Brasil é antepenúltimo em competitividade

País ficou em 61º lugar em lista com 63 nações estudadas pelo Índice de Competitividade Mundial 2017. Em sete anos, a economia brasileira perdeu 23 posições no ranking

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  • Da Redação

Publicado em 1 de junho de 2017 às 16:13

- Atualizado há um ano

O Brasil ocupa a 61ª colocação dentre as 63 nações mapeadas pelo Índice de Competitividade Mundial 2017 (World Competitiveness Yearbook – WCY), divulgado pelo International Institute for Management Development (IMD), com sede na Suíça, e pela Fundação Dom Cabral (FDC), escola de negócios brasileira. O país caiu quatro posições em relação ao ano passado.

O resultado consolida uma tendência gradativa de perda de espaço no cenário competitivo internacional. Em sete anos, o Brasil perdeu 23 posições no relatório global do IMD. O estudo é publicado desde 1989 pelo IMD e, no Brasil, conta com a parceria da FDC. Depois de atingir sua melhor posição em 2010 (38º lugar) o Brasil figura agora nas últimas posições, sendo um dos países menos competitivos do mundo, ao lado de Ucrânia (60ª), Mongólia (62ª) e Venezuela (63ª).

No topo do ranking, Hong Kong lidera pelo segundo ano consecutivo, seguido por Suíça e Cingapura, que ao subir uma posição, levou os EUA a sair das três primeiras posições pela primeira vez na década. Para o professor Arturo Bris, diretor do Centro Mundial de Competitividade do IMD, os indicadores de Hong Kong, Cingapura e Suíça que mais tiveram destaque estão relacionados à eficiência do governo e dos negócios e à produtividade.

"Esses países mantiveram um ambiente favorável às empresas e incentivam a produtividade. A China, por exemplo, teve melhorias em diversos fatores atribuídas à sua dedicação ao comércio internacional. Isso continua a impulsionar a economia e a melhoria da eficiência do governo e dos negócios", afirma o professor.

Este ano é a primeira vez que o IMD publica um relatório separado com a classificação da competitividade digital dos países. Indicadores de tecnologia e infraestrutura científica já estão incluídos no ranking geral. No entanto, o novo Ranking traz novos critérios de mensuração da capacidade dos países de adotar e explorar tecnologias digitais que levem à transformação das práticas governamentais, dos modelos de negócios e da sociedade em geral.Crise

O Brasil obteve, em 2017, 55.829 pontos no índice agregado de competitividade, o que representa um avanço de 4.153 pontos em relação a 2016. O aumento, entretanto, foi insuficiente para gerar avanços no ranking geral. “Em comparação a 2010, ano em que ocupou a sua melhor posição (38ª), o Brasil apresentou uma perda de aproximadamente 10% em competitividade. A queda apresentada em 2017 não é apenas relativa, mas também absoluta se observada no longo prazo”, explica um dos autores do estudo, o professor Carlos Arruda, da FDC.

A queda de quatro posições do Brasil em relação ao ano passado é analisada a partir de quatro fatores, cada qual composto por cinco subfatores. O primeiro deles é Desempenho Econômico. Este fator vem apresentando pioras gradativas desde 2011. Atualmente, a 59ª posição é justificada por perdas em praticamente todos os subfatores.

 “O subfator emprego também gerou perdas ímpares para a competitividade brasileira. A queda de 23 posições é explicada devido ao aumento do desemprego – que foi do 27º para o 50º lugar – com um valor de 12,43% da população economicamente ativa. Ainda assim, o Brasil ainda mantém um bom índice de empregados e figura em quinto lugar devido ao tamanho do mercado de trabalho em termos absolutos”, explica o professor Carlos Arruda.

O segundo fator de análise é Eficiência do Governo, que também apresenta pioras constantes desde 2009 e chegou em último lugar em 2016. Com a entrada de dois países no ranking, o Brasil foi rebaixado para a 62ª posição e a Venezuela para 63ª. Dentre os cinco subfatores analisado, todos registraram queda no Brasil no ano de 2017.

Outro fator analisado na composição do ranking da IMD é Eficiência Empresarial. Neste houve melhora de duas colocações. Na série histórica, a trajetória foi de avanço no início da década, seguido de queda desde 2013, com tímidos sinais de reversão.

Já o fator infraestrutura apresentou uma relevante queda de cinco posições (51ª). Este fator passou por várias oscilações ao longo do tempo. Com uma tendência negativa até 2011 – com a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016 – houve uma melhora de seis posições em 2012, reflexo do aumento dos investimentos, principalmente na infraestrutura básica. No entanto, o país voltou a perder competitividade neste fator entre 2013 e 2015 devido ao desaquecimento da economia.Com informações da fundação Dom Cabral e do International Institute for Management Development (IMD).