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Campo de futebol e academia: a estrutura particular de Talisca para manter a forma na Bahia


 

Jogador do Guangzhou Evergrande não tem previsão de retorno à China

  • Daniela Leone

Publicado em 09/04/2020 às 05:00:00
Atualizado em 21/04/2023 às 01:51:05
. Crédito: Arquivo Pessoal

O campo de futebol particular da casa que mantém em Lauro de Freitas já não supri a saudade dos gramados. Anderson Talisca está há mais de quatro meses sem disputar uma partida oficial. “Tá complicado. Jogador gosta de jogo, de bola rolando. Tenho um campinho que brinco e treino em casa, mas nada pode se comparar aos 90 minutos de jogo à vera", disse o jogador do Guangzhou Evergrande, da China, ao CORREIO. "Tô com bastante saudade, mas sei que as coisas acontecem no tempo de Deus e logo estarei de volta com o fim da pandemia”, completou.

O meia-atacante revelado pelo Bahia está no Brasil desde fevereiro, quando foi liberado pelo Guangzhou Evergrande após a pré-temporada em Dubai por causa do novo coronavírus. A Super Liga Chinesa, primeira divisão do futebol nacional, começaria no dia 21 do mesmo mês, mas está suspensa por tempo indeterminado devido a pandemia iniciada no país asiático. A última partida do atual campeão chinês foi em 1º de dezembro do ano passado, quando venceu o Shanghai Shenhua por 3x0. 

Com o contágio da Covid-19 sob maior controle na China, o Guangzhou Evergrande retomou os treinamentos na semana passada, mas a tendência é que o campeonato não tenha início no final de abril, como era previsto. A Administração Geral do Esporte da China emitiu um comunicado oficial no último dia 31 em que cita a federação de futebol e informa que eventos esportivos "não serão retomados por enquanto".

Com o objetivo de evitar o retorno do contágio comunitário do coronavírus, a China fechou suas fronteiras do dia 27 para 28 de março. Atualmente, nenhum estrangeiro pode entrar na China, mesmo que tenha visto de trabalho ou residência fixa no país. A medida é por tempo indeterminado. Atletas como Oscar e Hulk, que atuam no Shanghai SIPG, conseguiram desembarcar no país asiático em voo fretado 10 minutos antes do fechamento das fronteiras

Assim como Paulinho, Roger Guedes, Renato Augusto e outros atletas, Talisca não conseguiu voltar à China a tempo e segue na Bahia. Orientado pelo Guangzhou Evergrande a não falar sobre a pandemia do novo coronavírus e assuntos relacionados a ela, Talisca se limita a contar como esses dois meses na companhia da família estão fazendo bem a ele.

“Com certeza ficar com a família é maravilhoso e confortável. Sempre que posso estou por aqui no Brasil, nunca é demais ter as pessoas que ama por perto. A gente que joga fora nem está tão acostumado com tanto tempo de 'férias'", diz o jogador, que é pai de Samuel Davi e Maria Laura. Antes de chegar ao futebol chinês, Talisca defendeu o Benfica, de Portugal, e o Besiktas, da Turquia."Sabemos que é algo passageiro, não foi nada planejado e a gente tá seguindo as orientações das autoridades de saúde no mundo todo", afirmou o jogador.Ele torce para que o Guangzhou Evergrande consiga um visto especial para que possa voltar. Na temporada passada, Talisca vestiu a camisa do time chinês em 27 jogos e marcou 16 gols.

Enquanto não tem data confirmada para retornar à China, Anderson Talisca segue treinando diariamente para manter a forma física. Ele é orientado por uma equipe fixa de profissionais aqui da Bahia que conta com educador físico, nutricionista, médico e fisioterapeuta. “Estão me ajudando. São todos os braços importantes para manter a forma o melhor possível. Contribuem muito para que eu fique bem e não sinta tanto por esse período sem jogar”. Além disso, a casa que mantém em um condomínio fechado em Lauro de Freitas tem estrutura que permite não apenas trabalhar o condicionamento físico, mas também aprimorar os fundamentos técnicos. O espaço conta com campo gramado, vestiário, sauna, além de salas de musculação e fisioterapia.

Quando não está treinando, Talisca aproveita o tempo livre durante a pandemia para se divertir cantando e tocando instrumentos. Depois de desfilar em trio independente com a banda Swing do T10, no Campo Grande, durante o Carnaval de Salvador deste ano, o jogador segue metendo música no estúdio que construiu em casa. A diferença é que, por conta do isolamento social, não pode fazer ensaios com os músicos, mas dá pra praticar um bocado. 

“Música sempre foi um desejo grande e batalhei muito pra poder ter condições de montar um negócio nessa área. Fico feliz pelo carinho da galera e tô estudando, treinando muito pra melhorar e evoluir como precisamos fazer em qualquer área da nossa vida”, vibra.

Com a bola nos pés ou microfone na mão, Talisca espera a pandemia passar para voltar a ser protagonista dentro das quatro linhas. "O coronavírus veio pra tirar todo mundo das suas programações normais. Espero que a minha volte logo, porque tô com saudade de jogar”.