Assassino de jogador Daniel pode fazer parte de rede criminosa

MP pediu que novo inquérito seja aberto para apurar suspeita

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  • Da Redação

Publicado em 19 de novembro de 2018 às 14:56

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução

O Ministério Público do Paraná pediu que a Polícia Civil abra uma nova investigação para apurar as eventuais relações de Edison Brittes, assassino confesso do jogador Daniel, com o crime organizado do estado. Daniel foi achado morto no final de outubro, em uma estrada de São José dos Pinhais, com sinais de tortura. Antes, ele foi espancado na casa da família Brittes. Além de Edison, outros seis suspeitos de envolvimento no crime estão presos. 

"A promotoria de Justiça por dever de ofício requisitou a delegacia de polícia a instauração de um inquérito policial específico, que nada tem a ver com o homicídio em si, para apurar eventual atuação dele em organização criminosa", explicou ao Fantástico o promotor de Justiça João Milton Salles.

A investigação apontou que no dia do crime Brittes usava o chip do telefone de outra pessoa - Fernando Cidral de Oliveira, assassinado em 2016. "E esse rapaz que foi executado (Fernando) tinha como atividade principal a receptação e adulteração de veículos roubados", afirma o promotor. Brittes já responde a dois processos por receptação de veículos roubados e também já foi preso duas vezes por porte ilegal de arma.

Em uma dessas prisões, Brittes alegou ser amigo de policiais e afirmou que iria ligar da própria delegacia para o deputado Rubens Recalcatti, do PSD. O político aparece em um vídeo de aniverário de Cristiana, mulher de Brittes, desejando parabéns a ela. O deputado é delegado de polícia aposentado e réu por um assassinato de 2015. Claudio Dalledone, advogado de Brittes, é também defensor do deputador. "Foi uma abordagem policial que adveio a morte do indivíduo que atirou contra a equipe policial", diz Dalledone. Ele também afirma que seus clientes não são amigos. "Mais um compromisso político (o parabéns no aniversário de Cristiana), não é uma amizade, um frequentar a casa do outro".

O policial Edenir Canton é outro nome que aparece no caso. Ele também é acusado do assassinato com o deputado Recalcatti e responde ainda a crimes de organização criminosa e extorsão mediante sequestro. O policial está desde o ano passado afastado de suas funções. O carro usado para transportar Daniel da casa de Brittes a estrada onde foi achado morto está em nome de Edenir. "Ele vendeu esse veículo para o Edison Brittes. Apenas por uma questão formal, questão documental, que com certeza seria feito dentro do prazo que eles julgassem necessário", diz Leonardo Buchmann, advogado do policial.

Brittes também usava uma moto que está em nome de traficante preso. O advogado Dalledone diz que ele estava em "vias de regularizar" a posse do veículo e não tem nenhum envolvimento com o traficante ou o narcotráfico.

Edison Brittes esta preso desde dia 1º deste mês. Além dele, também foram presos por envolvimento no crime a filha, a esposa e outros quatro suspeitos.

Cronologia do crime Sexta (26): Daniel chega a Curitiba. Ele vai a duas festas, inclusive o aniversário de Allana em boate Sábado (27): A festa continua na casa da família de Allana, em São José. O crime aconteceu este dia. O corpo foi achado neste mesmo dia em um matagal. Segunda (29): Amigo reocnhece o corpo de Daniel Quarta (31): Corpo de Daniel foi velado em Minas Gerais Quinta (1): Suspeito de matar Daniel é preso e confessa crime. Mulher e filha também foram presas Sexta (2): Perícia é feita na casa onde Daniel foi espancado

Linha do tempo (com informações da TV Globo) 21h30: Daniel chegou a Curitiba na sexta à noite, por volta das 21h30. Ele deixou as malas na casa de um amigo, com quem iria se hospedar, e saiu depois de um banho para uma festa, a primeira da noite.

00h: Por volta de meia-noite, ele e o amigo seguiram para o aniversário de Allana, em uma boate da cidade. Eles tinham convites para a festa, entregues pelo próprio pai da aniversariante.

05h40: O amigo de Daniel vai embora da boate. O jogador prefere ficar e diz que vai seguir para a casa de Allana, na Região Metropolitana, onde a festa seguiria

06h36: Daniel avisa ao amigo por mensagem que já estava na casa de Allana. Uma testemunha  contou à polícia que os convidados estavam ouvindo música e bebendo. Cristiana, que segundo a família não estava bem, foi a primeira a ir deitar. Outras pessoas também se recolheram. Ficaram na festa Daniel, Edison e outras oito pessoas

08h07: Daniel começou uma conversa com outro amigo. Ele contou que estava em uma festa, com várias pessoas dormindo. Por áudio, ele respondeu ao amigo, que perguntou se estava bêbado, e disse que "não muito". Ele falou também que tinha uma "coroa" na casa, que era a mãe da aniversariante, e que faria sexo com ela. Afirmou ainda que o pai estava junto. O amigo diz para ele se cuidar e que poderia ser expulso da casa. Daniel mandou uma foto ao lado de Cristiana, que aparenta estar dormindo. O amigo quer saber se ele fará sexo com ela acordada ou dormindo

 08h34: Daniel manda uma nova foto ao lado de Cristiana para o amigo e diz que fez sexo com ela. Depois, ele manda a seguinte mensagem, a última: "O que aparecer amanhã é nóis". O amigo quer saber o que isso quer dizer, mas Daniel não responde mais. Posteriormente, o amigo disse à polícia que ele, Daniel e outros dois colegas tinham um grupo de WhatsApp onde mandavam fotos das "conquistas" amorosas, geralmente quando a mulher estava dormindo

10h30: Corpo do jogador é encontrado, ainda sem identificação, em um matagal, com mutilações, marcas de faca e sinais de tortura. 

À noite: O amigo que hospedou Daniel fica preocupado porque ele não deu mais notícias e eles tinham um compromisso. Ele manda mensagem para Allana, que afirma que o jogador foi embora sozinho da casa dela. Este amigo foi quem reconheceu o corpo do jogador, dois dias depois.