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Biografia que afirma que Lampião é gay tem lançamento autorizado pela Justiça


 

Lançamento do livro "Lampião, O Mata Sete", de Pedro de Morais, havia sido proibido pela neta do cangaceiro

  • Da Redação

Publicado em 03/10/2014 às 18:00:00
Atualizado em 14/04/2023 às 06:06:49

Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, cangaceiro mais famoso do Nordeste, era gay e sua mulher, Maria Bonita, era adúltera, segundo o autor da biografia "Lampião, O Mata Sete", Pedro de Morais. O livro de Pedro, que seria lançado em 2011 com as revelações, teve sua publicação proibida há dois anos, a pedido da neta de Lampião, Vera Ferreira.

Mas agora a obra se aproxima das prateleiras das livrarias graças à decisão da 2ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Sergipe (TJ-SE), realizada na última terça-feira (30), que por unanimidade reformou a sentença que proibia o lançamento e a venda da biografia."Não é demais repetir que, se a autora da ação sentiu-se ‘ofendida’ com o conteúdo do livro, pode-se valer dos meios legais cabíveis. Porém, querer impedir o direito de livre expressão do autor da obra, no caso concreto, caracterizaria patente medida de censura, vedada por nossa Constituinte. Cabe, sim, impor indenizações compatíveis com ofensa decorrente de uma divulgação ofensiva", afirmou o desembargador Cezário Siqueira Neto, em entrevista ao Brasil Post, em defesa pela liberdade de expressão.Foto: Divulgação

O livroA biografia de Lampião, em 306 páginas, reserva apenas uma ínfima parte sobre a sexualidade do cangaceiro. Segundo o autor, "não chega a ser nem um capítulo".Com a nova decisão, Pedro ainda não decidiu a data para o lançamento, afirmando que irá conversar com seu advogado, mas já encomendou mais 10 mil exemplares, além dos mil que guarda em casa.

'Tema batido'A informação de que Lampião seria gay já havia sido abordada em outras publicações, como em uma tese do historiador e fundador do Grupo Gay da Bahia, Luiz Mott.Outra tese, na Sorbonne, renomada universidade francesa, cita o lado feminino do cangaceiro. "Todo mundo aqui no nordeste sabe que ele era um exímio estilista e gostava de plumas, paetês e perfumes franceses”, defende-se Pedro.

Em 2012, Vera entrou com duas ações na Justiça, por danos morais (pelo autor discutir a sexualidade de Lampião) e pedindo a proibição do lançamento do livro. Ela pedia R$2 milhões, mas segundo Pedro, ela perdeu nas duas ações.A decisão da Justiça será recorrida pelo advogado de Vera, Wilson Winne de Oliva, que afirma que não concorda com a decisão quanto à intimidade da família.

"Intimidade não é história. O livro agride por demais, afirmando que Lampião era gay, que Maria Bonita era adúltera e até que Expedita Ferreira Nunes não é filha dos dois. Isso causou transtornos a toda a família, aos netos, aos bisnetos na escola".