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Paulo Leandro
Publicado em 19 de fevereiro de 2020 às 05:00
- Atualizado há um ano
O avanço da inclusão digital, com a aquisição pelo populacho de aparelhos de alta tecnologia, em um país “aonde” as palavras “imprecionam”, vem causando danos ao bom hábito de informar-se.
No esporte, há dois agravantes na análise deste gráfico, em que um vetor sobe aceleradamente enquanto a educação despenca: a afetividade pelo clube, por parte do internauta, e seu pretenso conhecimento, acumulado nos tempos de relacionamento.
Temos uma recepção estranha à norma culta, altamente passional e vulnerável, mais que a média de outros públicos, pronta a acreditar no inacreditável, ou seguir mentiras como se verdades fossem.
A dimensão fática, limitada no perspectivismo da interpretação de cada ser percipiente, pode afundar como areia movediça, a engolir os dados dos fenômenos assimilados nos treinos, jogos e entrevistas coletivas.
À “realidade”, representação o mais fidedigna do que a coisa foi ou é, acresce o teor de “ficção”, se o produtor do conteúdo não tiver formação moral e profissional, cuja sede é a academia.
Como agravante, não se exige diploma para o exercício do jornalismo e o registro está ameaçado de extinguir-se: o mercado arreganha-se aos curiosos em reportar, como numa feira livre.
Saber evitar envenenar-se por mentiras ou exageros, sem ter sido preparado para tal, é um desafio e tanto. Mas é possível tentar proteger-se, com boa vontade, se esta for a intenção.
Primeiro passo seria descartar o conceito disseminado na expressão em inglês “fake news”. Não há notícia falsa, uma vez que o principal atributo de uma “news” é a veracidade. Logo, há um paradoxo flagrante em dizer-se “notícia falsa”.
Ou o time venceu por determinado placar ou não. Ou o jogador marcou o gol daquela maneira descrita ou foi de outra. A veracidade é condição da notícia, bem como o interesse, a importância, o inusitado e a atualidade.
O jornalismo esportivo impresso mantém-se confiável por ser impossível adulterar algum dado, após fechada a edição; daí o esforço, na web, de imitar este aspecto - orgânico ao irmão mais velho. Ao propor uma emenda, na internet, é preciso explicar.
Ao aderir a um espaço de web esportivo, seja blog, site, página de Facebook ou outro em gestação, em ambiente inovador, é preciso testar continuamente a confiabilidade, como efeito do caráter de quem edita. A indiferença a uma notícia relevante, mas ignorada no webspace, ou a publicação de outra irrelevante, mas superdimensionada, pode ser percebida se o internauta treinar o olhar para os cânones da notícia.
O produtor de conteúdo pode garantir aquela verba, mas perderá logo adiante, devido à quebra de confiabilidade, se o receptor da notícia ficar esperto. Valorizar jogador sem talento e elogiar cartola sem razão podem quebrar a guia.
A força do caráter, de quem produz e de quem consome, é o alicerce, antes do desenho, da ilustração, das cores, da experiência estética, entre outros aspectos que podem alegrar um webspace.
Iniciado na Bahia em 1996, com Renato Santarém, em sites de Galícia e Vitória, a trilha digital segue agora com a recente criação do www.showdebolaoficial.com.br: há muito a correr neste campo capaz de encantar a todos quantos o adentram.
Paulo Leandro é jornalista e professor Doutor em Cultura e Sociedade.