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Campeão mundial, Henrique Avancini se transforma em alvo


 

Antes caçador, carioca será perseguido por adversários a partir do Brasil Ride, que começa domingo (21)

  • Ivan Dias Marques

Publicado em 20/10/2018 às 10:00:00
Atualizado em 19/04/2023 às 01:21:06
. Crédito: Red Bull Content Pool/Divulgação

O ditado diz que um dia é da caça e outro do caçador. Mas, para Henrique Avancini, foram muitos dias como caçador. Após ser campeão mundial de mountain bike maratona em setembro, na Itália, o número 2 no ranking mundial experimentará uma nova sensação a partir de domingo (21), em Arraial D’Ajuda, no Sul do estado, onde acontece o Brasil Ride 2018, maior competição do esporte na América Latina.

“Você passa a ser um atleta que agrega a qualquer atleta quando ele te vence, então, te miram com mais agressividade. Qualquer atleta tem um desejo muito maior de vencer um campeão mundial do vencer que outro atleta. Algo que tenho eu passar a lidar. Vai ser uma experiência nova no Brasil Ride como campeão mundial e quero ver como vou me sair nesse novo cenário”, analisa Avancini, por telefone, em entrevista ao CORREIO. 

O carioca de 29 anos venceu a prova em 2013 e 2017. O Brasil Ride conta com mais 500 atletas em sete dias de competição entre Arraial e Guaratinga, com 600km e quase 11 mil metros de altimetria acumulados em estradas de terra e trilhas. Neste ano, Avancini estará ao lado do alemão Manuel Fumic na sua equipe. 

A dupla é favorita, ainda mais que o checo Jaroslav Kulhavy - campeão olímpico em Londres 2012 - e o americano Howard Groots cancelaram a participação por conta de lesões. O Brasil Ride será a primeira competição de Avancini como campeão mundial. Para chegar ao topo, ele precisou fazer uma reflexão não muito comum em atletas. 

“Reconheci que eu não tinha uma capacidade natural tão grande, não tinha um talento natural tão expressivo pra ser um top mundial. Comecei a trabalhar mais e me abrir muito para as experiências que aconteciam. Quando eu errava na minha preparação, tinha uma lesão, performava mal numa prova e dava errado, sempre tirava isso como uma lição e não como uma frustração. Acho que foi a principal diferença para eu ter evoluído tanto”, diz.  Henrique com a medalha de campeão mundial e a camisa especial que usará em competições internacionais (Foto: Fabio Piva/Red Bull Content Pool/Divulgação) Tóquio Nos Jogos Olímpicos do Rio-2016, Avancini esteve na 4º colocação, mas acabou se lesionando e terminando em 23º lugar. Para Tóquio-2020, o objetivo é outro. “Você não constrói seu resultado nos Jogos Olímpicos. Lá, você larga e tem uma oportunidade. Às vezes, um simples furo no pneu, uma queda, vai te tirar de um resultado. Meu foco maior é cada vez consolidar mais meu nível como um atleta que vai alinhar nos Jogos Olímpicos como um candidato claro a medalha. Mais do que me concentrar num dia, é me concentrar no processo”. 

Brincadeira O Brasil Ride desse ano terá uma novidade. É o Red Bull Zera o Pico. O primeiro ciclista - dentro de cada categoria - que concluir um percurso especial de 1,7 km sem colocar os pés no chão será o vencedor. “No mountain bike tem muito dessa cultura, de zerar um pico, sem pedalar. É uma brincadeira da gente, mas, com certeza, vou levar a sério”, se diverte.