Ator Paulo José, intérprete de Quincas Berro D'Água, morre aos 84 anos

Artista convivia com o Parkinson desde 1993, mas estava internado há 20 dias por causa de uma pneumonia

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  • Da Redação

Publicado em 11 de agosto de 2021 às 19:48

- Atualizado há um ano

. Crédito: divulgação
Em 1972, junto com Flávio Miggliaccio, Paulo José estrelou o icônico seriado Shazan, Xerife & Cia. por reprodução

Um artistas mais admirados e respeitados do Brasil, o ator Paulo José, faleceu nesta quarta-feira (11), no Rio de Janeiro. O ator tinha 84 anos. Ele estava internado há 20 dias e faleceu em decorrência de uma pneumonia. Paulo convivia com o Parkinson desde 1993.

O ator deixa esposa e quatro filhos: Ana, Bel e Clara Kutner, de seu relacionamento com a atriz Dina Sfat, além Paulo Henrique Caruso.

Destaque em produções marcantes da televisão e no teatro, além de uma carreira de sucesso no cinema, onde interpretou o personagem Quincas Berro D'Água, filme de Sérgio Machado baseado na obra de Jorge Amado. Durante as filmagens, na praia de Itapuã, Paulo José e Mariana Ximenes foram levados pela correnteza e quase se afogaram. A operação de resgate durou cerca de 20 minutos.

O diretor Ségio Machado lamentou a perda nas redes sociais:

  Um de seus últimos registros foi essa imagem no Instagram, publicada por uma de suas filhas (reprodução) Trajetória Paulo José Gómez de Souza nasceu em Lavras do Sul, interior do Rio Grande do Sul, em 20 de março de 1937. Teve o primeiro contato com o teatro ainda na escola, iniciando a carreira no teatro amador anos mais tarde, em Porto Alegre. No início dos anos 60, Paulo José foi morar em São Paulo e começou a trabalhar no Teatro de Arena, onde exerceu diferentes funções. A primeira peça em que trabalhou como ator foi Testamento de um Cangaceiro, de Chico de Assis, em 1961.

Estreou na Globo como ator na novela Véu de Noiva, de Janete Clair, em 1969. Seu primeiro grande personagem foi o mecânico-inventor Shazan, que formava uma dupla bem humorada com Xerife, personagem de Flávio Migliaccio, na novela O Primeiro Amor (1972), de Walther Negrão.

A dobradinha fez tanto sucesso que deu origem ao seriado Shazan, Xerife e Cia., escrito, dirigido e interpretado por Paulo e Flávio entre 1972 e 1974. Outros personagens marcantes foram o comerciante cigano Jairom em Explode Coração (1995), de Gloria Perez, e o alcóolatra Orestes de Por Amor (1997), de Manoel Carlos.

Ao longo de mais de 60 anos de carreira, atuou em mais de 20 novelas e minisséries, entre elas, Roda de Fogo (1986), de Lauro César Muniz; Vida, Nova (1988), de Benedito Ruy Barbosa; Tieta (1989), de Aguinaldo Silva, Ana Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares; Araponga (1990), de Dias Gomes, Ferreira Gullar e Lauro César Muniz; Vamp (1991), de Antonio Calmon; O Mapa da Minha (1993), de Cassiano Gabus Mendes; Agora é Que São Elas (2003), de Ricardo Linhares, escrita a partir de uma ideia original do próprio Paulo José; Senhora do Destino (2004), de Aguinaldo Silva; Um Só Coração (2004) e JK (2006), minisséries de Maria Adelaide Amaral e Alcides Nogueira; Caminho das Índias (2009), de Gloria Perez; e Morde & Assopra (2011), de Walcyr Carrasco.

Diretor Como diretor, participou de alguns episódios de ‘Casos Especiais’ na década de 1980, e das minisséries Agosto’(1993), adaptação de Jorge Furtado e Giba Assis Brasil do romance de Rubem Fonseca; Memorial de Maria Moura (1994), adaptação de Jorge Furtado e Carlos Gerbase da obra de Rachel de Queiroz; e Incidente em Antares (1994), adaptação de Nelson Nadotti e Charles Peixoto do livro homônimo de Erico Veríssimo. Ele também fez parte da equipe que implementou o programa ‘Você Decide’.

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Sempre ativo e atuante, mesmo depois de descobrir o Parkinson, doença que o acompanhou por mais de 20 anos, Paulo José sempre esteve preocupado com a valorização do ofício de ator no Brasil, sendo nome de destaque na luta pela regulamentação da profissão no final dos anos 70.

Mesmo com a carreira consolidada na TV, Paulo José nunca abandonou o teatro e o cinema. Na telona, participou de filmes importantes na história do cinema brasileiro, como Macunaíma (1969) e Todas as Mulheres do Mundo (1966).

Sua última e mais emocionante aparição na TV foi como o vovô Benjamin na novela Em Família (2014), de Manoel Carlos. Ele era o pai de Virgílio (Humberto Martins) e, como na vida real, seu personagem sofria de Parkinson.