Baianos vão de van: transporte está em oito a cada nove cidades da Bahia

Segundo pesquisa do IBGE, vans são transporte mais presente no estado e alcançam 85,1% dos 417 municípios baianos

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  • Mario Bitencourt

Publicado em 6 de julho de 2018 às 03:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Marina Silva/CORREIO

Vans são o tipo de transporte mais presente em cidades da Bahia: estão em 85,1% dos municípios (Foto: Marina Silva/CORREIO) Todo dia, a aposentada Sandra Martins, 56 anos, embarca numa van entre os bairros da Calçada e de Pero Vaz, em Salvador. “Eles colocam até televisão e ar-condicionado para chamar a atenção da gente. Acho que o transporte é mais confortável”, diz. A preferência pelas vans - que em Salvador não são regulamentadas  - não é exclusividade de Sandra. Na Bahia, esse tipo de transporte é o mais presente. Está em oito a cada dez cidades (85,1%).

É o que diz a Pesquisa de Informações Básicas Municipais (Munic), do IBGE, divulgada nesta quinta-feira (5) com dados de 2017. No ano passado, 53,5% dos 5.570 municípios do país tinham a van como principal meio de transporte.

A presença das vans na Bahia, em porcentagem, é a quinta maior do país. Em primeiro vem  Alagoas, com 96,1% (102 cidades), depois Ceará, com 94% (184 cidades), Amapá, com 93% (16 cidades) e Pernambuco, com 88,6% (185 cidades).

No interior do estado, as vans não só são preferência como, em muitas situações, são  a alternativa possível de transporte. Em Vitória da Conquista, no Centro-Sul, a auxiliar de laboratório Vanessa Lima Santos, 23, usa uma van para ir ao trabalho.“Os ônibus sempre foram demorados e nos acostumamos a usar as vans. É um transporte que sabemos que é ilegal, mas que não nos mete medo. Ao menos os motoristas com quem ando são muito responsáveis”, diz Vanessa.Em Salvador, no entanto, a aposentada Sandra anda atenta. É que, apesar do conforto e rapidez, ela acredita que o transporte é inseguro. “Eu já fui assaltada duas vezes. Então, fico de olho quando entro no carro”, conta.

Outros modais Na Bahia, logo depois das vans, aparecem os táxis, que estão em 73,6% dos municípios do estado (305). Em nível nacional, os táxis são o meio de transporte mais presente, operando em 73,8% dos municípios (4.110 cidades).

Tanto na Bahia quanto no Brasil, os mototáxis são o terceiro meio de transporte mais comum, operando em 71,5% das cidades baianas  e em 46% das brasileiras.

Os ônibus municipais vêm apenas em quarto lugar, presentes em menos de um em cada três municípios, tanto na Bahia (28,8% ou 120 cidades na Bahia) quanto no Brasil (30,1% ou 1.679 municípios).

O metrô é o menos comum no Brasil, presente em apenas 20 municípios - incluindo Salvador. Já as ciclovias  estão presentes em apenas 34 cidades baianas (8,2%). A aposentada Sandra Martins, 56 anos, usa vans todos os dias em Salvador (Foto: Marina Silva/CORREIO) Regulamentação Ter a van como principal transporte não é algo que se pode avaliar como bom ou ruim, segundo a gerente da pesquisa Munic do IBGE, Vânia Pacheco:“É algo que cabe ao poder público dizer se está atendendo às necessidades locais”, aponta Vânia Pacheco.No caso do transporte por vans observado pelo IBGE, a regulamentação cabe à prefeitura, porque elas circulam somente dentro das cidades. Na Bahia, a Agerba regulamenta e fiscaliza apenas o transporte intermunicipal.

No estado, há locais em que as vans são regulamentadas e outros em que são consideradas clandestinas. Em Vitória da Conquista, moradores convivem, ao mesmo tempo, com vans legais e ilegais.

Da zona rural para a sede, elas são regulamentadas. Na área urbana, são proibidas, mas circulam. E ainda há as que saem de municípios vizinhos  - também ilegais.

A cidade é polo de saúde e educação regional e, diariamente, atrai gente como a aposentada Nilvânia Simão de Souza, 69, que faz uma viagem de duas horas entre Brumado e Conquista ao menos uma vez no mês, de van.

“É muito mais rápido e confortável”, ela diz, informando que paga R$ 25. A van que pega ela é uma das cerca de 400 que trafegam pela cidade diariamente, e que são oriundas de outras cidades. Lá, há 75 linhas de vans legalizadas. Entre legais e ilegais, são cerca de 200 vans - mais de 60% é ilegal.

*Colaborou Milena Teixeira, com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier