Caminho perigoso: coleira enforcadora pode trazer riscos ao seu cão

O instrumento é facilmente encontradp em pet shops e lojas de animais

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  • Giuliana Mancini

Publicado em 18 de setembro de 2018 às 09:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Shutterstock/Reprodução

Enforcador. Esse nome te assusta? Não tem problema, podemos chamar de coleira de obediência. Ou até de guia unificada. Os três instrumentos partem do mesmo princípio.

E esqueça aquele modelo de metal assustador - ou, pior ainda, aquele recheado de espinhos. A bola da vez para esses equipamentos é o uso de materiais mais leves, como o nylon, e em estampas e cores alegres e fofas. Siga o Bazar nas redes sociais e saiba das novidades de gastronomia, turismo, moda, beleza, decoração e pets: Rebatizados  em novas versões, é possível ficar até tentado em testar uma dessas coleiras. Mas, cuidado! “O enforcador pode resultar em traumas no cão, tanto físicos quanto psicológicos”, avisa a médica veterinária Miucha Furtado, do HPet - Hospital Veterinário. Mas, afinal, o que seria o enforcador? 

É um tipo de coleira, utilizado, principalmente,  em adestramentos de cães. “A diferença para a versão comum é que o equipamento segue livre, como uma correia. Ele continua apertando enquanto o cachorro puxar. Você o coloca no pescoço do cão e, toda vez que ele estiver puxando, para um lado ou outro, aquilo apertará na mesma proporção”, explica a adestradora Paula Maiana. O enforcador vai apertando na mesma medida em que o cão puxar (Foto: Shutterstock/Reprodução) “Eles são muito usados em adestramentos tradicionais com submissão, com o objetivo de desestimular o cão a fazer algo errado. Ou para ensinar comandos de obediência”, completa Marco Maynart, especialista da PCS - Adestramento de Cães Salvador. 

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Complicado O equipamento, porém, pode causar grandes problemas, como já adiantou Miucha.  “Em uma condição mais corriqueira, ele pode levar a um princípio de asfixia”, relata.

“O cão também pode ficar mais ansioso e/ou mais irritado, aumentando seu nível de estresse”. E não acabou: “Seu uso aumenta a pressão intraocular, desencadeando problemas oftálmicos no futuro, lesões na traqueia e lesões cervicais, e lesão em tireoide, sendo apontado como uma possível causa do hipotireoidismo”, diz a médica veterinária Tatiana Feuchard. Segundo a médica, este tipo de equipamento pode até aumentar o estresse do bicho (Foto: Reprodução/Shutterstock) Assim, sua utilização requer cuidados redobrados. “Não  pode deixar, nunca, seu cão sozinho com o enforcador - ou ele pode se prender e acabar se asfixiando”, lembra a médica veterinária Flávia Uzeda. 

Outro ponto importante é o tipo de cão que irá usar aquele instrumento. “Geralmente, evita-se aplicá-lo em animais micro, como o spitz alemão anão (também chamado de Lulu da Pomerânia) e o chihuahua”, fala Flávia. Segundo ela, esses cachorros possuem a traqueia mais sensível e qualquer trauma pode ser complicado para o bicho.  O uso do instrumento é contraindicado no caso de cães como o spitz alemão anão (Foto: Shutterstock/Reprodução) “Também não deve ser utilizado em cães braquicefálicos (aqueles de focinho achatado, como pugs, bulldogs francês e inglês e shih tzu, entre outros). Eles, pelas suas anatomias, já têm dificuldade em respirar e o uso de enforcadores pode piorar”, segue. Cães de cara achatada, como o pug, também não devem usar o enforcador (Foto: Shutterstock/Reprodução) Com tantas complicações, o enforcador está cada vez mais em desuso, mesmo em adestramentos. Na PCS, por exemplo, Marco defende o uso de “equipamentos que nao lesionem a região do pescoço no manejo de cães”. 

Paula também é a favor da aposentadoria dos instrumentos. “Eu não uso mais. Já usei antigamente, quando seguia uma linha de bronca. Mas aprendi com cursos e experiências que, muitas vezes, esse tipo de comportamento acaba traumatizando o cão e você não resolve o problema”.  De acordo com Paula, a linha da 'bronca' pode não resolver o problema do cachorro (Foto: Shutterstock/Reprodução) “Só acho o enforcador muito bom como uma ‘coleira de segurança’, junto com sua outra coleira de escolha - por exemplo, a peitoral -, para ter a certeza que o cachorro não escapará”, fala Paula. “Eu uso mais a peitoral educativa, que, em vez de puxar pelas costas, ela acaba puxando pela frente, entre as escápulas. Então, toda vez que o cachorro tenta puxar, ele acaba perdendo o equilíbrio e andará para o lado. Ela resolve 80% desses problemas”.  

O uso de peitorais também é recomendado por Tatiana. “Indico pois eles não trazem a sensação de enforcamento, além de existirem diferentes tipos adequados ao temperamentos de cães”. Há vários tipos de peitoral no mercado (Foto: Shutterstock/Reprodução) Para o caso de animais muito grandes, a adestradora também é fã do cabresto (chamado também de coleira de cabeça ou headcollar). “Com ele, você consegue ter o controle maior de um cão que pesa 60kg, por exemplo. Fica bem mais tranquilo”. De acordo com Flávia, a opção seria, de fato, melhor que o enforcador. “Principalmente para os cães mais desatentos e que precisam ficar mais focados”.

Tipos de equipamentos para os cachorros

Enforcador: O modelo não possui travas - ou seja, se o cachorro puxar, a coleira diminui e ele sentirá  dor. Quando o item vem com a guia, é chamado de guia unificada. O enforcador canino (Foto: Shutterstock/Reprodução)  Coleira: Na versão comum, o modelo possui uma trava, se mantendo sempre em um tamanho fixo . Também pode  ser usado como decorativo, com a plaquinha de informações do cão. A coleira comum (Foto: Shutterstock/Reprodução)  Peitoral: É uma das versões mais utilizadas hoje em dia.  O modelo comum traz a argola para atar a guia nas costas. Há também a opção easy walk, com a argola na frente do peito. Um dos modelos de peitoral para cães (Foto: Shutterstock/Reprodução)  Coleira de cabeça: Fica presa no focinho e na cabeça. Diferente da focinheira (usada para previnir mordidas e ataques), nessa, o cão consegue abrir a boca, podendo beber água e se alimentar. A coleira de cabeça (Foto: Shutterstock/Reprodução)