Cabral quis propina mesmo fora do governo, diz delator

Carlos Miranda, ‘o homem da mala’ do ex-governador, ainda falou sobre relação com empreiteiras

Publicado em 21 de abril de 2018 às 15:15

- Atualizado há um ano

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Durante delação premiada registrada pelo Ministério Público, o ex-assessor parlamentar de Sérgio Cabral, Carlos Miranda, afirmou que o ex-governador quis receber propina mesmo depois de deixar o governo. 

Miranda trabalhou com Cabral por mais de 10 anos e era conhecido como "homem da mala" do ex-governador.

De acordo com informações do G1, Cabral procurou o empresário Marco Antonio de Luca para pedir o pagamento de propina mesmo após o mandato — do qual renunciou para seu vice, Luiz Fernando Pezão (MDB), assumir.

Em troca da propina, Cabral indicou De Luca como fornecedor do comitê da Olimpíada Rio-2016. Marco Antonio de Luca é alvo da operação Ratattouille, desdobramento da Lava-Jato no Rio, na qual chegou a ser preso.“Quando o Sérgio saiu do governo, em março de 2014, é o seguinte. Ele falou ‘Marco, preciso que você continue me pagando propina. O valor aproximado era de acordo com os contratos que voce tinha’ A contribuição era direta. Foi feito um valor aproximado em cima dos contratos”, concluiu Miranda.Segundo o “homem da mala” de Cabral, o pagamento foi feito para fortalecer o faturamento do empresário e abrir oportunidade para novos negócios.

Sobre as mesadas que as empreiteiras pagavam, Miranda informou que houve um acordo fechado entre o governo e as grandes empreiteiras para realizar obras. "No caso da Odebrecht foi estipulado o valor de R$ 1 milhão. Então a Odebrecht pagou mesada de R$ 1 milhão, adiantando o valor da propina que ela ia pagar em cima do faturamento que ela ia ter com as obras no estado."

Miranda afitmou também que chegou a ir à sede da empresa pegar a senha, com o endereço para pegar o dinheiro. Ele repassava os valores ao doleiro e também delator Renato Chevar.