Boato de toque de recolher faz comércio fechar mais cedo no Uruguai

Suspeito foi morto pela PM na madrugada de sexta; à noite, moradores relataram intenso tiroteio

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  • Da Redação

Publicado em 28 de outubro de 2017 às 11:16

- Atualizado há um ano

Barulho de tiros e boatos de toque de recolher levaram comerciantes do bairro do Uruguai, em Salvador, a fechar as portas mais cedo no final da tarde desta sexta-feira (27). A Polícia Militar diz que não houve toque de recolher no bairro, e informou que, na madrugada de quinta para sexta, uma troca de tiros entre policiais e bandidos armados terminou com um suspeito morto na região. 

"Por volta das 0h20 de sexta-feira (27), policiais militares da 17ª CIPM foram acionados pelo Centro Integrado de Comunicações (Cicom) com a informação de disparos de arma de fogo na Rua Belonita, no bairro do Uruguai. As guarnições realizaram rondas para localizar os autores dos disparos. Durante as buscas, três indivíduos armados realizaram vários disparos de arma de fogo contra a guarnição, houve revide e um dos indivíduos foi atingido. O mesmo foi socorrido para o Hospital do Subúrbio, onde foi constatado o óbito. Com ele foi encontrado um revólver calibre 32, quatro munições, 30 reais, uma corrente, um aparelho celular, três balinhas de cocaína, um cigarro de maconha e uma porção da mesma droga e uma corrente dourada. Os outros dois indivíduos conseguiram fugir", diz a nota da assessoria da PM.

Mais cedo, a PM havia informado que, na quinta, foi registrada também uma ocorrência na Rua Manoel Barros de Azevedo, que envolveria uma tentativa de triplo homicídio, desta vez sem envolver policiais. As guarnições chegaram a ser enviadas ao local, mas não encontrou nenhum dos feridos, que teriam sido socorridos por populares. No entanto, não confirma registro de ocorrência na noite desta sexta.

O CORREIO esteve no local, na manhã deste sábado (28), e encontrou o comércio aberto e os ônibus circulando normalmente. "Ontem (sexta), eu fechei cedo por causa do comentário. Foi umas 19h que fiquei sabendo, aí fechei e fui embora. Normalmente, fico até 22h. O problema é a lei da gente. A polícia prende, mas a Justiça solta, aí a gente honesta fica até o fim sofrendo. Não ouvi os tiros porque moro lá em cima, no Uruguai, mas hoje está normal. Essas coisas só pioram de noite", conta o comerciante Antonio César, 47 anos, dono de um mercadinho na Rua João Paulo II, no fim de linha.

Quem também optou por encerrar o expediente mais cedo, nesta sexta, por conta dos rumores, foi a dona de um açougue no final de linha, que não quis se identificar. "A gente normalmente fecha 20h, mas ontem fechamos 19h porque os clientes chegaram aqui falando, dizendo que tinha áudio mandando fechar. Eu não ouvi os áudios, mas fechei. A gente sempre ouve dizer, mas não é certeza. Mas aqui não foi só ontem. Já tem dois dias que fecho cedo", contou sobre o clima de insegurança.

Já um morador conta que chegou a ouvir os tiros. "Teve tiro na Conder; na Rua Direta, próximo à (loja) Tico e Tai; na Rua São Roque, na Régis Pacheco, Baixa do Petróleo. Eu estava aqui atrás, na Conder, e ouvi quando o cara deu dois tiros. Mas uma mulher gritou 'tem criança!' E os tiros pararam. Hoje tá normal, o pessoal está mais quieto, mas está tudo aberto", contou, sem se identificar. A Conder é como eles chamam uma localidade que fica atrás do fim de linha do Uruguai.

Moradores relataram tiros na esquina da Rua Vila Raimundo (perto da loja Tico e Tai) com a Rua Direta do Uruguai. Na loja, ninguém quis comentar a situação. O bar que fica em frente ao estabelecimento fechou mais cedo devido aos tiros.

"Era minha irmã quem estava aqui e normalmente ficamos até 22h30. Ontem, assim que teve os tiros, ela fechou. Ela contou que ouviu os tiros na rua de trás e que passaram por aqui, mas quando chegaram na principal, já não estavam atirando", contou uma funcionária.

A poucos metros da esquina da Rua Direta, uma farmácia que funciona até as 22h também fechou as portas às 20h45 - pouco depois dos disparos. "Era a outra menina que estava aqui. Eu estava em casa, que é perto da Tico e Tai, e ouvi os tiros por volta de 8h da noite. Foi tanto tiro que achei que eram fogos. Eu só me toquei quando ouvi os áudios deles ameaçando. Os vizinhos contaram que eles passaram por aqui com a arma na mão", contou uma funcionária.

Na Massaranduba, bairro vizinho, também teve quem disse ter ouvido tiros, no mesmo horário. "A essa hora, eu já estava em casa. Quando começa a escurecer, eu não fico mais aqui, porque até pai e mãe, se estiverem na frente, eles matam. Os tiros foram ali atrás, ali é o caminho do desespero", afirmou um homem, referindo-se à localidade chamada de Baixa do Petróleo.