Caetano diz que as pessoas não percebem a importância do pagode

Artista se apresenta em Salvador no dia 5 de junho

  • D
  • Da Redação

Publicado em 15 de maio de 2009 às 08:04

- Atualizado há um ano

A coletiva era sobre o lançamento de Zii e zie, o mais novo disco de Caetano, e sobre o show do dia 5 de junho no Teatro Castro Alves, mas o artista, aos 66 anos e “apenas ‘entrando’ na velhice”, como fez questão de enfatizar, falou de muitos outros assuntos.

A concorrida entrevista estava marcada para as 17h de quinta-feira (14), mas o cantor e compositor se atrasou bastante, cerca de uma hora. Superada a saia-justa inicial, Caetano se manteve sempre de bom humor, atendendo às perguntas da imprensa por quase duas horas.

O tom só subiu mesmo quando ele foi perguntado sobre as críticas do Movimento Negro Unificado (MNU) acerca da comemoração do Bembé de Santo Amaro, ocorrida anteontem, na qual ele esteve presente.

Para o MNU, a data que deve ser comemorada é o Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro. “O Bembé é uma festa que comemora o 13 de maio desde 1889, é um marco na história. Os pretos comemoram essa data porque acham importante”.

Irritado, um dos precursores do Tropicalismo criticou a influência da cultura dos EUA no Brasil, que não cultua abolicionistas como André Rebouças e Joaquim Nabuco. “Aceitamos tudo que vemde lá semnempensar. Temos uma vontade filha da puta de sermos americanos. Imitamos o rock’n’roll, o emo, o movimento negro e o rap”.

Para Caetano, o Brasil ainda precisa de uma nova abolição, com uma melhor distribuição de renda que não passa pelo sistema de cotas raciais. “Acho ele problemático”, opinou.

Caetano também comentou sobre o pagode baiano, que tanto admira, e que está presente na introdução do novo show, com inserções de Cole na corda, do Psirico, e Tem que ser viola e Kuduro, do Fantasmão. “Gosto muito, tenho um orgulho enorme dessa nova música baiana de Carnaval. Esses grupos trouxeram de volta o samba-duro e o samba-chula mais original da Bahia”, disse.

Para o artista, as pessoas ainda não perceberam a importância deste tipo de música. “O pagode baiano é muito mais interessante do que o que eu faço”. Sobre a gravidez de Ivete Sangalo e a maternidade de Claudia Leitte (ele nem sabia da meningite que Davi, filho da cantora, teve), Caetano afirmou que ter um filho foi a melhor coisa que aconteceu para ele. “Acredito que essa fase das duas resulte numa mudança para elas”.

O show de Zii e zie chega a Salvador depois de passar por seis cidades. “Aqui sempre acontece algo diferente, mas não temnada planejado”, contou. Os ingressos para a apresentação, por R$60 e R$ 30 já estão à venda no TCA. (reportagem publicada na edição de 15 de maio de 2009 do CORREIO)