Bruna Bastos: 'sou uma lésbica que não segue a feminilidade padrão'

Tatuadora e pesquisadora fez parte de mesa na 19ª Parada LGBTQIA+ da Bahia

Publicado em 5 de dezembro de 2020 às 20:20

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução

Racismo, lesbofobia, lesbocídio, afetividade lésbica e interseccionalidades de preconceitos. Tudo isso foi pauta dentro da mesa Mulheres Lésbicas Masculinizadas, a segunda na programação da 19ª Virada LGBTQIA+ da Bahia. O evento está sendo transmitido pelo CORREIO e Blog Me Salte no Youtube, Facebook e Instagram do veículo. 

O Dossiê do Lesbocídio no Brasil apontou que houve aumento de 237% no de homicídios de mulheres lésbicas no Brasil, sendo que um total de 89% desses números enterraram as vidades mulheres lésbicas e negras.

Condiadada da mesa, Janda Mawusí afirmou que esses números são significativos e que é necessário abrir espaços para falar sobre esses temas: ambientes educacionais, profissionais, desde a infância e juventude porque a ausência desse tipo de discussão coloca mulheres negras expostas à morte.

Janda integra a linha de pesquisa Lesbianidades, Interseccionalidades e Feminismos - LIF/NUCUS/UFBA e é ativista nas causas raciais em de gênero LGBTQIA+. Além disso, concilia suas atividades com a prática de futebol, dedicando sua atenção às mulheres do baba na capital baiana. 

Durante a adolescência, sonhava em ser jogadora profissional e contou que um de seus treinadores a convidada para sair com muita frequência. Hoje, adulta, entende que foi uma agressão cometida contra a sua sexualidade: aquele homem queria que ela cedesse o seu corpo para que ela continuasse no esporte.

"A sociedade nos impõe um distanciamento e isolamento muito grande e não é somente dentro do esporte. Eu não tinha com quem falar sobre aquilo, que me incomodava", afima.

Tatuadora, artista e pesquisadora  integrante do grupo Rasuras, na Ufba, Bruna Bastos foi a outra convidada da mesa, que começou discutindo sobre o termo "masculinizadas". De acordo com Bruna, ela prefere ser chamada de sapatona ou de caminhoneira, mas que o termo envolvendo masculinidade incomoda.

"A gente continua sempre se medindo como o homem. Eu não sou uma lésbica masculinizada, eu sou uma lésbica que não segue a feminilidadade padrão. As pessoas resumem nossos corpos a um esterótipo aliado a essa estética, que é uma estética sapatão, mas que negam", disse. 

Assista à Parada LGBTQIA+ ao vivo no player abaixo.

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