Autora de The Handmaid's Tale é acusada de transfobia 

Margaret Atwood retuitou artigo que critica linguagem neutra; leitores rebateram escritora de O Conto da Aia

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  • Da Redação

Publicado em 20 de outubro de 2021 às 16:10

- Atualizado há um ano

. Crédito: divulgação

Autora da série literária The Handmaid’s Tale, a escritora canadense Margaret Atwood, 81 anos, tem sido acusada de transfobia depois que resolveu publicar e repercutir em suas redes sociais um artigo que critica a linguagem neutra em termos de gênero. No texto compartilhado, a colunista Rosie DiManno afirma que o uso de determinados termos acaba por substituir a palavra ‘mulher’. “Por que não podemos mais dizer ‘mulher’?”, diz o título.

O material, entre outras coisas, relata que se referir a uma pessoa sem determinar seu gênero seria um ‘apagamento das mulheres’, o que torna ‘as pessoas bem-intencionadas sem palavras para que não sejam atacadas como transfóbicas ou de outra forma insensível às construções cada vez mais complexas de gênero’. DiManno também relata que a palavra mulher correria o risco de se tornar um palavrão e ser riscada do vocabulário oficial e expurgado das conversas.

Apesar de não ter colocado nenhum comentário no compartilhamento, a autora foi atacada. “Você pode dizer com certeza ‘mulher’, mas quando se trata de coisas que não apenas as mulheres têm há termos mais inclusivos e gentis”, disse uma seguidora. “Está brava, pois essa linguagem está finalmente começando a incluir pessoas como eu. Desapontado com você, mas não chocado”, escreveu outro. “Não estamos tirando nada de ninguém. Incluir pessoas que não foram incluídas antes e deveriam ser”, escreveu outro seguidor.

A escritora canadense não imaginava que O Conto da Aia, livro escrito por ela em 1985, faria tanto sucesso passados 35 anos. Mas ela foi rápida na medida certa ao dar uma sequência para a obra, em 2019. Em julho, assim como seu antecessor, Os Testamentos esteve entre os mais lidos da Amazon.

O sucesso chega bem no momento em que a série de TV baseada no livro, e estrelada por Elisabeth Moss, teve seu desfecho revelado. Até então, o enredo deu conta de narrar a história de June, uma aia (como são chamadas todas aquelas que vivem para a procriação) no centro de um governo teocrático, em que as mulheres perderam seu direito e sua identidade.

Em recente enttevista à Folha, Margaret Atwood faz muitas perguntas sobre Jair Bolsonaro. Ao ouvir que o impeachment se torna difícil porque o presidente controla a maioria da Câmara, ela retrucou.

“Ele acha que controla”, diz a autora canadense. “Quando uma figura assim começa a parecer fraca, as pessoas fogem para as montanhas. Dizem ‘ah, eu não gostava tanto assim dele’. Muitos seguem pessoas [como Bolsonaro] porque têm medo do que aconteceria com elas se não seguissem.”