Baianas de acarajé prestam queixa de crime virtual

Elas afirmaram que o compartilhamento das fotos compromete o trabalho e a imagem das profissionais

Publicado em 11 de fevereiro de 2019 às 22:22

- Atualizado há 9 meses

. Crédito: Foto: Marina Silva/CORREIO
Baianas de acarajé prestam queixa de crime virtual por Foto: Marina Silva/CORREIO

Seis baianas que trabalharam na festa de aniversário de 50 anos da diretora da revista Vogue, Donata Meireles, em Salvador, foram à 1ª Delegacia da Polícia Civil (Barris), nesta segunda-feira (11), registrar uma ocorrência de crime virtual. Em coletiva no Memorial das Baianas, elas afirmaram que o compartilhamento das fotos compromete o trabalho e a imagem das profissionais.

Nas fotos que viralizaram, as dez baianas contratadas aparecem em pé ao lado dos convidados da diretora da Vogue, cuja festa aconteceu no Palácio da Aclamação, na sexta-feira (8). Todas elas aparecem, alternadamente, nas imagens. Elas reclamam que foram chamadas de “vendidas”, “omissas” e “abestalhadas” em postagens diversas. Por isso, afirmam ser vítimas de crime virtual e pedem a exclusão de qualquer postagem em que sejam difamadas.

Ana Cássia, 37, conta que não tem comparecido ao tabuleiro guiado por sua família há 112 anos e coordenado por ela há cinco meses, no Farol da Barra, por “medo”.

“Esse povo é maldoso. Fala mal da gente sem conhecer a realidade. Se uma pessoa de pele branca me contratar, eu não vou porque ela é branca e ela é rica? Isso não existe?”, afirmou.

No dia seguinte à festa, ela percebeu que, nas redes sociais, aparecia em quase todas fotos. Mas não deu importância até que o irmão avisou: “Uma senhora te acusou de vendida”. Foi aí que ela percebeu que havia também críticas às baianas.

“Mas nada foi imposto a nós, recebemos por estar lá. Fazemos receptivos e trabalhamos com tabuleiros. Fomos trabalhar naquela noite como um trabalho normal. As pessoas que estão fazendo esse compartilhamento comprometem nosso trabalho e nossa fonte de renda”, complementa Érika Rigaud, 32 anos, 17 deles dedicados ao ofício.

O trabalho do qual fala Érika é a presença em festas e eventos em geral, um acréscimo para sua renda há cinco anos. Com a repercussão das fotos, elas temem perder novos contratos. Temem também as ofensas recebidas desde que apareceram nas fotos compartilhadas.

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Nesta terça-feira (12), as baianas retornarão à delegacia para conversar com a delegada Rogéria da Silva Araújo, titular da unidade, ausente no momento da denúncia. A delegacia não comentou o caso.

O advogado Jair Jaloreto, especializado em crimes na internet, explicou que o caso pode, sim, ser tipificado como crime virtual. Isso porque, na situação, há “ofensa direta à pessoa”. A pena varia de um a seis meses. Se agressão estiver relacionado a racismo ou direcionado a idosos, a pena pode chegar a três anos.