Balé TCA homenageia 80 anos de Gil no espetáculo Viramundo

Montagem será encenada de sexta (1º) a domingo (3) no Teatro Castro Alves

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  • Roberto Midlej

Publicado em 28 de junho de 2022 às 06:00

. Crédito: Foto: Mauricio Serra/divulgação

Já faz um bom tempo que o BTCA (Balé Teatro Castro Alves) não consegue reunir todos os seus dançarinos no palco. Mas desta sexta-feira a domingo (1º a 3 de julho), esses 25 artistas estarão no Teatro Castro Alves para homenagear os 80 anos de Gilberto Gil, completados no último domingo, 26. A companhia preparou especialmente para a data o espetáculo Viramundo, uma criação da diretora artística do BTCA, Ana Paula Bouzas, com direção e criação coreográfica de Duda Maia e música original do maestro Bira Marques, da Orquestra Afrosinfônica.

Para compor as músicas que integram a montagem, Bira teve um encontro de quase três horas com Gilberto Gil, na casa do músico. Lá, resgataram as lembranças do compositor, que, embora tenha nascido em Salvador, viveu seus primeiros anos em Ituaçu, no sudoeste baiano. "Antes, havia tido conversas com pessoas que conhecem o trabalho de Gil, como Dori Caymmi e Roberto Sant'Ana. Depois, a conversa com o próprio Gil 'fechou' tudo que eu buscava para compor", diz Bira. Foto: Mauricio Serra/divulgação O maestro, que estará acompanhado dos 25 músicos da Afrosinfônica no palco para executar a trilha ao vivo, divide suas composições no que ele chama de três "movimentos": Sertão, Tropicália e Expresso 2222. No Sertão, por exemplo, está a música João Bonito, que leva o nome de um vendedor de redes de quem Gil lembrou na conversa com Bira."O Sertão é o começo de tudo [na vida de Gil]. Depois, vem a Tropicália, que ele me disse como nasceu, contou histórias que não conhecia e me revelou o fundamento do Tropicalismo. E o Expresso 2222 é o 'trem do futuro'", observa BiraNaquele encontro com Gil, Bira estava acompanhado também do cantor e compositor Russo Passapusso. "Ele foi comigo por duas razões: por ser meu grande amigo e também por ser uma pessoa criada no sertão, como eu e Gil", argumenta Bira. Russo escreveu a letra de uma das canções que está na trilha.

A maior parte das músicas é instrumental, mas Capinan foi convidado para dar letra a outra faixa, que tem entre seus versos o seguinte trecho: "Ê, sanfona na mão/ Eu vim para mudar o mundo/ Em festa, trabalho e pão". Mas Bira diz que gosta muito é de outra parte: "Sua inspiração é o povo brasileiro", escreve Capinan sobre o que inspira Gil. Duda Maia (foto: Renato Mangolin/divulgação) Abraço Para compor, Bira também conversou muito com Duda Maia. Um dos pedidos da diretora foi que, em algum momento, as músicas remetessem ao contato físico que ocorre entre os bailarinos em cena: "Trabalhamos muito o contato e há muitos abraços em cena. Isso nos faz lembrar de Aquele Abraço [canção de Gil] e remete a esse amor que Gil é, de quando ele fala da família, de amigos, esse sujeito carinhoso".

Duda é do Rio de Janeiro, foi bailarina e tem experiência na direção de musicais como Elza - sobre Elza Soares - e Jacksons do Pandeiro, inspirado na vida do músico pernambucano.Ana Paula Bouzas explica por que a convidou: "Conheço Duda há muitos anos e, como eu, ela é uma mulher dança. Dirigiu musicais e trabalhou com ícones da MPB".Duda foi também diretora artística do show Planeta Fome, de Elza Soares.

Ana Paula acrescenta que, por sua experiência, Duda é capaz de explorar bem a diversidade que, segunda a criadora de Viramundo, marca o BTCA. "Como coreógrafa e artista, ela pode ter um olhar atento sobre essa diversidade do balé, que tem profissionais desde a faixa dos 20 anos até a faixa dos 60". A diretora observa que alguns bailarinos estão na companhia desde a sua fundação, há 41 anos.

Duda diz que concebeu uma montagem que pode sensibilizar a todos, mesmo aqueles que não tem muita intimidade com a dança: "É um espetáculo que não é muito virtuoso, mas simples. Acho muito difícil haver um brasileiro que não tenha uma história com a musicalidade de Gil. O espectador vai ver Viramundo e vai lembrar de algo seu".

SERVIÇOVIRAMUNDO

Quando: 1, 2 e 3 de julho de 2022, sexta e sábado 21h; domingo 20hRecepção da camerata Quarteto Novo da OSBA: 2 de julho, 20h30; 3 de julho, 19h30Onde: Sala Principal do Teatro Castro AlvesQuanto: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia), filas A a Z11Classificação indicativa: 12 anos É terminantemente proibida a entrada após o início da sessão

VENDAS Os ingressos para o espetáculo podem ser adquiridos na bilheteria do Teatro Castro Alves ou no site e aplicativo da Sympla