Bola de Ouro para Modric: existe justiça no futebol?

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  • Clara Albuquerque

Publicado em 4 de dezembro de 2018 às 12:23

- Atualizado há um ano

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Quantas vezes um time foi muito melhor do que outro, mas o placar não refletiu o que aconteceu nos 90 minutos em campo? Quantas vezes uma equipe fez uma campanha impecável e merecedora do título, mas que por um detalhe ou centímetros, a taça foi levantada pelo adversário? São situações que já aconteceram inúmeras vezes e com certeza você lembra de algumas. Normalmente, esses casos são justificados com a frase de que não existe justiça no futebol, mas sim algo que transita entre a eficiência (de balançar a rede, seja como for) e o acaso. 

Este início de semana, no entanto, a sensação é de que o futebol viu um tipo de injustiça diferente: a entrega da Bola de Ouro 2018 para o meia Luka Modric. Em setembro, o croata já tinha levado o prêmio de Melhor Jogador do Mundo pela Fifa, encerrando uma década de alternância entre Messi e Cristiano Ronaldo, mas o famoso título concedido pela revista francesa France Football, na noite de segunda-feira (3), reacendeu a discussão.

Primeiro, é importante dizer que a escolha é feita por jornalistas selecionados pela própria revista, entre editores, repórteres e correspondentes internacionais. Vale ressaltar também que há critérios definidos previamente, como desempenho individual e coletivo (entre dezembro de 2017 e novembro 2018), conquistas, fair play e até a carreira do jogador. Por esses critérios, deveria ser possível entender a escolha, mas mesmo com eles em mente, a palavra injustiça segue presente no discurso de jornalistas e torcedores.

Os jornais italianos, naturalmente, reforçaram a injustiça com o português, atual artilheiro da Juventus e campeão da última Liga dos Campeões. Na própria França, a eleição é questionada a favor do francês Antoine Griezmann, que teve um ano individualmente muito bom tanto no Atlético de Madrid (foi campeão da Europa League) quanto na seleção francesa, com nada menos do que o título da Copa do Mundo. Na Espanha, especialmente na Catalunha, mas não só, os argumentos pró Messi fazem sempre sentido: individualmente, não existe um jogador melhor do que ele. Por fim, os próprios torcedores do Real Madrid entendem que Cristiano Ronaldo teve um ano melhor que Modric e que 2018 sequer foi o melhor ano do croata na carreira.

A sensação que tenho, conversando aqui e ali, com torcedores de diversos times na Europa, é que existe um desejo de “mudança”. E é totalmente compreensível, depois de 10 anos, que exista a vontade de se ver outros jogadores no lugar de Messi e Cristiano Ronaldo, mas isso não deveria ser o norte desta escolha.

Mais do que injusto com o jogador que não ganhou nessa temporada (seja ele Ronaldo, Messi, Griezmann, Salah...), a Bola de Ouro 2018 para Modric é injusta com o próprio Modric de outras temporadas (2016/2017 por exemplo) e principalmente com jogadores como Iniesta ou Ribery, que durante os dez anos de sequência entre o argentino e o português, mereceriam muito mais estar no topo do pódio do que o croata nessa temporada.

ÀS CLARAS Neymar teve seu pior desempenho na premiação desde sua ida para a Europa. O atacante do PSG ficou na 12ª colocação. Em 2015 e 2017, o camisa 10 da Seleção ficou na terceira posição, sempre atrás de Messi e CR7. A lesão no início do ano e a queda do PSG nas oitavas da Champions pesaram, mas sem nenhuma dúvida, a imagem deixada na Copa do Mundo foi crucial. Vai ser difícil reverter esse jogo.

Clara Albuquerque é jornalista e correspondente internacional na Europa.