Blade Runner 2049 honra a força do primeiro filme

Com produção de Ridley Scott e direção de Denis Villeneuve, a sequência de Blade Runner (1982) combina história intrigante com visual espetacular

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  • Hagamenon Brito

Publicado em 5 de outubro de 2017 às 06:05

- Atualizado há um ano

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Quando Blade Runner - O Caçador de Androides estreou nos cinemas, em 1982, a maioria da crítica e do público não estava preparada para a força daquele espetáculo visual ao som do grego Vangelis. A reação mundial foi morna em todos os sentidos.

Era o ano do lançamento de E.T., de Steven Spielberg, que apresentava um protagonista bem mais caloroso e popular do que Harrison Ford em soturno estilo de detetive futurista. E foi também a temporada em que o americano Philip K. Dick, o autor do livro que inspirou o clássico de Ridley Scott, morreu, quatro meses antes da estreia da produção. O agente K (Ryan Gosling) na caótica Los Angeles de Blade Runner 2049, cujas filmagens foram realizadas totalmente em Budapeste (Divulgação)  Ele, que tinha ignorado o projeto desde o começo, elogiou Scott quando o cinesta inglês lhe mostrou os primeiros 15 minutos do filme: “É como se conseguissem entrar na minha cabeça”. E, na cabeça de K. Dick, Rick Deckard era um ex-policial forçado a voltar à ativa para matar quatro replicantes que, já próximos demais da essência humana, vieram ajustar contas com o seu criador.

A abordagem estilística de Ridley Scott fez muita gente pensar que se tratava de uma obra confusa, perdida um pouco em sua atmosfera melancólica. Mas foi justamente essa atmosfera que, ao longo do tempo, ampliou o número de admiradores de Blade Runner e o transformou em um cult movie, numa das maiores referências do cinema de ficção científica.

Trinta e cinco anos depois, todo esse admirado universo ganha excelente sequência em Blade Runner 2049, com produção executiva de Ridley Scott, 79, e direção do canadense Denis Villeneuve, 50, responsável por filmes como Os  Suspeitos (2013) e A Chegada (2016).

A natureza da alma - A história avança 30 anos (no original passava-se em 2019) e mantém Los Angeles, nos EUA, como uma versão distópica e asfixiante de Tóquio, quase tóxica, com cores escuras, néons, fumaça, telas publicitárias urbanas gigantes e carros voadores, em um notável trabalho de fotografia de Roger Deakins e cenografia de Dennis Gassner.

O agente K (um correto Ryan Gosling), um novo Blade Runner, descobre um segredo há muito guardado e a investigação o leva ao encontro de Rick Deckard (Harrison Ford), um ex-policial que está desaparecido há décadas. O encontro dos dois é um acontecimento, em tons alaranjados, muitos socos e um holograma de Elvis Presley a cantar majestosamente.

Diretor que sabe elevar o cinema comercial ao nível de grande arte, Villeneuve honra e reverencia o primeiro filme em cada detalhe, ao mesmo tempo em que imprime a própria assinatura ao aprofundar a discussão sobre a natureza da alma - e se ela é algo exclusivamente do ser humano.

Enquanto a obra de Scott se organizava numa lógica noir futurista, o novo filme se desvia para esse questionamento sobre a natureza do humano e, como um oásis na Hollywood atual, oferece ideias ao espectador para que fique a remoer sobre a linha tênue entre a inteligência natural e a inteligência artificial. Harrison Ford, em ótima atuação, retoma o lendário personagem Rick Deckard, o Blade Runner do primeiro filme (Divulgação) O acerto da díficil missão de dar sequência a uma obra-prima, algo em que o próprio Ridley Scott se deu mal com Alien: Covenant (2017), ganha tom afetivo também por Blade Runner ter sido muito importante na formação de Villeneuve. “Esteticamente, Blade Runner foi uma revolução, misturando dois gêneros que, à primeira vista, não combinam - ficção científica e filme noir. Era algo nunca visto e isso me influenciou profundamente. Foi parte da minha educação cinematográfica antes mesmo de eu saber que me tornaria cineasta”, afirma.

Merece destaque especial no elenco a participação curta, mas intensa (e digna de uma indicação ao Oscar de coadjuvante) de Harrison Ford, bem diferente da presença canastrona de Jared Leto como o vilanesco empresário Niander Wallace, papel que Villeneuve imaginou para David Bowie (1947-2016). 

COTAÇÃO: ÓTIMO

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