Bahia: a invasão dos argentinos

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  • Armando Avena

Publicado em 13 de julho de 2018 às 05:05

- Atualizado há um ano

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Os argentinos invadiram a Bahia. Em 2017, mais de 100 mil hermanos vieram curtir a beleza e a cultura da nossa terra, um aumento de 42% em relação ao passado, representando 10% do total de residentes daquele país que vieram ao Brasil por via área. O dado impressiona e mostra o potencial turístico do estado que poderia ser mais explorado tanto pelo trade turístico quanto pelo poder público. O produto Bahia é o melhor do país em termos de turismo internacional e se fosse ampliada a rede de voos internacionais estaria entre os mais visitados destinos do mundo.  A Bahia perdeu a oportunidade de sediar vários “hubs” de empresas aéreas, está há muito tempo sem ter um Centro de Convenções, o aeroporto da capital passou anos abandonado e, ainda assim, permanece  como o 3º principal polo receptor de turistas estrangeiros do país por via aérea e porta de entrada dos turistas estrangeiros no Nordeste. Mesmo com todos esses problemas, a Bahia recebeu 157 mil turistas estrangeiros no ano passado, um aumento de 19% em relação a 2016, praticamente o dobro do fluxo turístico de Pernambuco. O problema é que o fluxo de turistas estrangeiros que se destina a Pernambuco está crescendo mais do que na Bahia e aumentou em 33% no ano passado, como resultado de uma política agressiva de atração de voos internacionais. A Bahia também tenta ampliar suas rotas internacionais e com a privatização do aeroporto de Salvador pode deslanchar esse processo, mas precisa ser mais agressiva. Precisa ser mais agressiva também no turismo marítimo, afinal, ninguém entende por que Pernambuco recebe duas vezes mais turistas estrangeiros por via marítima do que a Bahia.   Além disso, não se pode dar as costas ao turismo de negócios já que, sem o centro de convenções, o estado, que sediou 27 eventos internacionais em 2007, recebeu apenas sete no ano passado.  Os dados são do Anuário Estatístico do Ministério do Turismo 2018, divulgados esta semana, e mostram   que a Bahia tem enorme potencial turístico, mas precisa estabelecer políticas e ações efetivas para o setor.  Pode-se, por exemplo, ampliar o fluxo de argentinos, atraindo uma parte dos mais de dois milhões de hermanos que por ano aportam no Sul do país; dobrar o número de turistas europeus, especialmente os portugueses, e recuperar o mercado dos Estados Unidos, cujo fluxo turístico caiu de 2 mil americanos por ano para pouco mais de 150 turistas em 2017.  A Bahia é o maior polo de turismo estrangeiro do Nordeste, o 3º maior do país no modal aéreo, mas precisa abandonar o amadorismo e fazer turismo de forma profissional.

O patrimonialista e o TCA Se o leitor quiser assistir à melhor ópera do mundo, no melhor teatro do mundo, na melhor poltrona desse teatro, basta ir ao Lincoln Center, em Nova York, na alta temporada, e pagar cerca de 3 mil dólares para sentar na melhor poltrona do local. Mas poderá também, no mesmo teatro, pagar cerca de 30 dólares e sentar no 5º pavimento, atrás de uma coluna, onde muito mal se vê o nariz da soprano. Fica claro que os EUA é um país capitalista e nele é o dinheiro que define os privilégios.  No Brasil é diferente.  No Teatro Castro Alves, por exemplo, o melhor lugar da plateia, num patamar alto em frente ao palco, é cercado e não há dinheiro que pague as poltronas que ali estão, pois o local é reservado aos governadores e seus convidados. Fica claro que o Brasil é um país patrimonialista e nele é o poder estatal que define os privilégios, até porque o poder econômico se confunde e se embaralha com o poder do Estado. Não sei o que é melhor ou pior, mas é assim, com certo simplismo e um certo reducionismo, que explico aos meus alunos a diferença entre um país capitalista e um país patrimonialista.

O  deputado baiano e as  estatais Acabou no  dia 30 de junho o prazo previsto na Lei 13.303/2016, denominada Lei das Estatais, para que todos os entes públicos, inclusive os governos estaduais, ajustem suas empresas às novas regras previstas na lei, mas nada foi feito, nem na Bahia, nem na maioria dos estados. Um dos artigos da lei busca profissionalizar a gestão dessas empresas e proíbe indicações políticas para a diretoria e conselhos de administração. Mas uma emenda do deputado baiano José Carlos Araújo(PR), aprovada nessa quarta-feira em votação simbólica, revogou o artigo. Agora, o projeto vai para o Senado e, se for aprovado e não tiver o veto do presidente Michel Temer, tudo voltará a ser como dantes no quartel de Abrantes e o “quem indicou” voltará a ter importância nos currículos dos diretores de estatais baianas e brasileiras.

Prefeitura tem crédito A Prefeitura de Salvador assinou, esta semana, um contrato de USS 125 milhões com o Banco Mundial para as áreas de saúde, educação e assistência social, o primeiro contrato assinado com a tradicional instituição que financia projetos de desenvolvimento.  Antes, já havia assinado dois financiamentos com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e  negocia empréstimos com o Banco Interamericano de Desenvolvimento para a América Latina.  Para uma prefeitura que vivia inadimplente, como ficha suja no cadastro de maus pagadores, e não tomava empréstimos nem nacionais, nem internacionais, é um avanço digno de nota, afinal a prefeitura agora tem capacidade de pagamento e de endividamento.  Ponto para o chefe da Casa Civil da prefeitura, Luiz Carreira, que com sua larga experiência em negociação de empréstimos nacionais e internacionais, desde a época em que foi secretário de Planejamento do estado, montou um eficiente sistema de captação de recursos.

Investimento chinês na Bahia O primeiro investimento chinês na Bahia de grande porte não será na Ferrovia Oeste-Leste, nem na Ponte Salvador- Itaparica, mas sim em duas termoelétricas no município de Dias D’Ávila. O grupo chinês Jiangsu Communication Clean Energy Technology (CCETC) vai investir R$ 400 milhões no projeto, mas o retorno é certo e as empresas compradas começam a operar em outubro de 2020. Fica o recado: investidor chinês conversa, conversa, mas só coloca dinheiro em projeto com retorno garantido.

Os meninos da Tailândia ste cronista - e o Brasil inteiro - ficou comovido com a luta travada pelos meninos da Tailândia para saírem com vida da caverna em que ficaram encarcerados e foi bom ver a solidariedade de pessoas e países para com o drama que eles enfrentaram. Mas alguns neurônios impertinentes ficaram martelando em sua cabeça uma pergunta inoportuna: por que o Brasil se comove tanto ao ver em perigo a vida de 12 crianças no outro lado do mundo e não dá a menor atenção à vida de milhares de crianças da mesma idade que vivem aqui mesmo e cujas vidas se perdem todo dia nas violentas cidades brasileiras?