Blockchain na Baía de Todos os Santos

Eduardo Athayde é diretor do WWI-Worldwatch Institute no Brasil

  • Foto do(a) author(a) Eduardo Athayde
  • Eduardo Athayde

Publicado em 15 de maio de 2018 às 01:34

- Atualizado há um ano

. Crédito: .

As primeiras cinco ondas globais de tecnologia da informação, defesa, circuitos integrados, computador pessoal, internet e as mídias sociais, transformaram radicalmente a sociedade. As novas ondas que estão chegando nessa próxima década, contudo, farão as primeiras parecerem competição de futebol infantil.

O blokchain, nova tendência mundial, é uma inovação tecnológica usada nas moedas digitais, baseada em plataforma descentralizada e com novo status de segurança que não depende de um único ente controlador, mas da estrutura de rede.

Com a velocidade da escalada tecnológica, janelas de oportunidades são abertas por segundo. A Netflix precisava de banda de alta velocidade para se tornar onipresente e ver seu império de mídia pular de 5 bilhões de dólares em 2013, para 50 bilhões em 2016, com o vídeo streaming. O Uber teve sua janela de oportunidade aberta para enfrentar o setor de transportes quando os smartphones evoluíram para sofisticados sistemas operacionais, tornando sensores e plataformas de aplicativos onipresentes.

O presidente da New York City Economic Development Corporation (NYCEDC), James Patchett, anunciou o lançamento do NYC Blockchain Resource Center. “A cidade está colocando um grande foco no blockchain para descobrir como podemos desenvolver o setor”, afirmou Patchett.

Todas essas tecnologias anunciam um futuro com grandes aumentos de produtividade e prosperidade, mas, também, com alguns dos maiores deslocamentos de emprego na história da humanidade. Metade de todos os empregos será automatizado até 2030, segundo estudos do MIT-Massachusetts Institute of Technology.

“Temos de nos preparar para a vida entre homens e máquinas, não deve haver um antagonismo entre os dois, mas sim uma convivência harmônica”, afirmou Michael Dell, na abertura da Dell Technologies World 2018, uma das mais concorridas do mundo na área, que reuniu mais de 15 mil participantes, no final de abril, em Las Vegas.

Exemplos emergem na corrida digital. A IBM faz parceria com a Global Citizen, dedicada a aliviar a pobreza, para patrocinar um concurso para uma plataforma de blockchain de doação de caridade; o Facebook explora a ideia de ter sua própria moeda digital, e o Banco Central do Canadá e TMX Group (Toronto Stock Exchange) mostram que o blockchain pode ser usado para liquidações instantâneas de valores mobiliários.

Neste cenário global de rápida mudança da economia analógica para a ‘eco-nomia’ digital, identidades e marcas são especialmente valorizadas, acelerando performances de cidades inteligentes e revolucionando a forma como a sustentabilidade é certificada. Para qualquer coisa ser global precisa antes ser local, com RG, passaporte e certificado de origem  controlada, como fazem produtores de vinho para marcar a região e o terroir onde uvas e vinhos são produzidos, valorizando e atraindo negócios para seu ecossistema.

Na era da eco-nomia global digital, onde inteligência flui nas nuvens, o registro de origem ajuda a atrair atenções, investidores e fortalecer redes locais. A Bahia está apresentando o seu ecossistema de startups para o planeta usando a ‘Bay Area’ da Baía de Todos os Santos, declarada como sede da Amazônia Azul - única no mundo.

Os inovadores da ‘Bay Area’ do Silicon Valley, na Califórnia (PIB US$ 2,5 trilhões), atraídos pelo ambiente tropical de sol, água morna e limpa, balneável o ano todo, praias paradisíacas e rica culinária, já estão articulando redes, associações e investidores interessados em conectar os ecossitemas.

Dia 8 de junho de 2018, Dia Internacional dos Oceanos (ONU), o Banco Mundial vai lançar o Think Blue [virtualeduca.org/thinkblue] na sede da Amazônia Azul. O que acontecerá depois, o mapa astral do blockchain já começa a prever.

Eduardo Athayde é diretor do WWI-Worldwatch Institute no Brasil.