Atualizações: as diferenças nas danças dos técnicos no Brasil e na Europa

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  • Clara Albuquerque

Publicado em 2 de outubro de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Estando longe, é preciso ter muita, muita disposição para acompanhar o troca-troca de técnicos dos clubes no Brasil. Na verdade, até morando no país é complicado. Desde que eu vim morar na Europa, há quase dois anos, por exemplo, o Bahia teve sete técnicos e o Vitória, seis. Pensando apenas em 2018, as equipes da elite brasileira trocaram de treinador 27 vezes. Somente Cruzeiro, Grêmio e Internacional mantiveram os técnicos com os quais começaram o ano. É impossível se manter atualizada com essa rapidez, minha gente!

Por aqui, a coisa é completamente diferente, o que não deve ser grande novidade pra ninguém. É bastante comum encontrar técnicos, há anos, no mesmo clube, e não só nos vencedores. Claro, é fácil pensar que a Juventus, heptacampeã italiana, tem o mesmo técnico há quatro temporadas, ou que Zidane ficou mais de dois anos no Real Madrid, vencendo três Ligas dos Campeões, mas são os exemplos de times grandes (ainda que menores que os clubes citados anteriormente) que mantêm seus técnicos, mesmo após anos sem títulos, que valem ainda mais. 

Vejam o caso de Mauricio Pochettino, técnico do Tottenham. Desde que chegou em Londres para comandar o time, em 2014, o argentino ganhou um total de zero títulos, mas começou a bater de frente com gigantes europeus com um futebol bastante atrativo. É considerado um trabalho de sucesso. Assim como o de Jurgen Klopp, à frente do Liverpool desde 2015. Tem título? Não tem. Mas isso não significa necessariamente fracasso. Para mim, essa é a ideia chave da história, ainda que os contextos possam ser diferentes: a falta de taças nem sempre está acompanhada de um fracasso. Um conceito bem menos difundido no Brasil, para ser boazinha, concordam? Ou vocês teriam dificuldade em imaginar, por exemplo, que uma derrota numa final de campeonato (no caso, na Liga dos Campeões, por 3x1 para o Real Madrid) após três anos no comando, sem nenhum título, já seria motivo suficiente para uma demissão no Brasil? Pois eu consigo visualizar o cenário tranquilamente.

Tudo isso não significa, no entanto, que aqui existe um modelo perfeito e que a melhor solução é sempre manter o técnico. O Manchester United, neste momento, por exemplo, não sai das manchetes europeias pela complicadíssima relação entre seu treinador e seus jogadores (o francês Paul Pogba, especialmente). Derrotas no início de temporada (a pior arrancada nos últimos 28 anos), uma desclassificação para um time da segunda divisão do país, declarações nada amigáveis de diversas partes, imagens dos treinamentos que demonstram o péssimo ambiente no clube e nada... 

Parece cada vez mais claro que o ciclo do técnico português já está encerrado, mas a demissão não vem (ou ainda não veio). A questão é que Mourinho teve seu contrato renovado até janeiro de 2020 com um salário por volta de 23 milhões de euros por temporada. Demiti-lo, e quebrar o contrato, significaria gastar muito, muito dinheiro. Se fosse no Brasil, dificilmente o United teria um problema desse tamanho já que os contratos costumam ter uma validade muito menor.

Clara Albuquerque é jornalista e correspondente na Europa