Ato questiona abandono da região da Lagoa do Abaeté neste sábado

Há 11 anos, ônibus de turismo deixaram de parar no parque por questões de insegurança

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  • Fernanda Santana

Publicado em 6 de junho de 2018 às 13:25

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Almiro Lopes/CORREIO

O Parque do Abaeté, em Itapuã, receberá um ato em sua defesa no próximo sábado, a partir das 9h. O evento, organizado pelo coletivo Fórum Permanente de Itapuã,  integra a Semana do Meio Ambiente e acontece no Espaço de Convivência do Parque do Abaeté, e pretende evidenciar "a degradação significativa do santuário ambiental, que vem preocupando ambientalistas e comunidade em geral".

Os organizadores citam as invasões no entorno das dunas da Lagoa do Abaeté pela especulação imobiliária, destruição da reserva de mata atlântica, desaparecimento de espécies animais e vegetais e a diminuição do volume de água das lagoas que formam esse complexo hídrico. A diminuição do volume hídrico é provocada, de acordo com o diretor de Águas do Inema Eduardo Topázio, pela impermeabilização do entorno.

As dunas do entorno da lagoa, explicou ele, servem para reter água da chuva e alimentar o lençol freático. A ação antrópica resultou na retirada de parte da areia das dunas do entorno, o que se mostrou um problema.

No final de abril, o CORREIO relatou a situação do Parque Metropolitano do Abaeté. Há 11 anos, revelou a publicação, ônibus de turismo deixaram de parar no parque, até então, um tradicional ponto turístico de Salvador.

Ontem e hoje

O ano de 1993 marca uma inversão na história do tradicional e místico ponto turístico de Salvador. Em setembro daquele ano, o local, no bairro de Itapuã, ganhou  status de Parque Metropolitano e se tornou uma Área de Proteção Ambiental (APA), por iniciativa da Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder). A intenção era conter a ação predatória do espaço de 12 mil metros quadrados e preservar as belezas naturais do perímetro.

Os turistas já frequentavam o bairro para conhecer as águas escuras cantadas por Dorival Caymmi. Na rotina de soteropolitanos e baianos, o veraneio em Itapuã já era sinônimo de Abaeté. A transformação em APA traz uma mudança que dinamiza o passeio ao espaço: o entorno da lagoa ganha um centro comercial com quiosques e lojas. O Parque do Abaeté é incluído, então, nas rotas de turismo. Não só: se torna um dos principais destinos turísticos da capital baiana.

Desde 2007, a debandada dos turistas e os registros de crime começam, no entanto, a estigmatizar o espaço, prejudicando as vendas.“Na verdade, foi a imagem que ficou. Mas não é mais realidade não existe mais”, garante Januário, ao comentar crimes no Abaeté.Os gestores do parque, no entanto, empregam a primeira mudança no esquema de segurança apenas em 2016, quando três quadricículos são usados para vistoriar o local. Hoje, a ala da segurança patrimonial tem 40 guardas – 14 à noite e 26  durante o dia. De acordo com a Polícia Militar, o Esquadrão de Polícia Montada emprega o efetivo de acordo com a demanda.

Também foram instaladas câmeras pela Secretaria da Segurança Pública (SSP-BA), mas a pasta não detalha, “por questões estratégicas”, quantos são os dispositivos. A área das dunas também é fiscalizada. Mas, segundo comerciantes e moradores, o grande temor de turistas e de pessoas que frequentam o local é justamente os espaços cobertos por vegetação, atrás da lagoa.“Lá dentro, às vezes saem histórias. É melhor nem se arriscar, ficar por aqui, que tem policial”, relata um morador que prefere não ser identificado.* Com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier