Brown abre Carnaval de Salvador e ganha homenagem de escola de samba

Camisa Verde e Branco traz enredo sobre o músico, que desfila com carros alegóricos em Salvador

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  • Daniel Aloísio

Publicado em 19 de fevereiro de 2020 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Iza Campos/Divulgação

O homem que vai fazer a abertura oficial do Carnaval de Salvador no circuito Dodô (Barra-Ondina), nesta quinta-feira (20), também vai ser homenageado no desfile das Escolas de Samba de São Paulo, no domingo (23). Carlinhos Brown vai iniciar os trabalhos na capital baiana com um desfile que dialoga com as agremiações cariocas e paulistas.       

Ele invadirá a avenida com mais de 150 percussionistas do Movimento Percussivo Timbaleira Drummers, criado especialmente para o Carnaval. Além disso, vai ter carro abre-alas e alegorias executadas por Cláudio Cavalcante, o Cebola, carnavalesco da Camisa Verde e Branco, escola de samba que decidiu homenageá-lo com o enredo Ajayô: Carlinhos Brown, Candomblés, Tambores e Batuques Ancestrais.

Disputando no grupo de acesso, a tradicional escola paulista promete fazer um verdadeiro tributo ao músico baiano, que comemora 41 anos de carreira, e conseguir a volta para o grupo especial. “O carnavalesco e a presidente da escola vieram fazer uma visita e me disseram que iam falar sobre a  Bahia. Eles me pediram dicas e depois afirmaram que eu levaria o nome do enredo. Foi uma grata surpresa”, conta Brown.Surpresas também são preparadas para o público durante a apresentação do artista por aqui. “O meu tema vai ser a gratidão. O que me fez voltar para as ruas do Carnaval de Salvador foram os 35 anos do axé. Tenho muito a agradecer por esse ritmo e a tantos artistas que fizeram ele ser o que é”, explica Brown, que no ano passado se afastou da festa.  

Brown, Verde e Branco  Depois de Salvador, Brown ainda vai se apresentar em Natal (RN), no sábado. Um dia depois, é a vez da abertura de outro Carnaval, o de Porto Seguro. Ainda no domingo, o artista segue para São Paulo, para desfilar na Camisa Verde e Branco: “Quero estar no chão, cantando o samba  e curtindo a folia”.   

O homenageado terá sua história, paixão pelos tambores e sua relação com a religião contados no Sambódromo paulistano, no Anhembi. “Eu até perguntei se não ia ficar estranho duas homenagens próximas, já que no Rio também vão falar da Bahia. Mas cada desfile é um abordagem diferente. Eu mergulhei na Camisa Verde e Branco e estou feliz com isso”, explica.

Brown está tão feliz que gravou o clipe da sua música de trabalho, Paixão de Rua, na quadra da escola, usando as alegorias como cenário. Depois da homenagem, ele volta para Salvador e vai animar a festa  no Camarote Planeta Band, na segunda-feira. Para encerra a folia soteropolitana, o artista também vai puxar  o Arrastão da Meia- Noite, na terça-feira.

Samba Não é apenas Brown que virou enredo de escola de samba. Duas figuras bem baianas, o pai de santo  Joãozinho da Gomeia (1914-1971) e o grupo As Ganhadeiras de Itapuã  são temas abordados pela Grande Rio e Viradouro, respectivamente. As escolas cariocas disputam no grupo especial e são favoritas para a conquista do título.

“As duas escolas estão bem estruturadas e esses enredos tradicionais, não patrocinados, foram bens desenvolvidos. Além disso, os sambas são muito bons. O da Grande Rio é considerado o melhor  do ano pela maioria dos críticos. A Bahia sempre é bem representada no Carnaval carioca e esse ano não vai ser diferente”, afirmam os jornalistas Flávia Oliveira e Aydano André, comentaristas sobre escolas de samba. 

A Bahia também foi escolhida como tema pelas escolas Unidos do Porto da Pedra e Acadêmicos do Cubango, que disputam a divisão de acesso do Carnaval carioca. A Porto da Pedra vai desfilar com o enredo O Que é que a Baiana tem? Do Bonfim à Sapucaí, uma homenagem às baianas. Já a Cubango vai sair com o enredo A voz da liberdade, que vai contar a história de Luiz Gama e  sua mãe Luisa Mahin, que articulava o levante de escravos no estado.

Falar sobre a Bahia ou temas relacionados ao nosso estado é algo já comum pelas escolas de samba. Em 2016, a Mangueira foi campeã do carioca com o enredo Maria Bethânia: A Menina dos Olhos de Oyá, que homenageou a cantora baiana. Já em São Paulo, em 2012, ano que se comemorava o centenário de nascimento de Jorge Amado, a Mocidade Alegre foi a campeã com um desfile sobre o escritor baiano.

O próprio Brown já saiu  outras vezes na Sapucaí. No Salgueiro, em 2009, quando a escola desfilava com o enredo  Tambor, o artista foi convidado a ajudar  o carnavalesco Reanto Lage e até influenciar na estética do desfile. “Eles colocaram o Caetanave, a Timbalada e o Olodum na avenida. A Bahia era homenageada e o Salgueiro foi campeão”, lembra.    

*Com orientação da editora Ana Cristina Pereira