Bahia tem dois camisas 9 com faro de gol. Podem jogar juntos?

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Publicado em 27 de março de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Podem Fernandão e Gilberto jogar juntos? Foi a questão que martelou a cabeça de muitos torcedores desde que o Bahia anunciou que estava repatriando o atacante que, em 2013, deixou o Fazendão rumo à Turquia. A resposta é sim, porém depende. Confuso? Eu explico. Não é ideal começar uma partida com os dois centroavantes atuando juntos, mas pode ser uma alternativa interessante para responder a alguma situação específica de jogo.

Que os dois têm faro de gol apurado, disso ninguém duvida. Entretanto, os atacantes possuem características muitos distintas. Comecemos pelo artilheiro do Brasil em 2019. Gilberto tem mais mobilidade, gosta de sair da área para fazer tabelas e abrir espaços para meias e volantes e até mesmo de cair pelos os lados para tentar levar vantagem sobre os zagueiros. O atacante dá aos meias a possibilidade de uma bola enfiada no meio da defesa rival, pois ele gosta de se infiltrar entre os zagueiros para sair de cara para o gol.

Por outro lado, você dificilmente verá Fernandão se infiltrar no meio da defesa em velocidade, afinal ele não tem capacidade de vencer os zagueiros nesse quesito. Aos 31 anos, ele é aquele centroavante clássico, que incomoda os rivais jogando de costas para eles e fazendo o pivô. É a opção perfeita para segurar a bola enquanto os meias chegam para ocupar o campo de ataque. Em uma partida em que Enderson opte por sair jogando através da ligação direta, ele é a opção mais adequada. Além disso, Fernandão é excelente no jogo aéreo. 

Caso não tenha ficado claro, tomemos como exemplo o triunfo do Bahia sobre o Salgueiro, no último domingo, pela Copa do Nordeste, partida em que cada um usou seu ponto forte para balançar as redes. Primeiro Fernandão, que se deslocou no tempo perfeito para acertar uma cabeçada na cobrança de escanteio de Artur. Imposição física sobre a defesa, impulsão e testada perfeita. Ele voltaria a mostrar essas características mais tarde, em outra finalização de cabeça que passou muito perto do gol.

O gol de Gilberto envolve uma sofisticação diferente. Assim que a bola chega em Shaylon, ele posiciona o corpo e “avisa” ao companheiro que vai romper a linha de defesa. O meia entende o recado e coloca o centroavante na cara do gol com um leve toque por cima dos zagueiros. Ficou fácil para o camisa 9, que ainda mostrou toda sua categoria ao encobrir o goleiro. O entendimento desses dois jogadores somente no olhar, vale ressaltar, só é possível graças ao tempo de trabalho.

Você lembra da pergunta que abriu o texto? Ela é significativa. Mais do que um desejo de ver os dois juntos, o torcedor do Bahia não está acostumado a ver em seu time dois potenciais titulares para a mesma posição. É como se o Bahia não pudesse ter Fernandão e Gilberto no elenco porque um dos dois sentará no banco de reservas, quando o planejamento da diretoria é justamente esse, contar com dois atacantes de qualidade para suportar o calendário do futebol brasileiro. A eliminação precoce da Copa Sul-Americana não estava nos planos, é verdade, mas o tricolor ainda tem quatro competições até o fim da temporada.*Rafael Santana é repórter do globoesporte.com