Baianos mudam planos e arranjam novas alternativas para curtir o feriadão

Por conta da greve da PM, quem tinha o feriadão todo planejado teve que fazer alterações na programação

  • Foto do(a) author(a) Alexandre Lyrio
  • Alexandre Lyrio

Publicado em 19 de abril de 2014 às 09:42

- Atualizado há um ano

Tinha tudo para ser a Sexta-Feira da Paixão mais triste dos últimos anos, mas Salvador acabou vivendo uma espécie de Sábado de Aleluia antecipado. Com o fim da greve da Polícia Militar, na quinta-feira, a capital baiana finalmente começou a voltar à rotina, ontem. Nas praias ou na fila do ferry, nos ônibus, bares ou supermercados, a população dava graças e até comemorava.

Em pleno feriado, o efetivo de policiais somados a 7,5 mil homens das Forças Armadas e da Força Nacional que permaneceram na ativa não preenchia as ruas como num dia normal, mas o sentimento geral era de alívio. O vendedor Bruno Furtado, 25, frequentador assíduo do Porto da Barra, enfim se sentiu seguro para dar um mergulho ontem. Brindou o fim da greve com a amiga, a costureira Rosane Costa, 31, em um cenário bem diferente dos dois dias anteriores, quando as areias e águas calmas do Porto ficaram desertas. “Fui ao supermercado na quarta-feira e o comentário era de que tava rolando arrastão exatamente aqui no Porto. Me tranquei em casa e não saí mais. Hoje vim tranquilo”, disse Bruno, morador da rua Princesa Isabel. No calçadão, uma unidade móvel da PM servia de base para dois policiais, enquanto um terceiro observava os banhistas lá de cima. “Por enquanto, no meu plantão, tá tudo tranquilo”, disse o soldado, sem se identificar.   Por causa da greve, muita gente que quinta-feira faria a travessia Salvador-Itaparica, somente ontem teve coragem de embarcar no ferry ou na lancha que leva até Mar-Grande. “Minhas coisas estavam prontas para a viagem desde ontem (quinta). Mas a cidade estava entregue aos ratos, né?”, destacou a aposentada Ionice dos Santos, que embarcava com a filha e o neto de 2 anos. A presença de homens do Grupamento de Fuzileiros Navais (Comércio), além de quatro PMs, dava ainda mais tranquilidade aos usuários do Terminal Marítimo. “Estamos aqui para manter a ordem. Tudo está funcionando bem”, assegurou o fuzileiro Jonathan Lemos. “Como tava  não podia ficar”, completou a contabilista Eliana Moreira, 58, ansiosa para chegar logo na aprazível Barra do Gil. “A essa hora já era pra eu tá comendo minha moqueca na ilha”, suspirou.Aos poucosApesar da frota reduzida, por conta do feriado, os ônibus circularam normalmente.  O conferente Fernando Boaventura, 44 anos, foi de ônibus de Simões Filho até o Parque da Cidade com os filhos de 2 e 12 anos. O local estava bem vazio e sem policiamento, mas a família curtia a sexta-feira do mesmo jeito. “Pelo visto, tem gente ainda com receio de sair. Achei que ia ter mais gente. Mas, aos poucos, o povo toma coragem”, afirmou.         Em pleno feriado, mercadinhos de bairros populares abriram as portas. Os donos de estabelecimentos que foram saqueados ainda tentavam voltar à vida normal. O Supermercado Todo Dia, em Castelo Branco, já entrava no seu terceiro dia fechado, porque teve suas gôndolas, caixas e mercadorias roubadas ou destruídas. Mesmo após o fim da greve, na madrugada de ontem sofreu um arrombamento.   “O pessoal ainda está tentando se arrumar. Mas, em breve, vai voltar a abrir todo dia”, brincou um dos seguranças do estabelecimento. Os que se livraram dos saques, seja peixarias, armarinhos, bares ou oficinas funcionaram normalmente. A oportunidade para José Paulo dos Santos, 51 anos, comprar, enfim, seu almoço de Sexta-Feira Santa. “Comprei R$ 10 de cavala, meu amigo. Não pude comprar antes porque ninguém era maluco de sair na rua para tomar um pipoco, né?”.