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Tailane Muniz
Publicado em 6 de maio de 2019 às 12:36
- Atualizado há 2 anos
Em mais um ato de repúdio ao bloqueio das verbas destinadas à educação no país, pelo Ministério da Educação (MEC), milhares de estudantes, professores e servidores da Universidade Federal da Bahia (Ufba) se reuniram, na manhã desta segunda-feira (6), para cobrar respostas do Governo Federal. Na federal baiana, o corte corresponde a 30% do orçamento, o equivalente a R$ 37,342 milhões da rubrica de funcionamento de custeio.>
O ato começou, por volta das 11h, na Faculdade de Educação (Faced), de onde o grupo com mais de 2 mil pessoas saiu em caminhada em direção à Reitoria, no bairro do Canela. Durante o trajeto, que durou pouco mais de uma hora, os manifestantes deixaram claro que a causa, ali, não era só dos estudantes, ou só dos professores, mas de toda comunidade acadêmica. Reitor João Salles acompanha ato que reuniu professores, estudantes e servidores da Ufba em frente à Reitoria (Foto: Marina Silva/CORREIO) "A nossa luta unificou, é estudante junto com trabalhador", entoaram, em coro. Com o auxílio de um carro de som, a organização do ato afirmou que "o corte assassino" compromete o funcionamento regular da universidade, que foi acusada pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, de promover "balbúrdia" dentro de suas instalações. Além da Ufba, a Universidade de Brasília (UnB) e a Universidade Federal Fluminense (UFF), também tiveram os repasses reduzidos porque, ainda de acordo com o ministro, promoveram "festas inadequadas". Depois da declaração de Weintraub, o MEC anunciou que o bloqueio da verda contemplava todas as universidades e institutos federais.>
Estudante de Fisioterapia, Giselle Almeida, 21 anos, disse que o ato ajuda a conscientizar a população de que um corte de milhões pode ter impacto direto nas vidas das pessoas, esteja ela dentro ou fora da Ufba. "Nós somos contra o corte e a gente precisa fazer as pessoas compreenderem que a base da sociedade é a educação. Precarizar o estudo, a pesquisa, impacta diretamente no crescimento intelectual de qualquer sociedade. É estagnar conhecimento, que é o que mais precidamos nesse momento", disse a estudante ao CORREIO. Alice Santos lembra que Ufba se destaca entre as melhores do Brasil (Foto: Marina Silva/CORREIO) Giselle também comentou que a afirmação do ministro contribuiu para que, "quem está de fora tenha uma visão deturpada" dos estudantes da Ufba. "Nós somos uma universidade que atende à sociedade, por meio das clínicas, por meio das pesquisas, tudo isso é a Ufba, conhecimento".>
Servidora da universidade há 30 anos, Maria Rita Santos, 58, também acredita que há, na iniciativa do corte do MEC, a tentativa de diminuir os gastos com a educação e, consequentemente, com os problemas que o Brasil enfrenta, por exemplo, no âmbito da economia. >
"A intenção de um Estado que não quer possibilitar conhecimento aos seus, qual é, senão dificultar que as pessoas entendam dos danos que sofrem, diariamente, e das consequências das decisões de quem está no poder?", indagou ela, que confirmou presença da greve geral, organizada pelas universidades e institutos federais do Brasil para o próximo dia 15. >
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Para contrapor as afirmações do MEC, a estudante de Pedagogia Alice Santos, 21, lembrou, por meio de um cartaz, que a Ufba é 10ª universidade brasileira no ranking The Higher Education, que avalia 1.250 universidades de 36 países. O estudante de Fisioterapia Levi Loura, 24, sabe de cor a razão do destaque.>
"O Hospital das Clínicas é o único lugar, do Brasil, que realiza a regeneração de ossos com células-tronco, então não é só uma questão estudantil, é uma questão de atividades de saúde para um público que não tem como pagar, nós somos destaque no país e no mundo", considerou Levi, ao comentar a série de estudos científicos realizados pela Ufba, incluindo a pesquisa que descobriu o zika vírus. >
Além do desbloqueio dos milhões do MEC, os representantes da academia defendem, por unanimidade, que o mau funcionamento da Ufba impacta diretamente no bom desempenho da sociedade. >
Em nota, a Polícia Militar da Bahia (PM-BA) afirmou que foi acionada por volta das 10h40 pelo Centro Integrado de Comunicação (Cicom) por conta da manifestação. "As vias ficaram parcialmente obstruídas, contudo o protesto foi pacífico e encerrado as 12h30", diz a nota.>
Já a Superintendência de Trânsito de Salvador (Transalvador) informou que acompanhou a manifestação e esclareceu que nenhum desvio de tráfego foi necessário. No entanto, o ato causou congestionamento na região do Campo Grande.>