Caito Maia, criador da Chilli Beans, diz que pandemia é momento de oportunidade

Para empresário, empreendedores não deve ficar atentos só à tecnologia, mas a negócios tradicionais

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  • Roberto Midlej

Publicado em 19 de abril de 2021 às 21:47

- Atualizado há um ano

. Crédito: reprodução Instagram

O empresário Caito Maia, criador da rede Chilli Beans, conversou ontem com Joca Guanaes no Sgeundou, no Instagram do CORREIO. A empresa fundada em 1997 vende óculos e relógios em lojas e quiosques do Brasil e países como EUA, Portugal, México e Chile.

Apesar da crise que atinge o mundo em razão da pandemia, Caito encorajou o brasileiro a abrir negócios."Temos lojas em diversos países, mas nenhum país me dá oportunidades como o Brasi, nenhum país tem tantos caminhos ainda não explorados como o Brasil. Nenhum país tem esse tamanho gigantesco, em que há vários países dentro de um país".Para o empresário, esse é um momento de oportunidade porque, segundo ele, as pessoas estão mais sensíveis às mensagens e informações que as marcas oferecem.

Mas Caito reconheceu que foi no início da pandemia que viveu o momento mais difícil da sua história como empresário: março do ano passado, mais precisamente no aniversário dele, dia 25. "Dia do meu aniversário. Foi quando fecharam tudo, tive 900 lojas fechadas. Achei que ia perder tudo que eu tinha. Sou venda física, mas somos brasileiros e temos jogo de cintura".

Caito falou sobre as oportunidades de mercado, inclusive durante a pandemia. Para ele, as pessoas devem ficar atentas a oportunidades às vezes ligadas a áreas tradicionais e não somente à tecnologia: "Tem uma coisa que me preocupa muito. No Shark Tank [programa de TV onde grande empresários recebem propostas de se tornar sócios de novos e pequenos negócios], os projetos oferecidos são, com muita frequência, relacionados a tecnologia. E aí as pessoas esquecem de alguns setores, às vezes que estão na frente delas, que são fortes pra caramba, mas que estão velhos. Um exemplo é a barbearia. Deixaram a barbearia com glamour, deixaram uma coisa linda, estilosa. Rejuvenesceram e botaram pra quebrar".

Em seguida, citou a padaria como uma oportunidade de negócio neste momento: "Padaria podia ter planta, coisa sem glúten, uma nutricionista para mostrar as opções... pão é um tesão, né? Mas é 'velho'. Então, tem um monte de oportunidade que está na nossa cara e as pessoas não veem, mas quem vê está bombando".

Caito comentou a tendência de home office, que surgiu na pandemia, mas ele tem restrições ao trabalho exclusivamente em casa: "Eu acredito num equilíbrio e fui criticado por isso. Fui chamado de velho. Mas vi hoje que o Google acabou o home office. A-ca-bou!". Para o empresário o 'papo de corredor' na empresa tem um papel importante: é ali que as pessoas conversam, ao contrário do que ocorre no trabalho em casa, em que, depois que uma reunião termina, cada um desliga o computador e não conversa mais, ao contrário do que ocorreria no trabalho presencial.

Questionado sobre pessoas que o inspiram, o empresário disse que, embora admire, por exemplo, Steve Jobs [cofundador da Apple] e Elon Musk [da tesla, que fabrica carros elétricos], eles não são seus 'heróis'. Meus heróis, por outro lado, tem a ver com música, arte e cinema. David Lynch [cineasta]me inspira. David Bowie tem discurso, rebeldia, música... foi impecável, não era um ser humano". Também fez elogios a Carlinhos Brown: "Tem um conceito de moda absurdo, e trouxe diversidade rítmica".