Caetano interpelará bispo que disse querer envenená-lo em missa pró-golpe de 64

Segundo revista, religioso disse que desejava dar ‘chumbinho’ a cantor por militância 

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  • Da Redação

Publicado em 3 de abril de 2019 às 13:35

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução/Revista Veja

Foto: Reprodução/Revista Veja O cantor Caetano Veloso decidiu interpelar judicialmente o bispo auxiliar, Dom José Francisco Falcão, do Ordinariado Militar do Brasil, em Brasília, por conta de uma declaração durante uma missa para comemorar o golpe de 1964.

Segundo o repórter Evandro Éboli, da coluna Radar, da revista Veja, bispo Falcão afirmou que “gostaria de dar veneno de rato” para “o imbecil” que “nos anos 70 cantou que é proibido proibir”.

O artista baiano compôs, em 1968, “Proibido Proibir”, um dos hinos da Tropicália, movimento de contracultura liderado por ele e Gilberto Gil, e que foi perseguido pelo governo ditatorial. Os cantores chegaram a ser presos, torturados e exilados durante o regime militar, que durou 20 anos.

O Ordinariado Militar é uma circunscrição eclesiástica da Igreja no Brasil, subordinada diretamente à Santa Sé.

Caetano quer que Falcão diga judicialmente quem é o imbecil. E quem é a pessoa que ele gostaria de matar com veneno de rato.

De acordo com a Veja, a missa, realizada na noite do último dia 31, em celebração ao golpe militar, contou com a presença dos generais Paulo Chagas (que disputou o governo do Distrito Federal), Rocha Paiva (que foi amigo de Ustra e integra a Comissão de Anistia) e o deputado federal do PSL general Eliéser Girão (RN), além de Joseita Brilhante Ustra, viúva do coronel Brilhante Ustra (um dos maiores torturadores do período ditatorial).

Ela chegou a ser assediada pelos presentes no início e no final da missa, e fez elogios ao governo Bolsonaro em uma dessas conversas. “Ele está indo muito bem”, diz a reportagem da Veja.

Outro lado No final da celebração, na Paróquia Militar de São Miguel Arcanjo, o bispo chamou ao altar oficiais que obtiveram promoção recentemente. Falcão negou que a missa estivesse comemorando o golpe, mas sim a promoção dos novos oficiais do Exército.