'Aumentar o uso da cloroquina pode provocar mortes em casa', diz Mandetta

Ex-ministro da Saúde avalia que deveremos ter mais 12 semanas de isolamento social

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  • Da Redação

Publicado em 18 de maio de 2020 às 09:32

- Atualizado há um ano

. Crédito: Marcelo Casal Jr/ABr

Grande solução apontada pelo presidente Jair Bolsonaro para o enfrentamento da pandemia do coronavírus, o uso da cloroquina em pacientes com quadro leve da covid-19 pode elevar a pressão por vagas em centros de terapia intensiva e provocar mortes em casa por arritmia, afirma o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta. 

Em entrevista à Folha, ele afirma que resultados iniciais de estudos que recebeu ainda no governo já indicavam riscos no uso do medicamento. 

“Começaram a testar pelos [quadros] graves que estão nos hospitais. Do que sei dos estudos que me informaram e não concluíram, 33% dos pacientes em hospital, monitorados com eletrocardiograma contínuo, tiveram que suspender o uso da cloroquina porque deu arritmia que poderia levar a parada [cardíaca].”

Ele diz ver na pressão de Bolsonaro pela cloroquina uma tentativa de estimular o retorno das pessoas ao trabalho. Para Mandetta, contudo, o país atravessou até o momento apenas 1/3 da crise e deverá ter pelo menos mais 12 semanas “duras” adiante. 

O ex-ministro também avaliou que a situação mais complexa hoje esteja no Pará. “É um estado que provavelmente vem agora com um número muito alto de casos, dobrando muito rápido e com sistema de saúde que vai ter que se desdobrar.”