‘Assistir à série é uma forma de fazer terapia’, diz Selton Mello

Ator e diretor fala sobre Sessão de Terapia, série que volta ao ar após cinco anos, no Globoplay, a partir de sexta (30); conheça os personagens

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  • Laura Fernades

Publicado em 29 de agosto de 2019 às 05:55

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Globoplay/Divulgação

O marido que perdeu o interesse sexual na mulher, a comediante que não aceita o diagnóstico de depressão, a menina que esconde conflitos mais delicados que o bullying sofrido na escola. Essas são algumas das questões levantadas na série Sessão de Terapia, que está de volta após cinco anos, dessa vez com exibição exclusiva pela plataforma de streaming Globoplay.

A estreia da quarta temporada acontece nesta sexta-feira (30), com Selton Mello, 46 anos, como protagonista pela primeira vez. “Acho que o espectador vai se comover”, diz Selton, que interpreta o psicanalista Caio Barone. Em entrevista ao CORREIO, o também diretor de Sessão de Terapia fala sobre a “grandeza da psicanálise” e como lida com a expectativa do público em relação à nova fase da série que colecionou elogios de público e crítica com Theo (Zécarlos Machado) no papel principal. Confira.

Seu personagem diz que “a terapia é um processo difícil”, mas que “todo mundo deveria ter a chance de fazer”. Você concorda? O autoconhecimento é fundamental em nossas vidas. Seria um bem enorme se a terapia fosse elevada ao patamar público, onde todos pudessem ter acesso. Todo mundo tem questões que merecem ser vistas, revistas. Todo mundo merece se sentir bem. Esse trabalho tem a missão de mostrar a grandeza da psicanálise na vida das pessoas. (Foto: Globoplay/Divulgação) O que já recebeu de feedback como diretor? Esta série cumpriu um papel extraordinário. Desmistificou o terapeuta, mostrando que o profissional também é uma pessoa, com seus problemas e angústias. Muita gente começou a fazer terapia depois da série, e isso eu ouvi tanto de pacientes quanto de terapeutas. Saber disso me dá um calor bom no peito, sinal de que estou mexendo em um material humano vasto e que faz bem para as pessoas."Os pacientes dessa nova temporada são diferentes entre si, com questões complexas, e acho que o espectador vai se comover com essa galeria tão rica em questões profundas".Há quem defenda que as histórias dos pacientes dão fôlego ao processo de autoconhecimento do próprio espectador. Concorda? Exatamente. Assistir à série é uma forma de fazer terapia. Indireta, claro, mas você acaba se identificando em vários pontos, com cada um deles. Um trabalho raro, dos mais importantes que já tive a chance de fazer. Eu amo mexer nesse material, e esse amor acaba transcendendo e tocando verdadeiramente muita gente do outro lado da tela.

Caio, seu personagem, é cheio de contradições e conflitos. Por que mostrar esse lado humano do terapeuta é importante? Esse é o formato original do Hagai Levi, israelense criador da série. Um formato simples e nada simplório. A partir do momento que conhecemos o terapeuta e seus dramas pessoais, damos mais valor ao trabalho que ele faz com os pacientes. Acho que aí está o pulo do gato da série e consegue comover tanta gente.

Quais foram os principais desafios que enfrentou ao acumular as funções de diretor e protagonista? Foi tranquilo acumular as funções, já havia feito isso antes nos meus filmes, por exemplo. O fato de já ter estabelecido o tom, o ritmo, me deixou confortável para assumir a poltrona na nova fase. É mais surpreendente para quem está de fora, pra mim é algo orgânico e tranquilo de ser feito.

Você faz terapia? Como isso influenciou seu trabalho? Faço sim, há mais de 12 anos. Fundamental na minha vida. Essa série é uma forma de eu devolver, afetuosamente, através da arte, a grandeza da psicanálise na vida das pessoas.

Ao longo de três anos, Sessão de Terapia colecionou elogios de público e crítica. Theo (Zécarlos Machado) também conquistou muita gente, nas três últimas temporadas. Como lidar com a expectativa do público em relação a isso, agora que você assumiu o papel principal? Pois é, muito difícil a troca de protagonistas em uma série bem-sucedida. Mas o Zécarlos tem contrato com outra emissora e achamos que era uma oportunidade de uma refrescada no formato, trazendo um terapeuta mais jovem, mais sanguíneo e tão complexo quanto o Theo.

Espero que o público abrace o Caio como acolheu o Theo nas três temporadas originais. Aliás todas as quatro temporadas estão disponíveis no Globoplay. Uma chance do público que não conhece, poder partir do zero. Ou se gostar da nova temporada, voltar lá no começo pra entender o ponto de partida. Este trabalho faz bem pra quem assiste, isso é algo comovente. Chiara (Fabiula Nascimento), Guilhermina (Livia Silva), Nando (David Junior) e Haidée (Cecília Homem de Mello) são personagens da série  (Foto: Globoplay/Divulgação) Conheça os personagens de Sessão de Terapia

Segunda-feira Chiara (Fabiula Nascimento) é uma comediante que não aceita o diagnóstico de depressão. "Chiara é um pouco arrogante, irônica, mascarada. Ela sempre chega na defesa e a defesa dela é o ataque", explica a atriz Fabiula Nascimento.

Terça-feira Guilhermina (Livia Silva) é uma garota que esconde questões delica- das sobre seu comportamento. “No começo ela não quer ir muito na terapia porque acha que não tem problema algum. Só que ela esconde dos pais o que realmente está acontecendo”, diz a atriz Livia Silva.

Quarta-feira Nando (David Junior) tenta entender o desinteresse sexual pela mulher, por quem era apaixonado. "Nando é um hiato, meio perdido no que entende sobre a figura dele na sociedade", diz David Junior.

Quinta-feira Aposentada, Haidée (Cecília Homem de Mello) sente um vazio após a morte do marido. "Ela tem ressonâncias e ecos em muitas pessoas. Tem um pouco de Haidée em muitas famílias", diz a atriz Cecília Homem de Mello.

Sexta-feira Sofia (Morena Baccarin) é a supervisora do psicanalista Caio (Selton Mello). "Sofia quer saber como ele está, após passar por um momento muito difícil. Isso é que torna tudo muito interessante, porque a gente vai para terapia e não pensa o que está acontecendo na vida do terapeuta", opina a carioca Morena Baccarin, sobre sua primeira atuação no Brasil. Seu currículo inclui o filme Deadpool (2016) e as séries Gotham (2015-2019) e Homeland (2011-2013).