Bombeiros salvam 18 pessoas de afogamento por mês nas praias de Salvador

Capital baiana terá até dezembro mais 50 guarda-vidas para evitar acidentes no Verão

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  • Yasmin Garrido

Publicado em 20 de novembro de 2018 às 14:47

- Atualizado há um ano

. Crédito: Marina Silva/CORREIO

Todos os anos é a mesma coisa: as praias de Salvador ficam lotadas de baianos e turistas, que não deixam escapar um dia sequer de sol e calor. Mas, além de todos os cuidados com a saúde na estação mais quente do ano, é importante prestar atenção nos perigos que o mar oferece.

Por este motivo, o 13º Grupamento de Bombeiros Militares da Bahia (Gmar) promoveu durante toda a manhã nesta terça-feira (20), na praia do Porto da Barra, um treinamento com alguns dos selecionados para integrar o grupo dos 50 novos guarda-vidas que vão atuar a partir do primeiro final de semana de dezembro nas praias da capital baiana. Treinamento no Porto da Barra reuniu 50 guarda-vidas (Foto: Marina Silva/CORREIO) De acordo com o capitão Luciano Alves, que comandou o treinamento, “dos 700 bombeiros aprovados no último concurso, foram selecionados 50 que tiveram os melhores desempenhos nas provas aquáticas. Eles, junto com os 77 guarda-vidas do Gmar que já atuam, vão reforçar a segurança nas praias de Salvador”.

Ainda segundo capitão Luciano, existem praias sob responsabilidade do Gmar e outras que ficam aos cuidados da Prefeitura, onde atuam as equipes do Salvamar. “Esse grupo de novos membros dos guarda-vidas vão ficar, principalmente, em praias onde já existem pontos de atuação de equipes do Corpo de Bombeiros”.

Atualmente, o Gmar tem postos fixos nas praias de Itapuã, Rio Vermelho, Ondina, Farol, Porto da Barra e Boa Viagem. Além de postos móveis, a atuação depende da demanda de eventos e do fluxo de banhistas. No entanto, na próxima semana vão ser definidos outros postos em diferentes localidades da cidade para atuação do grupo.

Já a Coordenadoria de Salvamento Marítimo de Salvador (Salvamar) reúne 241 salva-vidas em 34 postos de Salvador. O trecho de atuação da Salvamar vai de Jardim de Alah até Ipitanga, além das ilhas de Maré e de Frades e mais quatro postos móveis que circulam como apoio a salvamentos.

Além de afogamentos, o Salvamar também auxilia com outras ocorrências, como queimaduras com águas-vivas e caravelas e acidentes com práticas esportivas. Neste ano, até este domingo (19) foram 962 ocorrências. Durante todo o ano de 2017 foram 1.124. 

O maior número de ocorrências foi registrado nas praias de Piatã e Jaguaribe.

A Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop) é a pasta responsável pelo Salvamar em Salvador. Eles investiram R$ 670 mil com equipamentos para suporte diário do trabalho dos salva-vidas em 2017 e 2018.

“O valor investido no ano passado e neste ano é o maior feito pela Semop para a Salvamar nos últimos quatro anos, atendendo às necessidades profissionais dos salva-vidas e as reivindicações feitas pelos representantes da categoria”, afirma o secretário Marcus Passos.

Prevenção Em 2018, o 13º Gmar já realizou 200 salvamentos em praias de Salvador, o equivalente a 18 casos a cada mês. De acordo com o Corpo de Bombeiros, o grupamento também realizou cerca de 8.335 ações de prevenção a acidentes aquáticos desde o início do ano. Bombeiros têm postos fixos nas praias de Itapuã, Rio Vermelho, Ondina, Farol, Porto da Barra e Boa Viagem (Foto: Marina Silva/CORREIO) Capitão Luciano chama a atenção para a atividade de prevenção, que, segundo ele, é ainda mais importante e efetiva do que o próprio salvamento.“A prevenção é 99% do trabalho do guarda-vida. Antes de ele ir pra areia, ele trabalha em projetos sociais do Corpo de Bombeiros, o que faz diminuir os riscos, já que há uma orientação da população”, disse.Ele ainda completou dizendo que o guarda-vidas "vai trabalhar muito mais na prevenção, tirando o banhista das áreas de risco, do que no próprio salvamento”. No entanto, nem sempre é possível evitar o acidente e é aí que entram as técnicas de salvamento.

Soldado Brás, do Corpo de Bombeiros, que também coordenou o treinamento dos novos guarda-vidas, nesta terça-feira, explicou como é feito o procedimento.“Tudo começa com a inserção da equipe na água, primeiro com o nado de aproximação até a vítima. Em seguida, se aprende os métodos de abordagem, como levar até a pessoa que está se afogando o lifebelt [uma boia vermelha típica dos bombeiros], com uma distância segura, quando, só então, é iniciado o nado até a praia. Em caso de vítima desacordada são aplicados os métodos de salvamento, de reanimação”, declarou.No entanto, antes de qualquer coisa, a Sociedade Brasileira de Salvamento Aquático recomenda algumas ações fundamentais de prevenção de acidentes no mar ou em piscina: a atenção de pais ou responsáveis às crianças. De acordo com a entidade, o afogamento é a segunda principal causa de morte de crianças até 9 anos. 

Praias Capitão Luciano explicou que a praia com maior risco de afogamento é a do Buracão, que fica no Rio Vermelho, em razão das características geológicas e geográficas do local. “É uma praia de tombo, tendo uma rebentação em cima da faixa de areia e aumento da profundidade de forma abrupta”, disse.

Outra praia onde acontecem mais afogamentos em Salvador é a de Piatã, que fica sob a responsabilidade do Salvamar. Já quanto ao Porto da Barra, o capitão do Corpo de Bombeiros destacou que, “por ser uma pequena enseada, o local oferece uma vantagem, que é a tranquilidade, mas, mesmo assim, se a pessoa se afastar muito da faixa de área, pode ser surpreendida por ações de correnteza laterais”, o que pode levar ao afogamento.

No último dia 10 de novembro, dois amigos que faziam stand up paddle (SUP) no Porto da Barra foram arrastados pela correnteza do local e passaram 18 horas à deriva, até que conseguiram ser localizados e resgatados pela Marinha.

*Com supervisão da chefe de reportagem Perla Ribeiro