Atualidade será marcada por doenças psicológicas, principalmente depressão

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Publicado em 18 de janeiro de 2019 às 13:30

- Atualizado há um ano

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Por que estamos vazios? Por que, se nós interagimos o tempo inteiro nas redes sociais com familiares, amigos e colegas? Hoje, não estamos mais sós, mas estamos inteiramente vazios. Parece que nunca houve no mundo um momento tão conectado e, ao mesmo tempo, tão sem sentido.

Nos últimos 40 anos, a internet que conhecemos nasceu, cresceu e hoje é praticamente uma necessidade básica. Nesse mesmo tempo, o índice de suicídios no mundo aumentou cerca de 60%, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). James Hillman, estudioso da psicologia arquetípica, aponta que o vazio, o “estar sem sentido”, é um dos fatores que influenciam no suicídio.

Esse vazio amedronta o mundo. Alguns cientistas já afirmam que assim como a Idade Média foi marcada pelas doenças biológicas, a atualidade será marcada pelas doenças psicológicas, principalmente a depressão.

Dietmar Kamper, estudioso da comunicação, sempre nos falou sobre como o mundo está em um processo de “Ocidentação”, ao invés de “Orientação”. Ao nos orientar, seguimos a luz do sol (o oriente é a terra do sol nascente). Ao nos ocidentar, estamos correndo atrás de um sol que já se pôs. Estamos na escuridão. Precisamos e buscamos as luzes dos aparelhos, porém, sem sentido, sem direção alguma, já que eles apontam para diversas direções.

Curiosamente, o “vazio” do mundo oriental é muito diferente do “vazio” ocidental. No oriente, o kanji para “vazio” é a mistura dos kanjis “sol” e “porta”. Deixar a porta aberta para o sol entrar. Deixar o seu “eu” aberto para a luz de dentro brilhar. Permitir-se. É buscar o sol dentro de si. Isso é orientação. Por isso, o mundo ocidental tem uma dificuldade imensa de entender o "vazio" da meditação oriental. Daí caímos no pensamento “deixe sua mente vazia, não pense em nada, você está pensando” e acabamos por pensar em tudo e concluir que a meditação não está funcionando.

Se estamos na “Ocidentação”, estamos procurando as luzes fora de nós, nos aparelhos eletrônicos. Nesse processo, parece que a verdade não está mais dentro, mas fora, na mídia. Interagimos nas redes sociais para tapar buracos sociais; consumimos produtos para tapar buracos emocionais; buscamos o tempo inteiro tapar os buracos de dentro da alma com algo de fora dela. No fim, obviamente, nada funciona. Esquecer o que está dentro de nós é cair na imensidão do vazio ocidental.

Leonardo Torres é professor e doutorando em Comunicação e Cultura Midiática

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