Cabo da PM envolvido em caso Geovane é preso em flagrante por roubo 

Jesimiel da Silva Resende foi baleado na coxa direita por um outro PM

  • Foto do(a) author(a) Carol Aquino
  • Carol Aquino

Publicado em 6 de julho de 2018 às 18:38

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto do leitor

O cabo da Polícia Militar Jesimiel da Silva Resende, 42, envolvido no caso Geovane, foi preso em flagrante na tarde desta sexta-feira (6) roubando transeuntes no Imbuí. Segundo a PM, uma guarnição foi acionada via Cicom para verificar uma ocorrência de um homem baleado na Rua João José Rescala. Quando a guarnição chegou, um policial militar em um "veículo oficial" relatou que havia flagrado o cabo assaltando três pessoas e o prendeu. Jesimiel teria reagido à prisão e acabou sendo baleado na perna esquerda. Policial militar foi preso em flagrante roubando no Imbuí; ele é um dos acusado de matar o jovem Geovane. (Foto do leitor).  Porém, na ocorrência registrada no Hospital Geral do Estado (HGE) - para onde o PM foi levado pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) - consta que o fato se tratou de um roubo tentado e que a vítima foi encontrada em via pública com ferimento de tiro na coxa esquerda. A ocorrência foi registrada por volta das 13h. Jesimiel está custodiado no Hospital, onde passa por cirurgia.

Com o militar, a PM apreendeu três aparelhos celulares pertencentes às vítimas; um revólver calibre 38, além de uma motocicleta com placa clonada e R$ 300. As vítimas e o policial que efetuou a prisão foram encaminhadas para a 9ª Delegacia, na Boca do Rio. Jesemiel é lotado na 98ª CIPM (Ipirá).

[[saiba_mais]]

Desaparecimento de Geovane Geovane Mascarenhas Santana, 22 anos, foi visto pela última vez com vida no dia 2 agosto de 2014, durante uma abordagem realizada por policiais da Rondesp no bairro da Calçada. O corpo de Geovane foi encontrado carbonizado e degolado no Parque São Bartolomeu, no dia 3 de agosto. Já a cabeça e as mãos foram encontradas em Campinas de Pirajá, no dia 4.

A prisão dos policiais envolvidos no caso aconteceu no dia 15 de agosto, dois dias depois de o CORREIO publicar uma reportagem mostrando o vídeo em que Geovane é colocado no porta-malas de uma viatura da Rondesp/BTS. As imagens foram conseguidas pelo pai de Geovane, Jurandy Silva Santana, que investigou por conta própria o desaparecimento do filho.

Presos, eles foram levados para Batalhão de Choque, em Lauro de Freitas. São eles: o subtenente Cláudio Bonfim Borges, comandante da guarnição, e os soldados Jailson Gomes de Oliveira e Jesimiel da Silva Resende – todos lotados na Companhia de Rondas Especiais da Baía de Todos os Santos (Rondesp/BTS).

Durante as investigações, outros policiais que participaram do crime foram identificados. No total, 11 PMs foram denunciados por sequestro, roubo (a moto e o celular de Geovane não foram encontrados) e homicídio qualificado. Além de Cláudio Bonfim, Jailson Gomes e Jesimiel Resende, respondem pelo crime os sargentos Gilson Santos Dias e Daniel Pereira de Souza Santos, e os soldados Cláudio César Souza Nobre, Fábio Nobre Lima Masavit Cardozo, Jocenilton Santos Ferreira, Roberto Santos de Oliveira, Alan Moraes Galiza dos Santos e Alex Santos Caetano.

Como Geovane foi morto O laudo do Instituto Médico-Legal Nina Rodrigues (IMLNR) apontou que a causa da morte do rapaz foi decapitação. O CORREIO teve acesso ao documento, que abordava ainda que, após a decapitação, o corpo foi carbonizado, além de sofrer mutilações. A ação foi classificada no exame como “dantesca”. Geovane foi “vítima de decapitação seguida de carbonização, ações de extrema violência, associadas a requisitos de característica dantesca com a mutilação e retirada das mãos, dos testículos e do pênis e das tatuagens”, diz o laudo.

O exame também mostrou que não havia fuligem nas vias aéreas do corpo, o que “demonstra que não houve aspiração pela vítima de fumaça enquanto vivo”. Ainda de acordo com o documento, o corpo foi envolto em um plástico antes de ser queimado. Outra constatação é de que não houve fraturas no rosto ou na cabeça, nem lesões em órgãos e ossos, nem hemorragias. De acordo com o laudo, a arma utilizada no crime foi “objeto cortante ou penetrante”. A Polícia Civil já havia revelado que a arma usada para matar a vítima foi uma faca.

Julgamento dos acusados Em 23 de março, o sargento Gilson Santos Dias e os soldados Cláudio César Souza Nobre, Fábio Nobre Lima Masavit Cardozo e Jocenilton Santos Ferreira foram inocentados e retirados do processo. A decisão foi da juíza do caso, Gelzi Maria Almeida de Souza, do 1º Juízo da 1ª Vara do Júri. O Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) não recorreu da decisão da Justiça.

Na mesma decisão que inocenta os quatro PMs, a juíza deliberou que vão à júri popular o subtenente Cláudio Bonfim Borges, o sargento Daniel Pereira de Souza Santos, e os soldados Jesimiel da Silva Resende, Roberto Santos de Oliveira, Alan Moraes Galiza dos Santos e Alex Santos Caetano. O soldado Jailson Gomes Oliveira irá à júri popular pelos mesmos crimes, com exceção de ocultação de cadáver.