Bancos se unem à ONU para elaborar guia sobre mudanças climáticas

Itaú Unibanco e Bradesco estão entre as instituições que irão avaliar oportunidades e riscos ligados ao aquecimento global

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  • Murilo Gitel

Publicado em 10 de maio de 2018 às 06:08

- Atualizado há um ano

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Dezesseis bancos dos quatro continentes, entre eles os brasileiros Itaú Unibanco e Bradesco, uniram-se recentemente à Iniciativa Financeira da ONU Meio Ambiente na elaboração de uma metodologia desenvolvida para aumentar o entendimento das instituições financeiras sobre o impacto das mudanças climáticas e da ação pelo clima em seus negócios.

Esse entendimento é fundamental para permitir que os bancos sejam mais transparentes sobre sua exposição aos riscos e às oportunidades relacionados às consequências do aquecimento global, em linha com a Força-Tarefa sobre Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima (TCFD, na sigla em inglês). 

Também ajudará nas estratégias dos bancos para se beneficiar da transição para uma economia de baixo carbono e em seu engajamento com clientes nesse sentido. Segundo a ONU Meio Ambiente, esse ponto é essencial, uma vez que os riscos e oportunidades relacionados ao clima surgem no setor financeiro principalmente nos serviços para clientes.

A metodologia e os materiais de apoio são o primeiro produto de um processo de colaboração promovido nos últimos dez meses. A iniciativa reuniu diversas áreas das instituições financeiras, incluindo risco de crédito, testes de estresse, sustentabilidade e desenvolvimento de negócios, com cientistas e especialistas em risco e gestão de investimentos.

Além de Itaú Unibanco e Bradesco, os bancos que estão liderando o trabalho e adotando a metodologia são: ANZ, Barclays, BBVA, BNP Paribas, Citi, DNB, National Australia Bank, Rabobank, Royal Bank of Canada, Santander, Société Générale, Standard Chartered, TD Bank Group e UBS.

Eles são orientados pelas consultorias Oliver Wyman, Mercer e Acclimatise, e apoiados por cientistas do Instituto Internacional de Análise de Sistemas Aplicados (IIASA) e do Instituto Potsdam de Pesquisas sobre o Impacto Climático (PIK).

Longo prazo

“Muitos desafios ambientais que o mundo enfrenta hoje, especialmente as mudanças climáticas, podem ser atribuídos a uma causa fundamental: o pensamento de curto prazo. Os mercados financeiros podem se tornar um catalisador da ação para a sustentabilidade, mas, para isso, precisam se orientar mais para o longo prazo”, disse Erik Solheim, chefe da ONU Meio Ambiente. “A beleza das diretrizes é encorajar organizações a considerar e divulgar os impactos de longo prazo. Precisamos dessa mudança de perspectiva para atingir o desenvolvimento sustentável. É por isso que, como ONU Meio Ambiente, estamos contentes de estar trabalhando com líderes tão comprometidos da indústria financeira”, completa.

A metodologia foi elaborada a partir dos conhecimentos, procedimentos e modelos de avaliação de risco já utilizados pelos bancos; e tem como objetivo permitir avaliações informadas de como as exposições ao risco — e a novas oportunidades potenciais — podem se desenvolver no futuro, sob vários cenários de mitigação climática.

A iniciativa também permite às instituições examinar os riscos e oportunidades em uma série de lugares e setores, e fornece visões de longo prazo que vão além do horizonte de testes de estresse de dois ou três anos.

Segundo a ONU Meio Ambiente, o progresso feito por meio da publicação dessas diretrizes é fundamental.“Através deste esforço altamente colaborativo de cientistas, profissionais de risco e especialistas em sustentabilidade, estabelecemos uma metodologia inovadora que servirá para sustentar a tomada de decisões e a alocação de recursos mais conscientes dos riscos climáticos”, disse John Colas, sócio e vice-presidente da consultoria Oliver Wyman.