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Malu Fontes
Publicado em 18 de fevereiro de 2019 às 05:31
- Atualizado há um ano
Tido como já fora do governo desde a semana passada, o ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno (PSL), terá seu destino oficialmente anunciado nesta segunda-feira pelo presidente, Jair Bolsonaro. Dependendo da linha editorial e do nível de compromisso com o equilíbrio ou com o sensacionalismo, os veículos de imprensa brasileiros vêm dividindo-se entre duas narrativas. Uma: Bebianno sairá atirando no presidente e disposto a abrir a Caixa de Pandora da campanha eleitoral e dos bastidores do governo. A outra: o ministro caído sairá sem grandes estardalhaços verbais, pelo menos por enquanto, sob o argumento de que o país não merece que baixarias sejam fermentadas com declarações suas.
O anúncio oficial da demissão de Bebianno, o homem mais importante e o mais íntimo de Bolsonaro em toda a trajetória rumo à Presidência do país, inscreve no corolário das intrigas palacianas, e com letras garrafais, a beligerância do filho Zero Dois, Carlos Bolsonaro, a quem o pai chama de Pitt Bull. Foi Carlos, um vereador no Rio de Janeiro e sem qualquer cargo no governo do pai, quem apertou a tecla eject para catapultar Bebianno do ministério com menos de dois meses no cargo. A história começou com o laranjal do PSL, o partido de Bebianno e do presidente, envolvido na distribuição de dinheiro público do fundo partidário para as candidaturas laranjas de deputadas cujo objetivo da legenda nunca foi elegê-las, mas usar indevidamente o dinheiro da cota para mulheres.
Inepto Mas a treta que derrubou Bebianno nunca foi denúncia de dinheiro para candidatas laranjas. Se o ministro chefe estivesse caindo por isso, quem teria caído de podre muito antes era o do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, envolvido e beneficiado até o último fio de cabelo em dinheiro laranja do mesmo fundo. Deem um Google e vejam a penca de denúncias, comprovadas, contra Álvaro.
Perplexidade é sentimento que toma hoje conta de Brasília, desde os parlamentares alinhados de primeira linha com o presidente aos militares mais estrategistas que vivem tentando apagar com falas mais ponderadas os arroubos verbais da primeira-família. Esse é o caso do vice-presidente, o general Hamilton Mourão. Está todo mundo espantado de ver o quanto o presidente foi inepto (inapto dá no mesmo) na condução do caso Bebianno, fustigado pelo filho marrento.
Sinuca O presidente meteu os pés pelas mãos ao embarcar na guerrinha de ego do filho quando este chamou Bebianno de mentiroso. Ao corroborar o discurso de Carlos e também chamar o ministro de mentiroso, Bolsonaro se levou voluntariamente para una sinuca de bico. Encurralou a si mesmo em um dilema sem solução. Ao chamar de mentiroso alguém que lhe é tão caro, deixou de ter opções de negociação diante da crise política que atraiu para si, numa demonstração do quanto é ou está inepto diante da liturgia do cargo.
Como manter no cargo um mentiroso? E demitindo o mentiroso por falta de opção de algo diferente, abriu um grand canyon entre ele próprio e o Congresso. O ministro caído é considerado, tanto pelas raposas velhas do Congresso como pelos neófitos, um sujeito fundamental para negociar arestas para aprovar os projetos de maior interesse do governo, como a Reforma da Previdência e o pacote chamado anticrime de Sérgio Moro. Agora, com Bebianno carbonizado, Inês é morta. E cremada. E como perguntar não ofende, o que ainda está fazendo no cargo o ministro do Turismo? O próprio Bebianno já pergunta aos Bolsonaros: por que a diferença entre o tratamento que lhe foi dado pela família e o dado a Marcelo Álvaro Antônio?