Café na BR 324 tem 350 itens de gulodices: rabada, sarapatel e pão quentinho

Banquete à beira da estrada, o café Maria Antonia tem buffet variado e cheio de delícias

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  • Linda Bezerra

Publicado em 22 de setembro de 2019 às 06:04

- Atualizado há um ano

. Crédito: (FOTO: Sora Maia/CORREIO)

O que faz uma pessoa comer sarapatel ou rabada às 6h da manhã e arrematar a extravagância com uma coca-cola? Pode ser que ela tenha virado a noite dirigindo e precise repor as energias para seguir na estrada; que não tenha jantado ou, simplesmente, não consiga segurar a gula, ao se deparar com tanta comida. A carne solta do osso de tão macia  (FOTO:Sora Maia/CORREIO) Fato é que para muita gente não é fácil se controlar diante de um apetitoso e variado buffet de comida a quilo (R$ 58). Mesmo sem fome, como ficar indiferente a mesas repletas de pães frescos, bolos fofinhos, queijos, doces, embutidos, carnes, sucos, frutas e ensopados? O café da manhã do restaurante Maria Antônia, à beira da BR 324, é pura fartura: são 350 itens, organizados em quatro bancadas. A dúvida é escolher o que comer e quanto, seja qual for a hora.

Quem não? Era pouco mais das 9h da manhã de uma sexta-feira e, sem culpa, Dona Neuza, com mais de 70 anos, batia um prato de sarapatel no charmoso café, nas imediações de Candeias. “A alegria de um diabético é comer de tudo”, nos disse às gargalhadas. “Não adianta correr, minha filha, já vivi muito”, completa feliz e resignada.   O médico que ouvia a conversa da mesa ao lado nem piscou. Estava concentrado em seu prato com três tipos de bolos e um ovo de quintal estrelado sobre a farofa de carne do sol. As misturas são mesmo esdrúxulas porque cedem à vontade.

Para muitos, o negócio é se entregar mesmo, perder a compostura. O que dizer do mix rabada, costela, gorgonzola e bolo de chocolate? “Ah, não quero voltar no buffet muitas vezes, o doce está do ladinho do prato e como por último”, argumentou, meio escabreado, um dos viajantes. No buffet tem pelo menos 12 tipos de bolos, um dos melhores é o de aipim caramelizado (FOTO: Angeluci Figueiredo/CORREIO) A espionagem pelas mesas do imenso salão revela mais do que só a vontade de comer. Gente de diferentes culturas cruza a estrada e faz um pit stop emocional no Maria Antonia, como um mineiro de Belo Horizonte que matava a saudade de casa devorando um pão de queijo quentinho.  

Iguaria Um dos itens mais disputados do buffet é o pão rústico, esquentado com manteiga na chapa, uma unanimidade nacional. Vera Rodrigues, proprietária do Café, herdou a receita da família e conta que a massa descansava em saco de pano por dias. Totalmente artesanal, o pão é sovado à mão. Muitos clientes compram dúzias e vão beliscando estrada afora. A iguaria raramente sobrevive até as 11h, quando as mesas são desmontadas para a vez do almoço. Enfiar o pé na jaca não é a única opção. O menu atende a todos os gostos: na parte mais light há pelo menos 4 tipos de frutas, coalhada, linhaça, mel, cereais integrais, açúcar mascavo, aveia e cacau em pó. Haila Rodrigues, uma das herdeiras, lançou recentemente uma linha de bolos e pães mais magra, sem lactose e zero açúcar. Um dos itens mais cobiçados, o pão artesanal é assado na chapa com manteiga (FOTO: Sora Maia/CORREIO) Mas o dilema está nas outras bancadas, que formam um quadrado, no grande salão. É uma ostentação de sabores. Biscoito avoador, pães e geleias ficam lado a lado com os bolos - cerca de 12 sabores-, todos os dias. Um dos melhores é o de aipim caramelado. Nos itens quentes, outras tentações: refogado de carneiro, vaca atolada das melhores e os já citados sarapatel e rabada.

Decoração retrô Perto de tanta comida afetiva, todos se sentem em casa, percepção reforçada pela decoração retrô. Geladeiras da década de 50, máquinas de escrever, canecas de bolinhas, tudo traz lembranças. As peças são garimpadas por Vera, que circula o mundo. Depois de reunir muita quinquilharia ela precisou montar um antiquário, ainda mais porque tinha sempre um cliente querendo comprar alguma peça. Daí nasceu a Ferro de Passar, montada ao lado, uma viagem no tempo.

Na loja, três senhoras param em frente às bonecas de pano, chamadas de catarinas, e ficaram a tecer as memórias de infância, enquanto esperavam a refeição. “A gente desfiava os panos pretos para os cabelos”, relembraram encantadas. Mas voltando à comida, o banquete à beira da BR é para os fortes. E a grande pergunta sem resposta é: como dirigir o carro depois de se esbaldar?

A essa altura, vocês devem estar curiosíssimos para saber o que comi. A fotógrafa Sora Maia registrou: dois ovos fritos de gema mole, pães de queijo, um pedacinho de rabada, farofa de carne do sol e o tal pão artesanal (que pão!).  O resto do dia foi de luta por uma rede. Aliás, falta esse item no lugar, o único porém. (FOTO: Sora Maia/CORREIO) O prato em construção registra a gula: dois ovos fritos, rabada e farofa de carne do sol (FOTO: Sora Maia/CORREIO) Serviço Maria Antônia Café e Restaurante Endereço: BR-324, s/n, Distrito Industrial de Candeias  Funcionamento: Diariamente das 6h às 14h30  Contato: (71) 3121-3535