercado do Peixe, Ladeira da Àgua Brusca, Àgua de Meninos. Aberto nesta quinta até às 17h, na sexta das 5h até às 13h.

Preços Mercado do Peixe*Peixe Vermelho: R$ 28 - 25 kg Corvina: R$ 14 - 13 kg Pescado Branco: R$ 20 - 18 kg Cavala: R$ 20 - 18 kg Mariscada: R$ 20 - 18 600/500 g (saquinho) Camarão Fresco: R$ 27 - 25 kg

*Previsto um aumento de 10% nos pescados

São JoaquimCamarão defumado R$ 48 / kg Camarão defumado sem corante R$ 45 / kg Camarão seco R$ 40 / kgAtum R$ 17 / kg Corvina R$ 14 / kg Camarão Fresco R$ 20 / kg

Aumento nesta sexta Camarão defumado R$ 50 Camarão defumado sem corante R$ 48 Camarão seco R$ 45Atum R$ 19 / kg Corvina R$ 16 / kg Camarão Fresco R$ 25 / kg

Leite de Côco R$ 5  / L Azeite de Dendê R$ 5 / L Gengibre R$ 2 três unidades Quiabo R$ 20 o cento  Castanha R$ 2 / 200g  Cheiro Verde R$ 2

*Produtos não devem aumentar