Caboclo é denunciado por mais uma funcionária da CBF por assédio

Em documento, ela afirma ter sido vítima de assédio e de agressão física e psicológica

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  • Da Redação

Publicado em 20 de agosto de 2021 às 20:48

- Atualizado há um ano

. Crédito: Lucas Figueiredo/CBF

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) recebeu mais uma denúncia de assédio sexual contra Rogério Caboclo, presidente afastado da entidade. Em um documento de seis páginas, a ex-funcionária acusa o dirigente de agressão física e psicológica. As informações são do site ge.

Segundo o portal, o relato, que cita casos ocorridos entre 2017 e 2019, chegou à CBF na quarta-feira (18), e estava anexado a uma notificação extrajudicial de natureza trabalhista. De acordo com a ESPN, profissional trabalhava na área de cursos, workshops e licenças da confederação, e foi morar fora do país após pedir demissão, em 2019."O Rogério me expôs inúmeras vezes. Começou com jantares profissionais, em reuniões ele tentava me abraçar e me beijar, entre outras tentativas de me agarrar à força. Foram muitas ocasiões. Ele tentou desde me pedir em casamento em sua sala enquanto Diretor Executivo de Gestão, à total insanidade com os assédios físicos os quais descrevo abaixo. Ele não aceitava não como resposta", diz um trecho, segundo o ge.Em nota, a defesa de Rogério Caboclo informou que o dirigente "nega veementemente" a acusação (leia abaixo). A CBF confirmou que recebeu a denúncia formal encaminhada pelos advogados da ex-funcionária, "e remeteu o expediente de imediato à Comissão de Ética do Futebol Brasileiro". Após o recebimento da denúncia, uma nova investigação foi aberta.

De acordo com o ge, o documento traz relatos de diversos casos de agressões físicas e psicológicas. "Ele me agrediu muito, as agressões físicas doeram, eram agressões no nível emocional e psicológico, sofri muito, gritei muito, chorei todas as lágrimas possíveis. Decidi que nunca mais passaria por isso e resolvi sair da CBF".

Outro caso, conforme o relato da funcionária, aconteceu em fevereiro de 2018, no apartamento de Caboclo, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro.

"Quando chego em sua casa, com meu computador ele tranca a porta, me oferece vinho, digo que não [...] Aí então ele saiu, foi para outro lado do apartamento dele. Quando ele voltou com o que me parecia shorts de banho, ele tentou me beijar, puxou meu cabelo para trás com muita força, e tentou me beijar novamente. Eu pedi para ele parar e ele não parou", diz o trecho."Ele então me pegou pelo pescoço contra [a] parede e forçou a sua mão entre as minhas pernas, tentando ao mesmo tempo enfiar a mão dentro da minha calcinha. Tentei revidar empurrando com o cotovelo e ele fez mais força no meu pescoço. Ele me largou por sorte a comida que ele havia pedido chegou", completou.Ainda de acordo com o documento, chegou ao apartamento de Caboclo o então secretário-geral da CBF, Walter Feldman, que também participaria da reunião. A ex-funcionária relata ter contado ao dirigente o que havia sofrido, mas Feldman teria minimizado o episódio. Segundo o ge, Feldman afirmou não se lembrar do episódio.

Há ainda relatos da profissional sobre convites para viagens, em pelo menos três ocasiões, sem que ela tivesse um papel profissional definido. Nas três ocasiões, ela se recusou a viajar. 

A denúncia também fala em mensagens e ligações durante a madrugada. Em uma delas, segundo a funcionária, ocorrida em abril de 2019, Caboclo "telefonou oferecendo dinheiro para falar de sexo com ele ao telefone. Ofereceu R$ 15 mil e disse que não era a última oferta dele", escreveu, informando ter desligado o telefone na sequência.

Leia a nota da defesa de Rogério Caboclo

"O presidente da CBF, Rogério Caboclo, repudia as acusações levianas e falsas lançadas contra ele e nega veementemente que tenha cometido atos que configurem assédio em relação à mencionada funcionária da entidade.

Ocorre que, durante o processo do afastamento ilegal de Caboclo do cargo, ele recebeu áudios de diálogos da acusadora e de sua mãe em conversa com um colaborador da CBF (nota da reportagem: o interlocutor é Ricardo Trade, o Baka, que não é funcionário da confederação, mas se apresenta como uma pessoa que quer ajudar Caboclo). Elas relatam de forma clara o recebimento de proposta para prejudicar Rogério Caboclo e retirá-lo definitivamente do comando da entidade. As propostas incluíam oferecimento de alto cargo de direção na CBF, além de R$ 1 milhão.

Essas tentativas de cooptação da funcionária, como comprovam as conversas, foram conduzidas pelos diretores Gilnei Botrel e Manoel Flores, aliados do ex-presidente banido do mundo do futebol e investigado pela Polícia Federal, Marco Polo Del Nero. A defesa de Rogério Caboclo já entrou com pedido de investigação na Comissão de Ética da CBF contra os diretores citados no áudio por suspeita de corrupção de testemunha e contra o ex-presidente da CBF."