Balé Folclórico da Bahia faz nova vaquinha virtual

‘Corre o risco de fecharmos a porta definitivamente’, justifica Vavá Botelho

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  • Laura Fernades

Publicado em 18 de abril de 2021 às 13:22

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O Balé Folclórico pede socorro mais uma vez, mas agora é para evitar o fim da companhia de dança. “Corre o risco de fecharmos a porta definitivamente”, revela o diretor e fundador Vavá Botelho, 60 anos, que nesta segunda-feira (19) terá uma reunião com o conselho para decidir sobre o futuro do balé. Na tentativa de evitar o pior, Vavá reativou a vaquinha virtual iniciada no ano passado, mas que não alcançou a meta.

Com o apoio de artistas como Caetano Veloso, Glória Pires, Marisa Orth e Claudia Raia, a campanha chegou a arrecadar R$ 220 dos R$ 250 desejados em julho do ano passado. O valor quitou a maior parte das dívidas geradas entre março e agosto de 2020, mas de lá para cá a companhia teve novas despesas. Está, por exemplo, há quatro meses sem pagar a luz do Teatro Miguel Santana, sua sede no Pelourinho.

Sem arrecadar bilheteria desde março de 2020, por causa da pandemia, e sem realizar as turnês internacionais, suas duas principais fontes de renda, o Balé Folclórico ainda teve sua sede invadida duas vezes em março desse ano. “A gente ganhava em moeda estrangeira. Sem os espetáculos do Pelourinho, só sobrou o apoio do Fundo de Cultura que, apesar de importantíssimo, não cobre as despesas que a gente tem”, explica.

O balé custeia parte das despesas fixas como água, luz e segurança com uma ajuda de R$ 33 mil mensais, recebidos pelo Fundo de Cultura da Bahia, mas o valor não é suficiente para manter a companhia que já formou mais de 800 bailarinos em 33 anos de história. As bolsas-auxílio dos alunos, por exemplo, foram suspensas e Vavá revela que está se desfazendo de suas coisas para manter o balé vivo.

“Estou vendendo coisas minhas, bens próprios conquistados antes mesmo do balé. Comprei um terreno como forma de investimento de vida com meu primeiro salário e tive que me desfazer por um décimo do valor”, lamenta. “Chega a um ponto que cansa. São 33 anos de muita luta e muita batalha pra fazer um papel que deveria ser do governo municipal, federal e da iniciativa privada”, desabafa.

O balé, continua Vavá, “é um trabalho extremamente importante para o estado” e, mesmo sendo uma companhia privada, “leva o nome da Bahia”. “A gente chegou a uma situação muito complicada, não tem mais de onde tirar dinheiro. Chega uma hora que desanima. Corre o risco, sim, de fecharmos a porta definitivamente”, lamenta.

Virtual Antes da pandemia, o Balé Folclórico passou 26 anos se apresentando de forma ininterrupta no Pelourinho, de segunda a sábado, o ano inteiro. “Vivemos do turista internacional, era de onde vinha a maior receita”, conta o diretor. A companhia que tinha sido a escolhida para fazer a reunião de abertura do Brics, na Rússia, faria uma turnê na China e já tinha 80 espetáculos fechados, antes da quarentena se instaurar.   Apesar de praticamente desfeito, o balé segue com atividades virtuais. Além de manter desde março de 2020 as aulas abertas ao público em seu Instagram (@bfdabahia), o balé foi aprovado em dois editais da Lei Aldir Blanc e disponibilizou publicamente todo o seu acervo de imagem com coreografias, espetáculos e entrevistas para fonte de pesquisa, em seu canal no YouTube. 

Além da ação apoiada pelo estado, realizou pequenas intervenções no Teatro Miguel Santana com a ajuda da prefeitura. “Não eram valores grandes, mas ajudou muito”, comemora Vavá. “Quero que o balé volte a funcionar. Só não sei até que ponto a gente vai aguentar esperar que tudo volte ao normal”, diz.

*O Jornal CORREIO abraça a causa do Balé Folclórico da Bahia