Bahia terá 'baile sem máscaras' ao ar livre se covid mantiver recuo

Governo sinaliza suspender uso obrigatório de acessório em abril

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  • Da Redação

Publicado em 12 de março de 2022 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Nara Gentil/CORREIO

Após dois anos cobrindo bocas e narizes de milhões de baianos, o artigo que se tornou peça comum de vestuário desde o início da pandemia pode deixar de ser obrigatório nas áreas abertas em todo o estado a partir do mês que vem. Pelo menos é o que sinalizou na sexta-feira o governador Rui Costa (PT), ao indicar que, caso os números da covid continuem em ritmo de queda, em abril o uso de máscaras será exigido apenas em locais fechados, seguindo a tendência já verificada em várias parte do país e que divide opiniões sobre os riscos.

O governador, contudo, deixou claro que o relaxamento só ocorrerá se a pandemia continuar em declínio no estado. "Nós estamos otimistas, e tomara que esse otimismo de transforme em realidade", disse. Ainda de acordo com Rui, embora a covid tenha descido a ladeira, esse movimento entrou em marcha mais vagarosa.

"Os números continuam caindo, agora um pouco mais lentamente do que estavam antes. O número de internados também está  em queda, e se continuar assim até o final do mês, podemos iniciar abril com uma série de medidas de flexibilização", adiantou.

Apesar do otimismo com a queda de alguns indicadores da covid-19, o Conselho Estadual de Saúde da Bahia (CES-BA) observa que ainda não estamos numa situação confortável para a flexibilização do uso de máscaras no estado. O órgão defende que seja mantida na Bahia a obrigatoriedade do uso deste equipamento de proteção individual e coletiva. "A pandemia não acabou e os avanços até aqui não podem ser desperdiçados", alerta a entidade, por meio de nota.

Em comunicado, o Conselho destaca também que é importante lembrar, ainda, que o uso de máscaras é obrigatório no país, conforme a Lei Nacional nº 14.019/2020. Recomenda-se, fortemente, a manutenção do uso no transporte público, salas de aula, hospitais e demais unidades de saúde, salas de espera e todos os ambientes fechados, onde o risco de disseminação e contaminação é maior.

"Há medidas mais importantes que merecem o foco no momento, como a mobilização para uma maior cobertura vacinal da dose de reforço. O percentual de população que ainda não tomou a 3ª dose na Bahia não dá tranquilidade para a retirada das máscaras. A vacinação contra a covid-19 e demais doenças segue sendo a saída para que as flexibilizações sejam possíveis em breve", avalia o Conselho.

Para o professor de imunologia e alergologia da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Celso Sant’anna, é preciso cautela. Ele concorda com a suspensão da obrigatoriedade do uso de máscaras em locais abertos, mas afirmou que abolir em ambientes fechados ainda é precipitado. 

Precipitação

Na contramão do que recomendam os especialistas, a prefeitura de Porto Seguro, no Extremo-Sul da Bahia, decidiu retirar a obrigatoriedade de máscaras em ambientes abertos e espaços públicos. O decreto, que já está em vigor, foi publicado no Diário Oficial do Município na sexta-feira.

A cidade tem como secretária de Saúde a médica Raíssa Soares, que ficou conhecida como Doutora Cloroquina por defender o tratamento precoce com medicamentos comprovadamente ineficazes no combate à covid e pelo alinhamento com o presidente Jair Bolsonaro (PL).

A decisão vale também para as vias públicas, barracas e restaurantes nas praia de toda a cidade.  Para os locais fechados, no entanto, a utilização da máscara continua sendo  obrigatória, assim como em locais de trabalho com mais de uma pessoa e em veículos de transporte coletivo urbano. Até sexta, Porto tinha 319 casos ativos de covid e 20% de ocupação nas UTIs.

Bruno Reis rebate filho de Bolsonaro após críticas

A polêmica envolvendo a suspensão do uso obrigatório de máscaras originou uma troca de farpas entre o deputado federal  Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil). Na manhã de sexta, o filho do presidente publicou post no Twitter no qual critica Reis  por respeitar o decreto estadual que mantém o uso do equipamento. De pronto, o prefeito rebateu a postagem do parlamentar em tom duro.

O prefeito respondeu à provocação. "Sempre, durante a pandemia, ficou evidente a discordância de entendimentos e posição minha e do presidente e sua família. Prefiro ficar ao lado das famílias das mais de 600 mil pessoas que morreram ao longo da pandemia e que perderam entes queridos. Não me arrependo de nada do que fiz até aqui e do que estou fazendo”, disse.

Na resposta, Bruno Reis citou o corte de recursos federais para manter leitos de UTI exclusivos para covid-19. "Eduardo Bolsonaro deveria se preocupar em garantir o pagamento dos leitos das UTIs do mês de março. Se fosse um filho ou filha dele que estivesse na UTI, não estaria falando essas merdas", disparou.

O prefeito disse ainda que os números da pandemia já permitem a flexibilização das regras para uso de máscaras, mas que, conforme decisão do Supremo Tribunal Federal, os decretos estaduais se sobrepõem aos municipais, por isso, aguarda uma posição do governador Rui Costa.

Baile do adeus em três atos1. Liberação Geral  Rio de Janeiro e Mato Grosso do Sul foram os primeiros estados a abolir totalmente o uso obrigatório de máscaras, independente de espaços abertos ou fechados, públicos ou privados;

2. Cautela paulista Na quarta-feira, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), retirou a obrigatoriedade no estado, mas só em espaços aberto;

3. Prudência mineira No mesmo compasso de São Paulo, Minas Gerais flexibilizou desde sábado o uso de máscaras  nas áreas ao ar-livre.