Bahia tem 200 casos suspeitos de Chikungunya

Estado confirma cinco casos de dengue africana e alerta para surto na Bahia

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  • Bruno Wendel

Publicado em 20 de setembro de 2014 às 14:18

- Atualizado há um ano

 Cinco casos de febre Chikungunya foram confirmados em Feira de Santana e fizeram a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) colocar a Bahia em alerta para um surto. A Chikungunya tem sintomas parecidos com os da dengue (febre, dor de cabeça e manchas vermelhas no corpo) e é transmitida pelo mesmo mosquito, o Aedes Aegypti, além do Aedes Albopictus. Uma diferença normalmente observada é que, em vez de dor muscular, como ocorre em pacientes com dengue, a pessoa infectada pelo vírus CHIKV (Chinkungunya) sente mais frequentemente dores nas articulações, além de inchaços no corpo. Essas dores articulares podem durar meses — não à toa, o nome da doença significa “andar curvado”, no idioma kamakonde, falado por tribos da Tanzânia, onde ocorreu o primeiro surto, em 1952.

Ainda não existe tratamento específico nem vacina disponível. “Por ser um vírus novo, a população está susceptível porque ainda não tem imunidade. A pessoa que tem (a doença) só terá uma vez, ao contrário da dengue, que pode ter quatro vezes, porque são quatro vírus diferentes”, explicou Alcina Andrade, superintendente de Vigilância e Proteção da Saúde da Sesab.

Surto

Segundo a Sesab, a Bahia tem hoje 200 casos suspeitos, registrados em Feira e Salvador. Os cinco confirmados são de 16 pacientes que tiveram amostras de sangue colhidas em Feira de Santana há 15 dias. Em Salvador, foram colhidas quatro amostras de casos suspeitos.

Dois foram descartados, um foi considerado inconclusivo, e vai passar por novos exames, e a quarta amostra foi coletada na quinta-feira e ainda será submetida a análise. As amostras são encaminhadas para análise no Instituto Evandro Chagas, no Pará, referência no país, conforme determinação do Ministério da Saúde.

“Nosso foco de trabalho é em Feira de Santana, mas o alerta é para todo o estado. Já foi lançado o alerta para as 417 secretaria municipais”, declarou, ontem, o secretário da Saúde do Estado, Washington Couto.

As suspeitas de Salvador foram registradas no Cabula e Cidade Jardim. Em Feira, foram no bairro Jorge Américo e no distrito de Jaguara. 

Tratamento

Segundo Alcina Andrade, a Bahia tem hoje um surto da doença, mas não há motivo para pânico. “A Chinkungunya raramente leva o paciente à morte. A taxa de mortalidade é baixíssima”, declarou Alcina.

A infectologista Ana Veronica Mascarenhas Batista, diretora médica do Hospital Couto Maia e professora da Escola Bahiana de Medicina, reforçou que o CHIKV não tem uma caraterística acentuada a letalidade. “Geralmente, os casos não evoluem para gravidade, mas 80% das pessoas que adquirem o vírus vão adoecer. A gente vai ter uma demanda grande nos serviços de saúde em geral, principalmente nas emergências, caso a infecção se espalhe”, disse Batista.

Assim como a maioria das viroses, a Chinkungunya não tem um tratamento específico para o vírus.

“O tratamento é todo sintomático, tratamento de suporte. Então, o manejo do paciente é todo simples, com antitérmico, para o alívio das dores. Vacina não existe em lugar algum. O tratamento pode ser feito em qualquer unidade de saúde, são pacientes que não vão demandar internação, porque a doença evolui para cura espontânea”, declarou Alcina Andrade, superintendente de Vigilância e Proteção da Saúde da Sesab.

Origens

A doença tem origem africana, tendo registrados surtos no Congo, em 1999-2000, e no Gabão, em 2007. Em 2005, a Índia e o Sudeste Asiático registraram mais de 1,9 milhão de casos.O Brasil registrou 37 casos em 2010, mas todos eles importados - quando o paciente adquire a doença em viagens para fora do país. “Estamos monitorando o vírus há dois anos. O Ministério da Saúde lançou um plano de contingência e a Bahia é um dos estados que tem que fazer uma busca ativa, pois o vírus entraria no território brasileiro a qualquer momento”.

E entrou. No ano passado, um surto avançou por diversos países da América Central e, na última terça-feira, o Brasil registrou os dois primeiros casos autóctones (quando o paciente não tem registro de viagens, o que prova que a doença foi contraída no país), no Oiapoque (AP). São pai e filha.