Ator baiano Érico Brás ganha ação de racismo e dano moral após ser retirado de voo: 'Luta continua'

Caso ocorreu em março do ano passado, em Salvador

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  • Da Redação

Publicado em 29 de junho de 2017 às 13:25

- Atualizado há um ano

Érico Brás e esposa, Kenia Maria, estavam em avião em Salvador quando foram retirados, em março do ano passado (Foto: Divulgação)

O ator baiano Érico Brás ganhou uma ação de racismo e dano moral, no valor de R$ 35 mil, na Justiça, contra a companhia Avianca, após ter sido retirado de um voo em março do ano passado, em Salvador.

Segundo a esposa do ator, Kenia Maria, que também estava com ele no voo, a decisão do 23ª Juizado Especial do Rio de Janeiro foi do dia 24 de novembro de 2016. A sentença foi em primeira instância. A assessoria dos atores não informou por que a sentença foi divulgada sete meses após a decisão e a Avianca não informou se recorreu da decisão judicial. As informações são do G1.

Por meio da rede social Instagram, Érico comemorou a decisão, na quarta-feira (28): "E a luta continua...", postou.

E a luta continua ... ????????????

Uma publicação compartilhada por Érico Brás (@ericobras) em

A Avianca afirmou, em nota, que, no referido episódio, o "passageiro em questão se recusou a cumprir e atender às reiteradas solicitações de segurança feitas pelos comissários, no estrito cumprimento de suas funções". "Por tal motivo, e como é procedimento para garantir a segurança do voo, a Policia Federal foi acionada", diz o comunicado.

Por meio de assessoria, o ator ainda comentou que a decisão foi justa. "Achei uma decisão muito justa e até representativa para ao nosso país. É importante ressaltar que ganhamos essa causa porque tínhamos conhecimento da lei e por isso temos que falar cada vez mais sobre os direitos e deveres de cada cidadão", afirmou Érico.

Kenia contou que sentiu alívio pela humilhação que passou. "Eu levo o debate racial para escolas, universidades, rede sociais, TV e revistas, mas quando encaro o racismo de frente eu confesso que ainda fico apavorada, muda e não seguro a vontade de chorar. Não vou me adaptar nunca", disse a atriz, em nota.

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Entenda o caso

Em março de 2016, Brás e a esposa, a atriz Kênia Dias, foram expulsos de um voo da companhia que seguia para o Rio de Janeiro a pedido do comandante, que não teve o nome divulgado. O casal foi retirado da aeronave por dois agentes da Polícia Federal depois da confusão.Em conversa com o CORREIO, na época, Brás contou seguia para uma gravação no Rio. A esposa dele teve problemas para acomodar a bagagem de mão porque o bagageiro acima das cadeiras estava lotado. Quando a atriz tentava acomodar a bagagem embaixo da cadeira, o comandante chegou. "Ele veio bastante rude, mandando agilizar. Quando ela disse que não tinha espaço, ele (o comandante) pegou a bolsa dela com grosseria e ficou empurrando para caber no bagageiro", explica Brás.

"Eu questionei o tratamento. Falei 'O que é isso?' e ele achou ruim. Eu falei que ele era mal educado e que não aceito esse tipo de tratamento". Depois disso, o comandante, que não tinha nenhuma identificação, voltou para a cabine e um funcionário da Avianca foi pedir para Brás se retirar porque o comandante teria dito que não voaria com ele. "O funcionário afirmou que era para eu me retirar da aeronave porque o comandante disse que eu era uma ameaça para ele e para os passageiros. Que não voaria duas horas comigo".

Érico se recusou a deixar o avião. A Polícia Federal foi chamada e dois agentes chegaram para retirar o ator. Em protesto, a esposa dele também desceu do avião. Outros oito passageiros também resolveram não voar, segundo o ator. "Eles se solidarizaram, disseram que não era justo, e viram que o comandante estava superdescontrolado no início, com um comportamento típico de quem se acha superior".

Para o ator, embora o comandante não tenha proferido nenhuma injúria racial, o caso também tem sinais de racismo. "Para mim, ele teve uma atitude de quem não gosta de negro. Pelo fato de eu ser negro, de estar com minha esposa negra... Se fosse um passageiro branco, ele não agiria da mesma forma", acredita.Éricro Brás e a esposa (Foto: Arquivo Pessoal)Brás e a esposa pegaram um voo da Gol, ainda pela manhã, para o Rio. Em março, a Avianca disse ao CORREIO que a Polícia Federal foi acionada porque o ator se recusou a seguir as orientações dos comissários de bordo, porém não se posicionou sobre a acusação de racismo feita por Érico. Leia abaixo a nota enviada pela empresa:"A Avianca Brasil esclarece que mantém a sua prioridade na segurança de voo, em respeito a todos os seus passageiros. No caso referido, a Polícia Federal foi acionada, como é praxe no setor, porque um grupo de clientes recusou-se a seguir as orientações dos comissários sobre a acomodação das bagagens".