Assassinato de mulheres cresce mais de 80% na Bahia em 10 anos

Maioria dos casos poderia ser classificada como feminicídio, diz especialista

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  • Gil Santos

Publicado em 6 de junho de 2018 às 07:00

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Um dos dados mais preocupantes do Atlas da Violência 2018, que mostrou que a taxa de homicídios na Bahia dobrou em 10 anos, é o aumento da taxa de assassinatos de mulheres no estado, que apresentou número muito maior que a média de crescimento nacional.

Enquanto o número de mortes violentas de mulheres no país cresceu 6,4% entre 2006 e 2016, período analisado no levantamento, na Bahia, esse aumento foi 81,5%. 

Só em 2016 foram 4.645 mulheres assassinadas no Brasil – o que leva a uma taxa de 4,5 homicídios para cada 100 mil brasileiras, de acordo com o Atlas da Violência. Na Bahia, foram 441 mulheres mortas neste mesmo ano.

A nova edição do atlas foi divulgada nessa terça-feira (5) pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Feminicídios De acordo com o pesquisador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) Renato Sérgio de Lima, não é possível dizer o quanto dessas mortes poderia ser classificada como feminicídio. No entanto, ele ressalta que dados do Anuário de Segurança Pública de 2017 mostram que cerca de 70% dos registros de morte de mulheres poderiam ser classificados como feminicídio. 

“Mas o que a gente tem percebido é que, nessa nova dinâmica do crime organizado, as mulheres têm participação maior em crimes em que o predomínio era de homens, então, tem sempre tem que contextualizar com novas dinâmicas de crime organizado”, afirmou. 

A Secretaria da Segurança Pública do Estado (SSP) contestou os números do levantamento e disse que a metodologia desfavorece os estados nordestinos ao não levar em consideração que eles "contam as ocorrências usando uma metodologia mais fiel à realidade".