Banda paulista O Terno lança ótimo álbum e faz show dia 23/08 no TCA

Linha Fina Lorem ipsum dolor sit amet consectetur adipisicing elit. Dolorum ipsa voluptatum enim voluptatem dignissimos.

  • Foto do(a) author(a) Hagamenon Brito
  • Hagamenon Brito

Publicado em 22 de abril de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: .

Com uma musicalidade rica e autoral nascida no indie rock e que acabou por ultrapassar gêneros e rótulos musicais, a banda paulista O Terno lança, amanhã, o seu quarto e ótimo álbum, "atrás/além". A banda paulista OTerno lança, amanhã, nas plataformas digitais o seu quarto álbum em dez anos de carreira: "atrás/além" (foto/Biel Basile/Div.) Os arranjos, sofisticados e pop ao mesmo tempo, atestam a maturidade do trio formado pelo guitarrista, vocalista e principal compositor Tim Bernardes, o baixista Guilherme d’Almeida e o baterista Biel Basile.

A turnê de lançamento do álbum, que tem os convidados internacionais Devendra Banhart e Shintaro Sakamoto na faixa Volta e Meia, começa dias 17, 18 e 19 de maio no Auditório Ibirapuera, em São Paulo, e passa pelo Circo Voador, Rio (25/05); Festival Primavera Sound, Porto, Portugal (8/06); Theatro José de Alencar, Fortaleza (15/06); Ópera de Arame, Curitiba (5/07); Theatro São Pedro, Porto Alegre (26 e 27/7); Sesc Palladium, Belo Horizonte (17/08); Teatro Castro Alves, Salvador (23/8); e Rock in Rio, Palco Sunset (6/10). Confira entrevista com o talentoso Tim Bernardes.

Como você vê a caminhada discográfica do grupo, esse álbum em relação aos outros três?

Agora quando vejo ou ouço alguma coisa dos outros discos, eu os sinto bem diferentes, as mudanças. Ao longo do processo sempre tem algo muito gradual. As coisas da vida, às vezes, influenciam na composição. A partir do Melhor do Que Parece (2016), sinto uma quebra maior em direção a uma liberdade musical mais completa, sabe? De não ser uma banda disso ou uma banda assim. A gente realmente está fazendo música, nós três, do jeito que der na telha, como a gente gostar, e sem restrição de assunto, de pegada, de nada disso. Eu enxergo como se ele tivesse chegado num ponto que se iniciou lá no primeiro disco, como se ele tivesse colado o grau de uma etapa de formação. Muita coisa rolou.

São dez anos de carreira. Vocês começaram adolescentes. A idade altera muitas coisas...

Agora tenho 27 anos, vida adulta, os 30 estão chegando. Então, o disco tem muito a ver com isso, mais como um balanço geral, e de entender o que aconteceu até aqui na minha vida e para onde quero ir. Seja eu, Tim do Terno, seja eu um indivíduo num relacionamento ou um sujeito da minha geração, na minha época."A partir do Melhor do Que Parece (2016), sinto uma quebra maior em direção a uma liberdade musical mais completa, sabe? De não ser uma banda disso ou uma banda assim. A gente realmente está fazendo música, nós três, do jeito que der na telha, como a gente gostar, e sem restrição de assunto, de pegada, de nada disso".O que o teu álbum solo, Recomeçar (2017), trouxe para esse disco -  ou são compartimentos diferentes? 

Eu acho que Recomeçar foi um ponto de virada muito grande na minha vida. Tanto de tudo que eu aprendi no trabalho de fazer o disco, de botar em prática os arranjos que eu tinha em mente, tomar coragem de gravar  músicas que eram bem pessoais, de lançar coisas mais íntimas, lançar coisas menos rock’n’roll... De alguma forma, o rock consegue abafar o som da opinião alheia. Aí você faz uma coisa mais íntima, mais silenciosa e fica mais exposto. Parece que abriu essa porta de mostrar também esse lado mais terno. Então, acho que a gente chega no disco atual já realmente mais maduro. O novo álbum trabalha muito com contrastes, incluindo o próprio título e canções como Nada/Tudo e Profundo/Superficial.

O Terno sempre foi uma banda de contrastes, de música que vem uma porrada e depois fica calma. Ou uma música que é bonita, mas a letra é maluca e vice-versa. Nesse caso aqui, o disco chega num ápice dos contrastes dos caminhos até aqui.

Não são coisas em que uma exclui a outra, se dialogam e se complementam. É isso?

Somar coisas que talvez se excluiriam. Somar elas e inventar um jeito mais extenso.

Você falou de Recomeçar, que tudo representa uma fase. Qual seria a fase atual? Estás mais tranquilo do ponto de vista afetivo?

Acho que a fase retratada nesse disco é o ciclo amplo, é a fase como um todo. Porque uma coisa é você se apaixonar, se desiludir e depois surgir um novo amor. Esse disco vem depois de, tipo assim, a fênix morreu e renasceu, morreu e renasceu, e começou a entender que a vida nem sempre vai ser pela primeira vez. Na verdade, é compreender esses ciclos um pouco mais. Esse disco enxerga a coisa um pouco mais de fora. A própria capa, as três bolas que são os outros três discos. Tem muitos símbolos e referências pelo disco inteiro. Ele mistura esse desapego, esse fim, esses recomeços, seja nossa relação como banda, uma relação amorosa ou de uma relação com os pais, filho versus adulto. É uma série de coisas, uma fase pela qual quem está com 27 anos, como eu, também pode estar passando. Isso para abordar coisas universais."Baco (Exu do Blues) me procurou, me mandou uma mensagem. Eu tinha achado muito impressionante e muito coeso o disco anterior dele, de conceito muito forte. Então, mesmo que a gente esteja cada um num estilo, tem essa coisa de ver o álbum. E tem uma coisa de sofrência, muita coisa da música dele mais romântica tem no meu solo também".Me conta sobre as participações especiais de Devendra Banhart e Shintaro Sakamoto na faixa Volta e Meia

Fomos tocar num festival na Alemanha e Devendra e Shintaro também estavam no festival. O Devendra a gente tinha conhecido brevemente quando abrimos o show dele em São Paulo, e ele já tinha falado que gostava da banda, conhecia os clipes e tudo, então lá a gente bateu um papo. O Shintaro a gente conheceu pessoalmente lá. E todos curtiram o show um do outro, teve uma conexão. Mas, na época, não tinha nem a música e nem a ideia, ficou só uma admiração mútua. Aí veio essa ideia enquanto a gente estava no processo de fazer o disco, mandamos um e-mail para cada um, muito por uma questão de gostar, querer e fazer. Shintaro gravou no Japão, Devendra nos Estados Unidos, eles mandaram e a gente juntou lá no estúdio e deu no que deu.

Você tem feito colaborações com outros artistas, como Tiê, Paulo Miklos, Jards Macalé e Baco Exu do Blues. Têm sido legais? Você e Baco, por exemplo, parecem tão diferentes musicalmente (risos).

São experiências bem legais, porque ativam outro segmento na minha mente. No caso de Baco, eu me surpreendi. Ele me procurou, me mandou uma mensagem. Eu tinha achado muito impressionante e muito coeso o disco anterior dele, de conceito muito forte. Então, mesmo que a gente esteja cada um num estilo, tem essa coisa de ver o álbum. E tem uma coisa de sofrência, muita coisa da música dele mais romântica tem no meu solo também.

Veja o videoclipe da canção Pegando Leve

***

SALVADOR SOBRAL: É MELHOR SER ALEGRE QUE SER TRISTE Cantor e compositor português que ganhou maior visibilidade ao vencer o Festival Eurovisão de 2017 com a música Amar Pelos Dois (escrita por Luísa Sobral, sua irmã), Salvador Sobral, 29 anos, encanta no segundo álbum, Paris, Lisboa, disponível nas plataformas digitais.

Em relação ao disco de estreia, Excuse Me (2016), Sobral mostra ainda mais brilho como intérprete, o que de fato é o seu ponto forte, e maior acerto na escolha do repertório em português, inglês, espanhol e francês.  É um trabalho de tom mais solar, mais leve.

O fantasma dos problemas de saúde que levaram o cantor a fazer um transplante de coração, no final de 2017, é exorcizado logo na abertura do álbum com a intensa 180,181 (Catarse).

O jazz é a base musical de Sobral, mas ele não fica restrito a um estilo, como provam o neobolero Grandes Ilusiones, a energia contagiante de Anda Estragar-me os Planos, o piano pop e emocional de Playing with the Wind, a balada Mano a Mano (dueto com António Zambujo) e a versão do samba canção Ela Disse-Me Assim, do gaúcho Lupicínio Rodrigues (1914-1974).

No álbum anterior, ele já havia gravado um samba canção de um mestre brasileiro: Nem Eu, do baiano Dorival Caymmi (1914-2008). Aliás, Caetano Veloso, outro baiano ilustre, é uma das grandes influências de Sobral.  

Veja o videoclipe da canção Anda Estragar-me Os Planos