Ator Othon Bastos recebe o título de Cidadão Soteropolitano

Cerimônia aconteceu nesta sexta-feira (7) na Câmara dos Vereadores

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  • Gabriel Moura

Publicado em 7 de junho de 2019 às 23:20

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Almiro Lopes/CORREIO

Um ator é acostumado com estreias, seja de filmes, novelas ou peças. Entretanto, nesta sexta-feira (7), Othon Bastos, 86 anos, viveu uma estreia diferente e emocionante. Após tantos anos vividos em Salvador, ele pode, finalmente, estrear como cidadão soteropolitano.

Nascido em Tucano, a 270 quilômetros da capital, Othon foi homenageado pela Câmara de Vereadores de Salvador, com o título de Cidadão Soteropolitano. O projeto foi apresentado pelo vereador Marcos Mendes (PSOL) e aprovado por unanimidade na casa.

De acordo com Othon, de seus 86 anos, pelo menos 15 foram vividos em Salvador. Aqui ele fez parte da primeira turma da Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em 1959; foi um dos criadores da Sociedade de Teatro dos Novos, primeira companhia teatral profissional da cidade e ajudou a fundar o Teatro Vila Velha, no qual ele fez parte do elenco da primeira peça apresentada no local - Eles não Usam Black-Tie, em 1964.

"A emoção é muito grande. Não esperava. Primeiro foi um susto e depois uma grande alegria ser homenageado nesta terra que tanto amo. Quem tem raízes aqui não abandona nunca", disse o ator.

Morando em Salvador na década de 60, Othon foi contemporâneo de outros grandes artistas baianos, como Caetano Veloso, Gilberto Gil e Glauber Rocha. Apesar de estar na capital baiana numa época em que a cultura enfervecia por aqui, o ator se mudou para o Rio de Janeiro, mas sempre dava um jeito de voltar.

"A saudade sempre batia, tanto que sempre eu vinha aqui ver meus pais e minha avó, que moravam aqui no Porto dos Tainheiros, na Ribeira. O que eu gosto em Salvador é que tudo aqui é lindo. Voce aqui vira para um lado é bonito. Vira para o outro, é bonito também. É um excesso de beleza", brinca o ator. Othon Bastos recebendo o título (Foto: Gabriel Moura/CORREIO) Carreira Muito ligado ao teatro, onde fez e ainda faz diversas peças, Othon também se destacou no mundo das telenovelas, onde atuou, por exemplo, em Roque Santeiro. No cinema, o ator fez mais de 75 filmes, com destaque para sua atuação em "Deus e o Diabo na Terra do Sol", de Glauber Rocha, onde interpretou o lendário cangaceiro Corisco.

Este papel marcante rendeu homenagens ao ator durante a cerimônia de entrega do título. Diversas pessoas, fantasiadas de cangaceiros, entraram na Câmara dançando e cantando um forró que dizia "te entrego a Corisco, não me entrego não", o que emocionou muito o ator, mas ele fez uma leve crítica "do bem".

"Como a música diz, jamais me entregarei. E ninguém deve se entregar. Uma vez me disseram para ser tudo na vida, menos artista, e eu não ouvi. Eu só acho que, na apresentação, poderia ser incluída a última frase que Corisco diz no filme: 'o poder mais forte é o do povo'. Isso é algo que precisa ficar muito claro nos dias de hoje", disse o ator.

*Sob supervisão da editora Ana Cristina Pereira