Aumentos no preço da gasolina impulsionam a alta da inflação em maio

Em doze meses, o preço da gasolina ficou 21,48% mais caro no Brasil. Combustível foi o principal culpado pela elevação do custo de vida dos brasileiros

  • Foto do(a) author(a) Donaldson Gomes
  • Donaldson Gomes

Publicado em 9 de junho de 2018 às 04:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Marina Silva/CORREIO

Os gastos com energia elétrica e combustíveis foram os principais impulsionadores para o aumento no custo de vida no último mês de maio. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a inflação oficial do Brasil, ficou em 1,11% na Região Metropolitana de Salvador (RMS), acelerando fortemente em relação à taxa de abril (0,34%). O resultado ficou bem acima também do índice registrado em maio de 2017 (0,32%). A RMS teve a maior elevação no custo de vida do Brasil, cujo aumento médio foi de 0,40%.

Com o resultado de maio, a inflação acumulada este ano na Grande Salvador também acelerou,  para 2,10% (estava em 0,97% em abril), mantendo-se acima da média nacional (1,33%) também neste critério de avaliação. O resultado já se situa também num patamar mais alto que o acumulado no mesmo período em 2017 (1,38%). Nos cinco primeiros meses de 2018, o IPCA na RMS praticamente já alcançou o acumulado em todo o ano de 2017 (2,14%).

Nos 12 meses encerrados em maio, o IPCA chegou a 2,85%, maior que o registrado nos 12 meses encerrados em abril (2,05%) e praticamente se igualando à média nacional (2,86%).

Alta generalizada

Em maio, todos os nove grupos de produtos e serviços que compõem o IPCA tiveram aumento na Região Metropolitana de Salvador. Isso não acontecia desde janeiro de 2006.  As principais contribuições para a aceleração vieram dos gastos com Habitação (2,97%), Transportes (2,00%) e Alimentação e Bebidas (0,68%) - justamente os três grupos que costumam pesar mais nos orçamentos das famílias.

Entres os itens individuais, a energia elétrica (18,45%) foi o que mais puxou a inflação de maio na RMS, em virtude do reajuste nas tarifas, em vigor desde 22 de abril, aliado ao aumento na alíquota de PIS/Cofins. Além disso, desde o dia 1º de maio houve a mudança na bandeira tarifária de verde para amarela, o que elevou ainda mais o custo com o consumo energético.

Maiores vilões

Depois da energia, a gasolina (8,11%) e a cebola (44,69%) foram os produtos que mais contribuíram para alta do IPCA de maio na RMS. No caso da cebola, o aumento chega a 159,34% no acumulado no ano de 2018 - o maior dentre todos o itens investigados pelo IPCA em Salvador. No acumulado de janeiro a março, a cebola já aparece como a grande vilã, com alta de 46,16% na Região Metropolitana de Salvador (RMS).

Apesar do maior aumento nominal, a gasolina e a energia tiveram papéis mais significativos no aumento do custo de vida em Salvador. Enquanto a cebola respondeu por 0,14% do resultado, a gasolina foi responsável por 3,47% e a energia elétrica respondeu por 2,39%. Isso acontece porque, apesar de o reajuste do alimento ter sido maior, o combustível e a eletricidade costumam ter pesos maiores nos orçamentos familiares. 

Entre os itens em queda em maio, as principais influências no sentido de conter a inflação da Região Metropolitana vieram do açúcar cristal (-4,20%), das passagens aéreas (-6,90%) e do tomate (-6,64%). No ano, as passagens de avião tiveram queda acumulada de -18,84%, a segunda mais intensa, acima apenas do feijão fradinho (-19,00%).

Efeito da greve

Nacionalmente, o grupo Alimentação e Bebidas acelerou de um avanço de 0,09% em abril para um aumento de 0,32% em maio. Os itens, que respondem por 25% das despesas das famílias, passaram de uma contribuição de 0,02 ponto percentual para o IPCA de abril para um impacto de 0,08 ponto percentual da inflação. 

A alimentação consumida no domicílio subiu 0,36%, enquanto a alimentação fora de casa aumentou 0,26%. 

A greve dos caminhoneiros impulsionou os preços de alguns alimentos consumidos in natura, ressaltou Fernando Gonçalves, gerente na Coordenação de Índices de Preços do IBGE.

Gasolina aumentou 21,48% em 12 meses

O aumento nos preços dos combustíveis, acompanhando a política de reajustes de preços da Petrobras, tem pesado na inflação oficial do País nos últimos 12 meses. O grande vilão do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) nos últimos 12 meses foi a gasolina, com um aumento nas bombas de 21,48%, o equivalente a 0,81 ponto porcentual da taxa de 2,86% acumulada pelo indicador no período. 

O diesel subiu 19,78% em 12 meses, mas pesa menos na inflação ao consumidor, por isso o impacto se limitou a 0,03 ponto porcentual.

O gás de cozinha ficou 13,04% mais caro em 12 meses, uma contribuição de 0,16 porcentual para a inflação do período. Já o Gás Natural Veicular (GNV) aumentou 13,84%, impacto de 0,02 ponto porcentual.

A inflação de bens e serviços monitorados pelo governo acumulada em 12 meses ficou em 8,15% em maio. 

Em maio, os gastos das famílias com Transportes passaram de estabilidade em abril (0,00%) para avanço de 0,40% em maio.

O ministro da Fazenda, Eduardo Guardia, disse que o efeito da greve dos caminhoneiros no crescimento do país é temporário e que a economia voltou a funcionar com o restabelecimento do transporte. Em entrevista à Rádio Bandeirantes, o ministro disse que a economia voltou a crescer e que a média dos analistas está prevendo alta de 2%. 

Guardia criticou a falta de competição nas refinarias. “É um caminho que o Brasil precisa percorrer para ter um mercado mais competitivo e eficiente”, completou. Ele disse que os consumidores devem procurar os preços mais baixos.