Cada artista tem sua cor, a de Maria Adair tem altos timbres de luz

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  • Cesar Romero

Publicado em 24 de setembro de 2018 às 05:00

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Obra de Maria Adair (foto/divulgação) Na Paulo Darzé Galeria (Corredor da Vitória) até seis de outubro, a exposição Oitenta de Maria Adair, quando comemora seus oitenta anos de vida. Nascida em Itiruçu – BA a artista através de seus trabalhos, e os escritos no belo catálogo conta sua vida pessoal e profissional. Começa na Rua Aurora, em 1938, onde nasceu e vai até os dias atuais, seguindo uma cronologia bem definida. Oitenta reúne 148 peças inéditas produzidas em 2017 e 2018. São pinturas sobre tela, madeira, mesas, cadeiras, cerâmicas, aviãozinhos, vidro e varetas, utilizando tinta acrílica, vinílica, folhas de prata e de ouro, cobre, numa mistura acertada.

Maria Adair trabalha com intensidade laboriosa, sempre firme e desafiadora. Não importa o suporte, e sim os resultados. Não improvisa, sua pintura é racional, lógica e vem do que acumulou de experiências anteriores. Esse somatório de vivências deságua em Oitenta, que apresenta uma revelação, as peças ensinam uma as outras o caminho a seguir, são guias de um mesmo criador e se nutrem de significados, nas direções que seguem, nas transformações e permutações. Maria Adair adentra em sua pintura para buscar saídas sólidas e coerentes. Um exercício de autoconhecimento e catarse. Um revirar-se pelo avesso, para o encontro de sua essência.

Sua pintura é ritmada entre linhas, que se entrelaçam, se cortam, se ajustam, disputam o espaço, deixando um fundo que se abstratiza em cor. A cor em Maria Adair tem altos timbres de luz, sabe ajustá-las com maestria, nenhuma vibra mais que as outras, quando acontece, nas raras vezes é de puro propósito. Talvez as cores que a artista tenha maior afinidade seja o verde e o azul.

Cor é luz e assim, num jogo ótico, a artista sustenta a massa cromática, que a localiza como uma pintora dos trópicos. Cor é um fenômeno fisiológico, de caráter subjetivo e individual, não é um fenômeno físico.

Cada artista tem sua cor, o que nos difere uns dos outros. Não se ensina cor é um fenômeno endógeno e único.

Nestes oitenta anos, a artista começou a produzir em 1953, e vem realizando um trabalho múltiplo, diverso e experimental, com ação através de técnicas, suportes, materiais, em pinturas em óleo, guache, aquarela, nanquim, lápis, esferográfica, acrílica, xilogravura, litogravura, gravura em linóleo, serigrafia, fotografia, esmaltes sintéticos, esmaltes cerâmicos, jato de areia, pintura fixada a vapor, aplicação de folha de ouro, prata, cobre, outros metais, pintura digital. Cria seu universo intransferível e pródigo. O trabalho autoral se impõe na diluição do momento presente. Maria Adair é ela, não mais ninguém. Única.